26 de fev. de 2011

Perseguição ao presidente Lula continua. MPF quer cassá-lo.



O MPF/DF (Ministério Público Federal do Distrito Federal) entrou com uma ação na Justiça contra o presidente Lula e o ex-ministro da Previdência Social Amir Lando (PMDB), alegando improbidade administrativa. Pede a cassação dos direitos políticos de Lula.

A razão da denúncia foi uma carta enviada aos segurados da previdência social em 2004, notificando que o empréstimo consignado estava disponível a juros baixos.

A ação do ministério público tem 64 páginas e é recheada de juridiquês, mas alguns argumentos parecem absurdos até para leigos.

Para o Ministério Público não havia interesse público na postagem das correspondências. Ora, para os milhões de aposentados que só tinham linha de crédito a juros de 10% mês ou mais, saber que tem direito a uma linha de crédito de 2% ao mês, não é interesse público? Absurdo esse argumento.

Outro argumento é a surrada tese de beneficiamento ao banco BMG (a mesma utilizada no processo do chamado "mensalão") por mera "coincidência de datas". Mas a própria denuncia do MPF se contradiz, pois a carta não faz qualquer menção a nome de nenhum banco, e afirma que as postagens iniciaram após o dia 8 de outubro de 2004 e se estenderam até dezembro de 2004.

Em 8 de outubro, a Caixa Econômica Federal já oferecia o crédito consignado, e não apenas o BMG. Em 20 de outubro, quando as primeiras cartas deveriam estar chegando, os bancos Cruzeiro do Sul, Cacique e Bonsucesso assinaram convênio com o INSS, concorrendo com o BMG. No mês de novembro, enquanto outro lote de cartas era expedido, mais 3 bancos tornaram-se conveniados. Então não tem cabimento dizer que as cartas foram para beneficiar o BMG.

Outra contradição no processo, é acusar o então presidente de fazer propaganda pessoal porque as cartas vieram subscritas com seu nome. Mas no próprio texto da ação do MPF diz que não houve contrato aprovado entre o Ministério da Previdência e DATAPREV (estatal de processamento de dados do próprio Ministério, que imprimiu e expediu as cartas), pelo contrário houve contestação, e até cancelamento da remessa final. A impressão e postagem foi decidida informalmente através de meros memorandos entre funcionários do terceiro escalão para baixo. Ora, então como responsabilizar o então presidente por atos administrativos de terceiros, usando seu nome, mas que ele não assinou e não tem nenhum contrato que tenha passado pelo crivo jurídico da Advocacia Geral da União?

É provável que, por falta de fundamento, Lula seja excluído da ação ou, na pior das hipóteses, absolvido ao final do processo. Mas já não chega o papelão do Ministério Público durante as eleições, fazendo umas denúncias com base em testes de hipóteses, com recortes de jornais, sem a devida fundamentação?

A nota do MPF está aqui, e íntegra da ação pode ser lida aqui.

Do Construindo um Novo horizonte 

25 de fev. de 2011

Workshop com o guitarrista Andreas Kisser

Andreas Kisser, guitarrista da banda Sepultura ( uma das mais cultuadas bandas brasileiras no exterior) e crítico de música, comandará um dos maiores eventos de música de São Paulo, Workshop Guitarrista. 

No evento, que acontecerá no próximo dia 13, no Teatro Tupec do Centro Cultural em Mogi Mirim, Kisser ensinará técnicas de guitarra e falará sobre as suas experiências no mundo da música desde o início de sua carreira.      

Kisser, juntamente com os irmãos Cavallera e Paulo Jr., fizeram história ao sair de Minas Gerais para tocar nos quatro cantos do globo, transformando o Sepultura na banda brasileira de maior repercussão no mundo.

Com 43 anos de idade, o músico já dividiu palco com os principais astros do rock mundial, destacando-se, entre eles, Ozzy Osbourne, Deep Purple, Metallica, Scorpions e muitos outros. Kisser também atua em composições para o cinema, tais como a trilha sonora do longa “No Coração dos Deuses”, filme de 1999 dirigido por Geraldo Moraes, e do filme “Bellini e a Esfinge”, inspirado no livro de Tony Belloto, dos Titãs.    

O Workshop com Andreas Kisser será a primeira atração do Projeto Sintonia do Rock II, que ainda deve realizar um grande show com importantes bandas do rock brasileiro, previsto para o próximo mês de agosto.       

O início do evento está marcado para as 18h. Os ingressos (limitados) já estão à venda e custam R$ 10. Pontos de vendas e mais informações sobre o workshop através do fone

Com informações do Portal Mogi Guaçu

Serviço:

Evento: Workshop Guitarrista
Quando: 13.03.2011
Onde: Teatro Tupec - Centro Cultural de  Mogi Mirim
Quanto: R$ 10,00

Mais informações: tel.: 11-3831-3186/ 6201-0232

20 de fev. de 2011

A PISADA NA BOLA DO ZIRALDO.

Carta Aberta ao Ziraldo
                             por Ana Maria Gonçalves



Caro Ziraldo,
Olho a triste figura de Monteiro Lobato abraçado a uma mulata, estampada nas camisetas do bloco carnavalesco carioca "Que merda é essa?" e vejo que foi obra sua. Fiquei curiosa para saber se você conhece a opinião de Lobato sobre os mestiços brasileiros e, de verdade, queria que não. Eu te respeitava, Ziraldo. Esperava que fosse o seu senso de humor falando mais alto do que a ignorância dos fatos, e por breves momentos até me senti vingada. Vingada contra o racismo do eugenista Monteiro Lobatoque, em carta ao amigo Godofredo Rangel, desabafou: "(...)Dizem que a mestiçagem liquefaz essa cristalização racial que é o caráter e dá uns produtos instáveis. Isso no moral – e no físico, que feiúra! Num desfile, à tarde, pela horrível Rua Marechal Floriano, da gente que volta para os subúrbios, que perpassam todas as degenerescências, todas as formas e má-formas humanas – todas, menos a normal. Os negros da África, caçados a tiro e trazidos à força para a escravidão, vingaram-se do português de maneira mais terrível – amulatando-o e liquefazendo-o, dando aquela coisa residual que vem dos subúrbios pela manhã e reflui para os subúrbios à tarde. E vão apinhados como sardinhas e há um desastre por dia, metade não tem braço ou não tem perna, ou falta-lhes um dedo, ou mostram uma terrível cicatriz na cara. “Que foi?” “Desastre na Central.” Como consertar essa gente? Como sermos gente, no concerto dos povos? Que problema terríveis o pobre negro da África nos criou aqui, na sua inconsciente vingança!..." (em "A barca de Gleyre". São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1944. p.133).
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Ironia das ironias, Ziraldo, o nome do livro de onde foi tirado o trecho acima é inspirado em um quadro do pintor suíço Charles Gleyre (1808-1874), Ilusões Perdidas. Porque foi isso que aconteceu. Porque lendo uma matéria sobre o bloco e a sua participação, você assim o endossa : "Para acabar com a polêmica, coloquei o Monteiro Lobato sambando com uma mulata. Ele tem um conto sobre uma neguinha que é uma maravilha. Racismo tem ódio. Racismo sem ódio não é racismo. A ideia é acabar com essa brincadeira de achar que a gente é racista". A gente quem, Ziraldo? Para quem você se (auto) justifica? Quem te disse que racismo sem ódio, mesmo aquele com o "humor negro" de unir uma mulata a quem grande ódio teve por ela e pelo que ela representava, não é racismo? Monteiro Lobato, sempre que se referiu a negros e mulatos, foi com ódio, com desprezo, com a certeza absoluta da própria superioridade, fazendo uso do dom que lhe foi dado e pelo qual é admirado e defendido até hoje. Em uma das cartas que iam e vinham na barca de Gleyre (nem todas estão publicadas no livro, pois a seleção foi feita por Lobato, que as censurou, claro) com seu amigo Godofredo Rangel, Lobato confessou que sabia que a escrita "é um processo indireto de fazer eugenia, e os processos indiretos, no Brasil, 'work' muito mais eficientemente".
Lobato estava certo. Certíssimo. Até hoje, muitos dos que o leram não vêem nada de errado em seu processo de chamar negro de burro aqui, de fedorento ali, de macaco acolá, de urubu mais além. Porque os processos indiretos, ou seja, sem ódio, fazendo-se passar por gente boa e amiga das crianças e do Brasil, "work" muito bem. Lobato ficou frustradíssimo quando seu "processo" sem ódio, só na inteligência, não funcionou com os norte-americanos, quando ele tentou em vão encontrar editora que publicasse o que considerava ser sua obra prima em favor da eugenia e da eliminação, via esterilização, de todos os negros. Ele falava do livro "O presidente negro ou O choque das raças" que, ao contrário do que aconteceu nos Estados Unidos, país daquele povo que odeia negros, como você diz, Ziraldo, foi publicado no Brasil. Primeiro em capítulos no jornal carioca A Manhã, do qual Lobato era colaborador, e logo em seguida em edição da Editora Companhia Nacional, pertencente a Lobato. Tal livro foi dedicado secretamente ao amigo e médico eugenista Renato Kehl, em meio à vasta e duradoura correspondência trocada pelos dois: “Renato, tu és o pai da eugenia no Brasil e a ti devia eu dedicar meu Choque, grito de guerra pró-eugenia. Vejo que errei não te pondo lá no frontispício, mas perdoai a este estropeado amigo. (...) Precisamos lançar, vulgarizar estas idéias. A humanidade precisa de uma coisa só: póda. É como a vinha".
Impossibilitado de colher os frutos dessa poda nos EUA, Lobato desabafou com Godofredo Rangel: "Meu romance não encontra editor. [...]. Acham-no ofensivo à dignidade americana, visto admitir que depois de tantos séculos de progresso moral possa este povo, coletivamente, cometer a sangue frio o belo crime que sugeri. Errei vindo cá tão verde. Devia ter vindo no tempo em que eles linchavam os negros." Tempos depois, voltou a se animar: "Um escândalo literário equivale no mínimo a 2.000.000 dólares para o autor (...) Esse ovo de escândalo foi recusado por cinco editores conservadores e amigos de obras bem comportadas, mas acaba de encher de entusiasmo um editor judeu que quer que eu o refaça e ponha mais matéria de exasperação. Penso como ele e estou com idéias de enxertar um capítulo no qual conte a guerra donde resultou a conquista pelos Estados Unidos do México e toda essa infecção spanish da América Central. O meu judeu acha que com isso até uma proibição policial obteremos - o que vale um milhão de dólares. Um livro proibido aqui sai na Inglaterra e entra boothegued como o whisky e outras implicâncias dos puritanos". Lobato percebeu, Ziraldo, que talvez devesse apenas exasperar-se mais, ser mais claro em suas ideias, explicar melhor seu ódio e seu racismo, não importando a quem atingiria e nem por quanto tempo perduraria, e nem o quão fundo se instalaria na sociedade brasileira. Importava o dinheiro, não a exasperação dos ofendidos. 2.000.000 de dólares, ele pensava, por um ovo de escândalo. Como também foi por dinheiro que o Jeca Tatu, reabilitado, estampou as propagandas do Biotônico Fontoura.
Você sabe que isso dá dinheiro, Ziraldo, mesmo que o investimento tenha sido a longo prazo, como ironiza Ivan Lessa: "Ziraldo, o guerrilheiro do traço, está de parabéns. Finalmente o governo brasileiro tomou vergonha na cara e acabou de pagar o que devia pelo passe de Jeremias, o Bom, imortal personagem criado por aquele que também é conhecido como “o Lamarca do nanquim”. Depois do imenso sucesso do calunguinha nas páginas de diversas publicações, assim como também na venda de diversos produtos farmacêuticos, principalmente doenças da tireóide, nos idos de 70, Ziraldo, cognominado ainda nos meios esclarecidos como “o subversivo da caneta Pilot”, houve por bem (como Brutus, Ziraldo é um homem de bem; são todos uns homens de bem – e de bens também) vender a imagem de Jeremias para a loteca, ou seja, para a Caixa Econômica Federal (federal como em República Federativa do Brasil) durante o governo Médici ou Geisel (os déspotas esclarecidos em muito se assemelham, sendo por isso mesmo intercambiáveis)".
No tempo em que linchavam negros, disse Lobato, como se o linchamento ainda não fosse desse nosso tempo. Lincham-se negros nas ruas, nas portas dos shoppings e bancos, nas escolas de todos os níveis de ensino, inclusive o superior. O que é até irônico, porque Lobato nunca poderia imaginar que chegariam lá. Lincham-se negros, sem violência física, é claro, sem ódio, nos livros, nos artigos de jornais e revistas, nos cartoons e nas redes sociais, há muitos e muitos carnavais. Racismo não nasce do ódio ou amor, Ziraldo, sendo talvez a causa e não a consequência da presença daquele ou da ausência desse. Racismo nasce da relação de poder. De poder ter influência ou gerência sobre as vidas de quem é considerado inferior. "Em que estado voltaremos, Rangel," se pergunta Lobato, ao se lembrar do quadro para justificar a escolha do nome do livro de cartas trocadas, "desta nossa aventura de arte pelos mares da vida em fora? Como o velho de Gleyre? Cansados, rotos? As ilusões daquele homem eram as velas da barca – e não ficou nenhuma. Nossos dois barquinhos estão hoje cheios de velas novas e arrogantes, atadas ao mastro da nossa petulância. São as nossas ilusões". Ah, Ziraldo, quanta ilusão (ou seria petulância? arrogância; talvez? sensação de poder?) achar que impor à mulata a presença de Lobato nessa festa tipicamente negra, vá acabar com a polêmica e todos poderemos soltar as ancas e cada um que sambe como sabe e pode. Sem censura. Ou com censura, como querem os quemerdenses. Mesmo que nesse do Caçadas de Pedrinho a palavra censura não corresponda à verdade, servindo como mero pretexto para manifestação de discordância política, sem se importar com a carnavalização de um tema tão dolorido e tão caro a milhares de brasileiros. E o que torna tudo ainda mais apelativo é que o bloco aponta censura onde não existe e se submete, calado, ao pedido da prefeitura para que não use o próprio nome no desfile. Não foi assim? Você não teve que escrever "M*" porque a palavra "merda" foi censurada? Como é que se explica isso, Ziraldo? Mente-se e cala-se quando convém? Coerência é umaquestão de caráter.
ziraldo_direitos_humanos.jpgO que o MEC solicita não é censura. É respeito aos Direitos Humanos. Ao direito de uma criança negra em uma sala de aula do ensino básico e público, não se ver representada (sim, porque os processos indiretos, como Lobato nos ensinou, "work" muito mais eficientemente) em personagens chamados de macacos, fedidos, burros, feios e outras indiretas mais. Você conhece os direitos humanos, inclusive foi o artista escolhido para ilustrar aCartilha de Direitos Humanosencomendada pela Presidência da República, pelas secretarias Especial de Direitos Humanos e de Promoção dos Direitos Humanos, pela ONU, a UNESCO, pelo MEC e por vários outros órgãos. Muitos dos quais você agora desrespeita ao querer, com a sua ilustração, acabar de vez com a polêmica causada por gente que estudou e trabalhou com seriedade as questões de educação e desigualdade racial no Brasil. A adoção do Caçadas de Pedrinho vai contra a lei de Igualdade Racial e o Estatuto da Criança e do Adolescente, que você conhece e ilustrou tão bem. Na página 25 da sua Cartilha de Direitos Humanos, está escrito: "O único jeito de uma sociedade melhorar é caprichar nas suas crianças. Por isso, crianças e adolescentes têm prioridade em tudo que a sociedade faz para garantir os direitos humanos. Devem ser colocados a salvo de tudo que é violência e abuso. É como se os direitos humanos formassem um ninho para as crianças crescerem." Está lá, Ziraldo, leia de novo: "crianças e adolescentes têm prioridade". Em tudo. Principalmente em situações nas quais são desrespeitadas, como na leitura de um livro com passagens racistas, escrito por um escritor racista com finalidades racistas. Mas você não vê racismo e chama de patrulhamento do politicamente correto e censura. Você está pensando nas crianças, Ziraldo? Ou com medo de que, se a moda pega, a "censura" chegue ao seu direito de continuar brincando com o assunto? "Acho injusto fazer isso com uma figura da grandeza de Lobato", você disse em uma reportagem. E com as crianças, o público-alvo que você divide com Lobato, você acha justo? Sim, vocês dividem o mesmo público e, inclusive, alguns personagens, como uma boneca e pano e o Saci, da sua Turma do Pererê. Medo de censura, Ziraldo, talvez aos deslizes, chamemos assim, que podem ser cometidos apenas porque se acostuma a eles, a ponto de pensar que não são, de novo chamemos assim, deslizes.
A gente se acostuma, Ziraldo. Como o seu menino marrom se acostumou com as sandálias de dedo: "O menino marrom estava tão acostumado com aquelas sandálias que era capaz de jogar futebol com elas, apostar corridas, saltar obstáculos sem que as sandálias desgrudassem de seus pés. Vai ver, elas já faziam parte dele" (ZIRALDO, 1986,p. 06, em O Menino Marrom). O menino marrom, embora seja a figura simpática e esperta e bonita que você descreve, estava acostumado e fadado a ser pé-de-chinelo, em comparação ao seu amigo menino cor-de-rosa, porque "(...) um já está quase formado e o outro não estuda mais (...). Um já conseguiu um emprego, o outro foi despedido do quinto que conseguiu. Um passa seus dias lendo (...), um não lê coisa alguma, deixa tudo pra depois (...). Um pode ser diplomata ou chofer de caminhão. O outro vai ser poeta ou viver na contramão (...). Um adora um som moderno e o outro – Como é que pode? – se amarra é num pagode. (...) Um é um cara ótimo e o outro, sem qualquer duvida, é um sujeito muito bom. Um já não é mais rosado e o outro está mais marrom" (ZIRALDO, 1986, p.31). O menino marrom, ao crescer, talvez virasse marginal, fado de muito negro, como você nos mostra aqui: "(...) o menino cor-de-rosa resolveu perguntar: por que você vem todo o dia ver a velhinha atravessar a rua? E o menino marrom respondeu: Eu quero ver ela ser atropelada" (ZIRALDO, 1986, p.24), porque a própria professora tinha ensinado para ele a diferença e a (não) mistura das cores. Então ele pensou que "Ficar sozinho, às vezes, é bom: você começa a refletir, a pensar muito e consegue descobrir coisas lindas. Nessa de saber de cor e de luz (...) o menino marrom começou a entender porque é que o branco dava uma idéia de paz, de pureza e de alegria. E porque razão o preto simbolizava a angústia, a solidão, a tristeza. Ele pensava: o preto é a escuridão, o olho fechado; você não vê nada. O branco é o olho aberto, é a luz!" (ZIRALDO, 1986, p.29), e que deveria se conformar com isso e não se revoltar, não ter ódio nenhum ao ser ensinado que, daquela beleza, pureza e alegria que havia na cor branca, ele não tinha nada. O seu texto nos ensina que é assim, sem ódio, que se doma e se educa para que cada um saiba o seu lugar, com docilidade e resignação: "Meu querido amigo: Eu andava muito triste ultimamente, pois estava sentindo muito sua falta. Agora estou mais contente porque acabo de descobrir uma coisa importante: preto é, apenas, a ausência do branco" (ZIRALDO, 1986, p.30).
Olha que interessante, Ziraldo: nós que sabemos do racismo confesso de Lobato e conseguimos vê-lo em sua obra, somos acusados por você de "macaquear" (olha o termo aí) os Estados Unidos, vendo racismo em tudo. "Macaqueando" um pouco mais, será que eu poderia também acusá-lo de estar "macaqueando" Lobato, em trechos como os citados acima? Sem saber, é claro, mas como fruto da introjeção de um "processo" que ele provou que "work" com grande eficiência e ao qual podemos estar todos sujeitos, depois de sermos submetidos a ele na infância e crescermos em uma sociedade na qual não é combatido. Afinal, há quem diga que não somos racistas. Que quem vê o racismo, na maioria os negros, que o sofrem, estão apenas "macaqueando". Deveriam ficar calados e deixar dessa bobagem. Deveriam se inspirar no menino marrom e se resignarem. Como não fazem muitos meninos e meninas pretos e marrons, aqueles que são a ausência do branco, que se chateiam, que se ofendem, que sofrem preconceito nas ruas e nas escolas e ficam doídos, pensando nisso o tempo inteiro, pensando tanto nisso que perdem a vontade de ir à escola,começam a tirar notas baixas porque ficam matutando, ressentindo, a atenção guardadinha lá debaixo da dor. E como chegam à conclusão de que aquilo não vai mudar, que não vão dar em nada mesmo, que serão sempre pés-de-chinelo, saem por aí especializando-se na arte de esperar pelo atropelamento de velhinhas.
Racismo é um dos principais fatores responsáveis pela limitada participação do negro no sistema escolar, Ziraldo, porque desvia o foco, porque baixa a auto-estima, porque desvia o foco das atividades, porque a criança fica o tempo todo tendo que pensar em como não sofrer mais humilhações, e o material didático, em muitos casos, não facilita nada a vida delas. E quando alguma dessas crianças encontra um jeito de fugir a esse destino, mesmo que não tenha sido através da educação, fica insuportável e merece o linchamento público e exemplar, como o sofrido por Wilson Simonal. Como exemplo, temos a sua opinião sobre ele: "Era tolo, se achava o rei da cocada preta, coitado. E era mesmo. Era metido, insuportável". Sabe, Ziraldo, é por causa da perpetuação de estereótipos como esses que às vezes a gente nem percebe que eles estão ali, reproduzidos a partir de preconceitos adquiridos na infância, que a SEPPIR pediu que o MEC reavaliasse a adoção de Caçadas de Pedrinho. Não a censura, mas a reavaliação. Uma nota, talvez, para ser colocada junto com as outras notas que já estão lá para proteger os direitos das onças de não serem caçadas e o da ortografia, de evoluir. Já estão lá no livro essas duas notas e a SEPPIR pede mais uma apenas, para que as crianças e os adolescentes sejam "colocados a salvo de tudo que é violência e abuso", como está na cartilha que você ilustrou. Isso é um direito delas, como seres humanos. É por isso que tem gente lutando, como você também já lutou por direitos humanos e por reparação. É isso que a SEPPIR pede: reparação pelos danos causados pela escravidão e pelo racismo.
Assim você se defendeu de quem o atacou na época em que conseguiu fazer valer os seus direitos: "(…) Espero apenas que os leitores (que o criticam) não tenham sua casa invadida e, diante de seus filhos, sejam seqüestrados por componentes do exército brasileiro pelo fato de exercerem o direito de emitir sua corajosa opinião a meu respeito, eu, uma figura tão poderosa”. Ziraldo, você tem noção do que aconteceu com os, citando Lobato, "negros da África, caçados a tiro e trazidos à força para a escravidão", e do que acontece todos os dias com seus descendentes em um país que naturalizou e, paradoxalmente, nega o seu racismo? De quantos já morreram e ainda morrem todos os dias porque tem gente que não os leva a sério? Por causa do racismo é bem difícil que essa gente fadada a ser pé-de-chinelo a vida inteira, essas pessoas dos subúrbios, que perpassam todas as degenerescências, todas as formas e má-formas humanas – todas, menos a normal, - porque nelas está a ausência do branco, esse povo todo representado pela mulata dócil que você faz sorrir nos braços de um dos escritores mais racistas e perversos e interesseiros que o Brasil já teve, aquele que soube como ninguém que um país (racista) também de faz de homens e livros (racistas), por causa disso tudo, Ziraldo, é que eu ia dizendo ser quase impossível para essa gente marrom, herdeira dessa gente de cor que simboliza a angústia, a solidão, a tristeza, gerar pessoas tão importantes quanto você, dignas da reparação (que nem é financeira, no caso) que o Brasil também lhes deve: respeito. Respeito que precisou ser ancorado em lei para que tivesse validade, e cuja aplicação você chama de censura.menino-lendo.jpg
Junto com outros grandes nomes da literatura infantil brasileira, como Ana Maria Machado eRuth Rocha, você assinou uma carta que, em defesa de Lobato e contra a censura inventada pela imprensa, diz: "Suas criações têm formado, ao longo dos anos, gerações e gerações dos melhores escritores deste país que, a partir da leitura de suas obras, viram despertar sua vocação e sentiram-se destinados, cada um a seu modo, a repetir seu destino. (...) A maravilhosa obra de Monteiro Lobato faz parte do patrimônio cultural de todos nós – crianças, adultos, alunos, professores – brasileiros de todos os credos e raças. Nenhum de nós, nem os mais vividos, têm conhecimento de que os livros de Lobato nos tenham tornado pessoas desagregadas, intolerantes ou racistas. Pelo contrário: com ele aprendemos a amar imensamente este país e a alimentar esperança em seu futuro. Ela inaugura, nos albores do século passado, nossa confiança nos destinos do Brasil e é um dos pilares das nossas melhores conquistas culturais e sociais." É isso. Nos livros de Lobato está o racismo do racista, que ninguém vê, que vocês acham que não é problema, que é alicerce, que é necessário à formação das nossas futuras gerações, do nosso futuro. E é exatamente isso. Alicerce de uma sociedade que traz o racismo tão arraigado em sua formação que não consegue manter a necessária distância do foco, a necessário distância para enxergá-lo. Perpetuar isso parece ser patriótico, esse racismo que "faz parte do patrimônio cultural de todos nós – crianças, adultos, alunos, professores – brasileiros de todos os credos e raças." Sabe o que Lobato disse em carta ao seu amigo Poti, nos albores do século passado, em 1905? Ele chamava de patriota o brasileiro que se casasse com uma italiana ou alemã, para apurar esse povo, para acabar com essa raça degenerada que você, em sua ilustração, lhe entrega de braços abertos e sorridente. Perpetuar isso parece alimentar posições de pessoas que, mesmo não sendo ou mesmo não se achando racistas, não se percebem cometendo a atitude racista que você ilustrou tão bem: entregar essas crianças negras nos braços de quem nem queria que elas nascessem. Cada um a seu modo, a repetir seu destino. Quem é poderoso, que cobre, muito bem cobrado, seus direitos; quem não é, que sorria, entre na roda e aprenda a sambar.
Peguei-o para bode expiatório, Ziraldo? Sim, sempre tem que ter algum. E, sem ódio, espero que você não queira que eu morra por te criticar. Como faziam os racistas nos tempos em quem ainda linchavam negros. Esses abusados que não mais se calam e apelam para a lei ao serem chamados de "macaco", "carvão", "fedorento", "ladrão", "vagabundo", "coisa", "burro", e que agora querem ser tratados como gente, no concerto dos povos. Esses que, ao denunciarem e quererem se livrar do que lhes dói, tantos problemas criam aqui, nesse país do futuro. Em uma matéria do Correio Braziliense você disse que "Os americanos odeiam os negros, mas aqui nunca houve uma organização como a Ku Klux Klan. No Brasil, onde branco rico entra, preto rico também entra. Pelé nunca foi alvo de uma manifestação de ódio racial. O racismo brasileiro é de outra natureza. Nós somos afetuosos”. Se dependesse de Monteiro Lobato, o Brasil teria tido sua Ku-Klux-Klan, Ziraldo. Leia só o que ele disse em carta ao amigo Arthur Neiva, enviada de Nova Iorque em 1928, querendo macaquear os brancos norte-americanos: "Diversos amigos me dizem: Por que não escreve suas impressões? E eu respondo: Porque é inútil e seria cair no ridículo. Escrever é aparecer no tablado de um circo muito mambembe, chamado imprensa, e exibir-se diante de uma assistência de moleques feeble-minded e despidos da menos noção de seriedade. Mulatada, em suma. País de mestiços onde o branco não tem força para organizar uma Kux-Klan é país perdido para altos destinos. André Siegfred resume numa frase as duas atitudes. "Nós defendemos o front da raça branca - diz o sul - e é graças a nós que os Estados Unidos não se tornaram um segundo Brasil". Um dia se fará justiça ao Kux-Klan; tivéssemos aí uma defesa dessa ordem, que mantém o negro no seu lugar, e estaríamos hoje livres da peste da imprensa carioca - mulatinho fazendo o jogo do galego, e sempre demolidor porque a mestiçagem do negro destroem (sic) a capacidade construtiva." Fosse feita a vontade de Lobato, Ziraldo, talvez não tivéssemos a imprensa carioca, talvez não tivéssemos você. Mas temos, porque, como você também diz, "o racismo brasileiro é de outra natureza. Nós somos afetuosos." Como, para acabar com a polêmica, você nos ilustra com o desenho para o bloco quemerdense. Olho para o rosto sorridente da mulata nos braços de Monteiro Lobato e quase posso ouvi-la dizer: "Só dói quando eu rio".
Com pesar, e em retribuição ao seu afeto,
Ana Maria Gonçalves
Negra, escritora, autora de Um defeito de cor.
 
ana_maria_goncalves1.jpgA mineira Ana Maria Gonçalves abandonou em 2002 a agência de publicidade em que trabalhava em São Paulo e isolou-se na Ilha de Itaparica, na Bahia, onde passou seis meses escrevendo seu primeiro romance, Ao lado e à margem do que sentes por mim, marcado pelo registro intimista. O livro foi publicado de forma independente e vendido pela própria autora pela internet.


Totalmente sugado do Blog Biscoito Fino

Mídia: Regulação e Democracia

Além do Aécio, alguém mais acredita que o PSDB é um partido social-democrata?

Aécio treinando para ser mais social-democrata do que o Serra

O Aécio começa a demonstrar que é bom de factóide. Talvez melhor do que o Serra.
Agora a conversa dele é dizer que o PSDB tem que se aproximar dos sindicatos (clique aqui).
Será uma crítica ao Serra, que tem horror a sindicato e a trabalhador?
Pois bem, o Aécio reconhece que o PSDB não tem base alguma no movimento social, com o que eu concordo.
Por base ele entende cooptação, embora diga que o PT é quem faz isso.
Ele esquece que o PT nasceu na época da ditadura, com uma forte base sindicalista e do movimento social. Não tem essa de cooptação.
Aliás, nem o Serra nem o Aécio dialogam com os movimentos sociais. Ou cooptam ou mandam a polícia bater.
Mas o melhor vem no final da matéria, quando ele diz o seguinte:
“Não podemos deixar como única alternativa para essas forças se aliar ao PT”, disse Aécio à Folha. Ele argumenta que “não existe partido social-democrata no mundo sem uma seção sindical“.
Vejam só, o Aécio acredita que o PSDB é um partido social-democrata, embora não tenha sido convidado para o encontro da Internacional Socialista recentemente.
Será que, além do Aécio, alguém mais acredita nisso?
Em tempo, o que significa “partido com seção sindical“?

Por Augusto Fonseca - Festival de Besteiras da Imprensa (FBI) - 20.02.2011

OCUPAÇÃO HAROLDO DE CAMPOS H LÁXIA

De 17 de fevereiro a 10 de abril de 2011, a nona edição do projeto criado pelo Itaú Cultural, Ocupação homenageia o poeta, ensaísta e tradutor Haroldo de Campos. A exposição trata do processo criativo do escritor e apresenta instalações - conhecidas e também inéditas - baseadas em sua obra, além de registrar seu percurso intelectual e artístico. O evento também conta com um ciclo de debates e acontece na sede do Itaú Cultural e na Casa das Rosas, parceira da atividade, em São Paulo.

A mostra se divide em vários núcleos. No instituto, a instalação H LÁXIA, de Livio Tragtenberg, permite a imersão na obra de Haroldo, com a participação ativa do público, que pode gravar seus depoimentos. Já na "bibliocasa" de Haroldo, marginálias, edições especiais de seus livros, fotos, manuscritos, datiloscritos e edições anotadas e com dedicatórias.

Viagem Poética

A Casa das Rosas exibe o percurso poético do autor de Galáxias. A sala "O Â Mago do Ô Mega" abriga a série de cartazes da histórica Exposição Nacional de Arte Concreta (MAM/SP). No mesmo ambiente, o visitante ouve uma composição musical com poemas declamados por Haroldo. Na sala "Percurso Poético", o foco é o cotidiano do autor: com base nos livros A Educação dos Cinco Sentidos e Crisantempo: no Espaço Curvo Nasce Um, sua relação com a esposa e com a poesia, entre outros.

Duas outras salas destacam alguns dos livros do poeta. "A Máquina do Mundo Repensada" é baseada no livro de mesmo nome e faz dialogarem Dante, Camões, Drummond e a física contemporânea. "Do Céu ao Chão" explora Signantia Quasi Coelum / Signância Quase Céu e percorre caminho inverso ao de Dante em A Divina Comédia: segue do paraíso ao inferno. Por fim, no espaço externo, uma instalação apresenta o poema "Servidão de Passagem".

Além das mostras físicas, o projeto prepara um site especial, com parte do material exposto e atrativos exclusivos.

A Ocupação Haroldo de Campos é uma parceria entre o Itaú Cultural, a Casa das Rosas e o Governo do Estado de São Paulo.


OCUPAÇÃO HAROLDO DE CAMPOS - H LÁXIA

ABERTURA
Quarta, 16 de fevereiro, 20h.
Leitura de poemas de Haroldo de Campos por Arnaldo Antunes, Frederico Barbosa e Livio Tragtenberg.

Entrada franca.

Espetáculos, palestras, mesas-redondas e debates complementam a mostra, a partir de quinta, 17 de fevereiro a domingo, 10 de abril.

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ITAÚ CULTURAL
Terça a sexta, das 9h às 20h
Sábado, domingo e feriado, das 11h às 20h.
Av. Paulista, 149
Fone: (11) 2168-1777
www.itaucultural.org.br
twitter.com/itaucultural

Programação - Itaú Cultural
quarta 16 fevereiro
20h Abertura - Leitura de poemas de Haroldo de Campos. | com Arnaldo Antunes, Frederico Barbosa e Livio Tragtenberg

sábado 12 domingo 13 março
20h Multitudo - Recital multimídia tece um panorama da obra poética de Haroldo de Campos. | por Coletivo Mallarmídia Lab  | com Frederico Barbosa, Marcelo Ferretti e Susanna Busato

sábado 9 domingo 10 abril
10h PARALÁXIA - Oficina de criação multidisciplinar. Os participantes desenvolverão criações textuais, musicais, videográficas e performáticas. | por Livio Tragtenberg

20h Ga-Galáxias - Show musical e visual concebido e dirigido por Livio Tragtenberg, com base em fragmentos de Galáxias.| por Livio Tragtenberg, José da Harpa Paraguaia, Peneira & Sonhador e banda

CASA DAS ROSAS
Terça a sábado, das 10h às 22h.
Domingo e feriado, das 10 às 18h.
Av. Paulista, 37
Fone: (11) 3285-6986
www.casadasrosas-sp.org.br
twitter.com/casadasrosas

Programação - Casa das Rosas
domingo 20 fevereiro
17h mesa-redonda Ocupação Haroldo de Campos - H LAXIA - debate sobre a concepção do evento, o processo de criação de Haroldo, seu percurso poético, suas relações | com Frederico Barbosa, Gênese Andrade, Livio Tragtenberg e Marcelo Tápia | mediação Claudiney Ferreira

domingo 27 fevereiro
17h palestra Convívio de Poetas: Ernesto de Melo e Castro e Haroldo de Campos - a relação pessoal do poeta português com Haroldo, seu olhar como leitor e crítico e a recepção de sua própria obra pelo escritor | por Ernesto de Melo e Castro |apresentação Gênese Andrade

domingo 13 março
17h mesa-redonda Haroldo de Campos, Poesia e Música - Os músicos falam da experiência de trabalhar com Haroldo e da convivência com o poeta | por Cid Campos e Péricles Cavalcanti | apresentação Livio Tragtenberg

domingo 20 março
17h palestra Haroldo de Campos e o Cinema - Abordagem sobre a relação da obra de Haroldo com o cinema, especialmente o trabalho realizado por Julio Bressane | por Donny Correia  | apresentação Marcelo Tápia

domingo 27 março
17h mesa-redonda Literatura em Exposição: Mostras sobre Escritores em Museus e Espaços Culturais - Discussão sobre o papel de instituições que têm se dedicado a fazer exposições relacionadas à literatura | por Antonio Carlos de Moraes Sartini e Claudiney Ferreira | mediação Frederico Barbosa

domingo 3 abril
17h mesa-redonda Editar Haroldo de Campos - Dois editores que acompanharam a publicação da obra de Haroldo falam sobre essa convivência no âmbito profissional e pessoal | por Jacó Guinsburg e Plínio Martins Filho | mediação Marcelo Tápia

domingo 10 abril
17h bate-papo Fotografar Haroldo de Campos - Juan Esteves, que fez importantes registros fotográficos de Haroldo de Campos, conversa sobre seus encontros com o poeta | por Juan Esteves | mediação Gênese Andrade


Data da temporada: De 17/02/11 a 10/04/11
Preço: R$ Grátis
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Conheça também:

Casa das Rosas
Espaço Haroldo de Campos
de Poesia e Literatura


Av. Paulista, 37 - Bela Vista
CEP.: 01311-902 - São Paulo - Brasil
(11) 3285.6986 / 3288.9447
contato.cr@poiesis.org.br


19 de fev. de 2011

"Ação da polícia foi absurda, arbitrária e covarde", diz vereadora agredida em SP

Movimento do Passe Livre repudia violência policial, que não poupou nem jornalistas
Por: Jéssica Santos de Souza, Rede Brasil Atual 
 
Publicado em 18/02/2011, 19:25
 
São Paulo – Para vereadores paulistanos agredidos durante manifestação contra o aumento da tarifa de ônibus em São Paulo, a ação da Polícia Militar mostrou "despreparo" e tentou 'marginalizar' o movimento. O episódio ocorreu na tarde de quinta-feira (17), diante da Prefeitura, na região central.
Segundo a vereadora Juliana Cardoso (PT), o problema já começou na hora do almoço, quando foi impedida de entrar na Prefeitura pela Guarda Civil Metropolitana (GCM). A vereadora tentava chegar até os manifestantes que se acorrentaram nas catracas dentro do edifício. "Só depois de 25 minutos que eu tentei entrar é que o inspetor da GCM chegou para dialogar. Os guardas foram ignorantes e chegaram a me empurrar para impedir minha entrada", acusa.
Na sequência, os outros parlamentares não tiveram tanta dificuldade para acessar o interior do prédio na tentativa de intermediar o diálogo entre os manifestantes e o Executivo.
No final da tarde, enquanto acontecia a manifestação em frente à Prefeitura, os vereadores Antônio Donato, José Américo (ambos do PT) e a própria Juliana estavam reunidos com o secretário de Relações Governamentais, Antonio Carlos Maluf, tentando negociar a abertura de diálogo entre a prefeitura e os ativistas.
Donato explica que, assim que o secretário declarou que não haveria conversações, os vereadores ouviram o barulho de bombas de gás lacrimogêneo na rua e desceram para tentar falar com a polícia e apaziguar ânimos. "À medida que se fecharam as negociações, se endureceu a conduta policial. Ali, naquele momento, a gente só queria falar com o comandante."
O vereador disse também que, quando desceram, a situação já estava sob controle e o comandante da operação se escondeu no meio da tropa de choque. "Tentei falar com o comandante e os políciais me agrediram para eu não chegar perto dele. Vários PMs estavam sem identificação", acusa Donato. Imagens da TV Record mostram o momento em que Donato é agredido com um cassetete por um PM.
Os vereadores José Américo e Juliana Cardoso também foram atingidos com gás pimenta e cassetetes – os parlamentares vão entrar com uma ação na corregedoria da PM contra o comandante da operação. "Se a gente (vereadores) não tivesse interferido naquela hora, a coisa ficaria feia, eles (PMs) estavam indo para machucar. Infelizmente é essa forma que o prefeito Kassab tem de dialogar, não só com os movimentos, mas também com o Poder Legislativo que é conferido a nós com o poder do voto", critica Juliana.

Para Donato, a decisão de reprimir o protesto de quinta-feira (17) foi política, já que, em outros atos, alguns manifestantes já haviam "provocado" a PM e a postura dos policiais era de diálogo. "Sempre tem algum jovem que se empolga um pouco e exagera, a serenidade tem de vir da tropa. A repressão de ontem foi articulada e não um descontrole do comando."

Movimento Passe Livre

O Movimento do Passe Livre São Paulo (MPL), que é um dos grupos que integra a luta contra o aumento da tarifa, também se manifestou sobre a repressão policial. Por meio de nota, o MPL qualificou a ação como "desproporcional, violenta e despreparada". Na nota, o movimento ressalta que não só os manifestantes foram agredidos, mesmo estando desarmados, como também a mídia e os parlamentares.

"As imagens da detenção de Vinicius Figueira, bem como a cena de policiais militares com suas armas de fogo em punhos e a repressão que se abateu também contra a mídia, somada as agressões aos vereadores que estavam presentes no local, deixam clara a desproporcionalidade e o absurdo da ação policial. Por esse motivo, manifestamos aqui nosso repúdio à essas ações conduzidas pela Polícia Militar de São Paulo" destaca o movimento.
Confira a nota na íntegra :

O Movimento Passe Livre São Paulo considera desproporcional, violenta e despreparada a ação policial ocorrida na manifestação do dia 17/2 em frente a Prefeitura.

O Comando da Operação se excedeu no uso da força, agindo violentamente contra m
anifestantes desarmados e em protesto contra o aumento abusivo das tarifas de ônibus em São Paulo. As imagens da detenção de Vinicius Figueira, bem como a cena de policiais militares com suas armas de fogo em punhos e a repressão que se abateu também contra a mídia, somada as agressões aos vereadores que estavam presentes no local, deixam clara a desproporcionalidade e o absurdo da ação policial. Por esse motivo, manifestamos aqui nosso repúdio à essas ações conduzidas pela Polícia Militar de São Paulo

Por fim, cabe destacar nossa preocupação com o estado de saúde atual de Vinicius. Nós, do MPL-SP, estamos sinceramente à disposição para apoiá-lo no que for preciso, desde a articulação para punir os policiais envolvidos na ação, bem como no auxílio com seus cuidados médicos. Acreditamos que a solidaredade militante se faz fundamental em momentos como esse, e é por esse motivo que estamos aqui!


Movimento Passe Livre São Paulo, 18 de fevereiro de 2011.

JeffNascimento


Show com JeffNascimento, hoje, às 19h30 *

Imperdível.

Nascido em 1982 na cidade de Guarulhos JeffNascimento iniciou sua carreira musical aos seis anos de idade. Acompanhava seu pai que era líder de uma banda tocando bateria. 

Com o passar dos anos foi desenvolvendo habilidades em outros instrumentos tocando em grupos de variados estilos musicais. Começou a estudar e tocar somente guitarra, buscando um maior conhecimento e desenvolvimento técnico do instrumento, influenciado por grandes músicos. 

O ano de 2004 foi um dos mais importantes da carreira de JeffNascimento, quando apoiado por amigos da banda ao qual fazia parte e alunos em sua antiga escola, formou o Coral Virtude. Um grupo formado por pessoas de diversas igrejas com a visão de evangelizar e propagar o reino de Cristo através da boa música. 

No ano de 2005, juntamente com o Coral Virtude JeffNascimento produz seu primeiro álbum intitulado “Toque em Jesus”. Com um estilo musical variado e com uma alegria contagiante, o Coral Virtude entra para o cenário da música como um dos principais grupos deste segmento no país. Em 2009 grava ao vivo o 2º álbum do Coral Virtude intitulado “Deus Proverá”, um disco com canções inspiradas e uma qualidade musical inconfundível. 

JeffNascimento trabalhou com grandes nomes da música nacional entre eles  Bozzo Barretti, produtor, compositor, arranjador e ex-tecladista do Capital Inicial.

Em pleno momento de expansão em seu trabalho JeffNascimento em Novembro (2010) esteve nos Estados Unidos fazendo algumas apresentações consolidando-se internacionalmente .

Além do lançamento do 2º álbum do Coral Virtude prepara também seu disco solo.


Serviço:

Apresentação: Show com JeffNascimento

Quando: Hoje (19), 19h30

Onde: No ministerio APASCENTAR - GUARULHOS - SP

Endereço:  Rua. Bom clima, 33 - Bom Clima - proximo da Prefeitura.

Mais informações: www.apascentarguarulhos.com.br

17 de fev. de 2011

Contra crack, Dilma quer combate ao crime e controlar fronteira

 
crack 
A presidente Dilma Rousseff defendeu, nesta quinta-feira, na abertura do seminário de implantação dos Centros Regionais de Referência em Crack e Outras Drogas, um combate sistemático à distribuição de entorpecentes, o monitoramento de fronteiras e o fortalecimento de centros de referência para treinamento de médicos e agentes comunitários de saúde.
"Será uma luta sem quartel no combate sistemático ao crack. Precisamos impedir que mais crianças sejam vítimas do crack. É fundamental perceber que tudo passa pelo combate ao crime organizado através do controle de fronteiras e do reforço da Polícia Federal no combate às drogas", disse a presidente, no Palácio do Planalto, ao lado dos ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, da Saúde, Alexandre Padilha, e da Educação, Fernando Haddad.
"É um quadro que nenhum de nós, tanto do governo federal, estadual e municipal, professores e da sociedade civil, podemos nos tornar indiferentes a ele", afirmou Dilma, destacando que os desafios no combate ao crack devem levar em conta o fato de a droga ter baixo custo e de ser muito destrutiva.
Ao lado da nova secretária nacional de Política sobre Drogas, Paulina Duarte, a presidente disse ter "orgulho" de tê-la na administração pública. Paulina substituiu Pedro Abramovay, demitido após ter defendido publicamente que não houvesse prisão para pequenos traficantes.
Ao Terra, Abramovay defendera, ainda como secretário nacional de Justiça no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que a prisão de pequenos traficantes, ao invés de servir como punição, só contribuiria ainda mais para a formação de mão-de-obra de grandes organizações criminosas. Uma possível mudança da atual Lei de Drogas, que não estabelece claramente a proporção da pena para quem é pego transportando substâncias ilícitas, poderia, na avaliação dele, fixar penas alternativas, como prestação de serviços comunitários, para pessoas pegas com pouca quantidade de droga.
"Estão prendendo as pessoas erradas. Qual é o benefício para a sociedade o fato de se colocar na prisão essas pessoas e depois as devolver para a sociedade? Na prisão estão sendo formados criminosos. Estão entregando de graça para o crime organizado a mão-de-obra", afirmou Abramovay na ocasião.
Fonte: noticias.terra.com.br
Por Kátia Figueira - MVPT - 17.02.2011

14 de fev. de 2011

Pedras na direção certa

 Montagem de blog "Cracked" brinca com as "teorias" sobre alienígenas terem construído as pirâmides; Foram os egípcios quem construíram o Egito, carregando cada uma das suas pedras, e ninguém "de fora" apareceu para ajudar, só para explorar: gregos, romanos, ingleses, franceses, socialistas, estadunidenses, radicais pró-teocracia, partidos corruptos...



Opositores do governo atiram pedras em na polícia de Mubarak durante confrontos no Cairo

Leandro Cruz

“Como conseguiram construir essas pirâmides, grandiosas, que estão de pé até hoje?”. Para responder a essa pergunta já houve até quem dissesse que os egípcios antigos receberam ajuda de extraterrestres. Mais que a fé nos aliens, essas teorias fantasiosas demonstram uma enorme falta de fé na humanidade. Não. Foram humanos que construíram as pirâmides. Os humanos são capazes de realizar coisas grandiosas. Foram os egípcios que carregaram as pedras para construir os gigantescos túmulos dos faraós. Os egípcios, que são humanos, são capazes de realizar grandes coisas.

Nos últimos sete mil anos eles têm feito grandes coisas. Mas até o dia 25 de janeiro, tudo que construíram era para seus faraós, para os dominadores helênicos, romanos, otomanos e ditadores e reis que sempre viviam de maneira faraônica, subservientes a interesses da França, da Inglaterra, dos Estados Unidos e da União Soviética.

De Alexandre, o Grande, a Napoleão, o baixinho, passando por todos os outros que conquistaram ou tomaram o Egito, nenhuma se igualou à conquista do poder protagonizada pelo próprio povo. Desde a invasão napoleônica em 1798 não houve geração que não assistisse a um rompimento institucional, feito sempre por terceiros. Jamais o país escolheu seu governo, mesmo depois da independência em 1922.

Em 1952, os autodenominados oficiais livres depuseram a monarquia e colocaram uma figura popular e carismática para ser a “cara” da transição, Muhammad Naguib. Mas Naguib quis mandar, não se contentando em simplesmente seguir o que os verdadeiros governantes determinavam. Quando viram que o líder da “transição” poderia acabar se tornando governante de fato, acusações (falsas? Não sei) de falcatruas administrativas “surgiram”, ele foi preso e deposto por seus próprios colegas. Assim Gamal Abdel Nasser, o verdadeiro líder dos oficiais livres, assumiu o poder. A constituição e os partidos políticos foram abolidos. O jovem Hosni Mubarak ainda era apenas um piloto de caças nessa época.

Nasser (admiradíssimo por Jânio Quadros) era aliado da União Soviética, pois os Estados Unidos apoiavam a política expansionista de Israel. Perder Gaza e Sinai para o vizinho sionista não foi sua única tragédia, os gastos com a guerra teriam quebrado o país não fosse a ajuda dos soviéticos. Quando ele morreu, em 1970, entra em cena a dupla Anwar Sadat e Hosni Mubarak, que dão continuidade ao regime dos oficiais, mas decidem buscar outros patrocinadores para a sua ditadura.

Os Estados Unidos bancam. Até 2010, as doações anuais, oficialmente declaradas, dos Estados Unidos ao regime variavam entre dois e três bilhões de dólares, além de ceder equipamento militar (fora o que vier por fora para as contas particulares dos ditadores). Além disso conseguiram que Israel devolvesse a península do Sinai.

O interesse americano e israelense não era pequeno e por isso o nervosismo de ambos esses países sobre os últimos acontecimentos. O Egito tem a torneirinha de boa parte do gás natural que abastece Israel. Controla o mais importante rio da África, o Nilo. E o mais importante canal do mundo, Suez, e ser o porteiro do atalho entre o Mediterrâneo e o Índico não é pouca coisa. O Canal de Suez simplesmente poupa europeus e tigres asiáticos de terem que dar aquela volta que os portugueses tinham que dar 500 anos atrás, lembra?

Mubarak se tornou o número 1 do regime depois do assassinato de Sadat em 1981. Ainda há muita controvérsia quanto ao assassinato de Sadat. Oficialmente (o que no caso do Egito geralmente quer dizer “mentirosamente”) ele foi morto por extremistas islâmicos que estariam tramando repetir no Egito o que os radicais do Irã haviam feito três anos antes. Mas segundo fontes não oficiais (blogueiros egípcios) nas ruas do Cairo não é difícil de encontrar quem diga (“à boca miúda” até esse janeiro) que as mãos de Mubarak também estão sujas do sangue de seu antecessor.

Para “salvar o Egito dos radicais”, Mubarak abole direitos civis, aumenta o controle estatal sobre os veículos de comunicação e cria uma polícia secreta à paisana com carta branca para entrar na casa de qualquer “suspeito” fazendo “o que for necessário”. O problema é que os capangas do governo entendiam como “necessário” agredir, torturar, estuprar, saquear e roubar.

As “leis de emergência” duravam 30 anos. O povo aguentava, mesmo vendo que nem o dinheiro americano, nem o do canal, nem o do gás e nem mesmo o fruto do solo irrigado pelo Nilo chegava à sua mesa. A estratégia era dividir e isolar. Jogando uns contra os outros, tem-se a desculpa de estar protegendo os cristãos dos muçulmanos, os muçulmanos dos cristãos, os árabes dos sionistas, os sionistas dos radicais. O medo da guerra provocado por uma guerra constante provocada pelo governo.

Mas os jovens estavam cansados do medo e da divisão. E na World Wide Ágora passaram a “trocar ideia”. E ideias são coisas que só se multiplicam quando trocadas. No século XXI os faraós e seus escribas e sacerdotes não detêm mais o monopólio da escrita. O movimento ciberativista 6 de Abril nasceu no Facebook, sem líder nem partido. Em comum a ideia de construir um país grandioso, mas não mais para um faraó e sim para seu povo livre.

Não há paralelo na história para o que vimos nos últimos 18 dias. E vimos mesmo que o Estado tenha tentado calar e a mídia internacional tentado ignorar ou minimizar. A verdade vazou, com uma força inacreditável. Não foram as câmeras do Grande Irmão que mostraram a história, mas as pequenas câmeras nas mãos do povo unido como irmãozinhos. Vimos crianças botando tropas de choque para correr; vimos artistas grafitando tanques de guerra; vimos médicos, cozinheiros, garis e todo o resto sendo organizados de maneira voluntária para sustentar os protestos mesmo que a comida estivesse escassa; vimos cristãos defendendo muçulmanos da polícia durante as orações e muçulmanos defendendo templos coptas; vimos um regime cair.

Ainda há incerteza e medo de que militares ou radicais islâmicos tomem o poder depois do levante popular. Não há paralelo na história para arriscarmos um palpite. Mas pelo que vimos acho pouco provável que esse povo aceite daqui pra frente que alguém dite o que ou como um povo livre deve construir seu país. Egípcios, parabéns e muito obrigado. 
 
Por  Leandro Cruz - Viagem no Tempo - 12.02.2011

13 de fev. de 2011

TV Cultura nas mãos do governo do PSDB: "Desmonte do patrimônio público"

Trabalhadores da TV Cultura em Assembléia, na greve de 2009

É com desgosto que o povo paulista vê como sua TV Pública é tratada nas mãos de quem deveria ter a obrigação de zelar e não desmontar um patrimônio público. A demissão efetuada pela direção da TV Cultura, seguindo a linha de raciocínio do governo de Geraldo Alckmin, demonstra não só a debilidade conceitual, a respeito de uma TV Pública, mas também o descompromisso em fazer uma TV alternativa ao seguimento comercial que se apresenta com tão baixa qualidade. A tristeza desses 150 trabalhadores, por perder seus empregos, se soma a desesperança de termos uma TV Pública perdendo sua qualidade.

Os trabalhadores da Rádio e TV Cultura devem estar atentos. Ano após ano, os governos do PSDB no Estado de SP, já demonstraram inúmeras vezes que não tem compromisso nem com os trabalhadores, nem com o povo paulista. Por acreditarem que toda solução vem do "mercado", não titubeiam em aplicar receitas conservadoras e neoliberais, no sentido de ajustar uma empresa vocacionada para o lazer, a cultura,o ensino e o entretenimento de qualidade, para a configuração de uma TV sem qualidade. Por isso é imperativo que todos os trabalhadores, sejam eles jornalistas, radialistas, além de seu núcleo administrativo e artístico, se atentem ao seu único instrumento de defesa que é o Sindicato.

Somente um Sindicato classista e comprometido com essa visão de TV Pública, é que poderá liderar o combate a ser travado com quem tem apenas o interesse de atacar o conceito de TV Púlbica. O envolvimento da sociedade organizada e da população com os trabalhadores, é que poderá retroceder os ataques perpetrados e colocados em ação à emissora, no intuito de promover seu desmonte. A diretoria do Sindicato dos Radialistas, com a presença de seus diretores João e Sérgio Ipoldo, acompanham de perto as movimentações na emissora e de prontidão orientam todos os trabalhadores a se organizarem, pois somente a organização de classe é que pode combater, eficazmente, quem dilapida e destroi um patrimônio público como a TV Cultura.

Do Blog Pimentus Ardidus - 09.02.2011
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Leia mais

Depoimento de funcionário demitido da TV Cultura

Por Paulo Eduardo Franchini Fontes, no Luis Nassif Online

Eu sou um dos 150 dispensados da última leva e trabalhava no depto de computação gráfica da emissora como prestador de serviços “autônomo”. Sou um bom profissional e, como tantos outros, estou mais que apto a trabalhar em qualquer outra emissora ou produtora de vídeo, portanto não fico tão abalado financeiramente. O que me abala de verdade é a grosseria desse senhor João Sayad e seu staff .

Imaginem um imenso barco a vela, cheio de cabos complicados, sistemas de roldanas e marinheiros especializado, gente que domina a navegação há anos, sendo pilotado por um motorista de ônibus daqueles bem xucros que sabem dois comandos: acelerar e frear. Então, esse motorista é o Sr João Sayad comandando o veleiro, que é a Tv Cultura.

Nossa querida Tv Cultura, que tem uma história brilhante, por onde passaram profissionais das mais variadas áreas e onde tanta gente famosa e de talento fez carreira, hoje é palco de escândalos, corrupção e muita sujeira, (que ainda virá a tona) principalmente dos que não possuem qualquer sensibilidade artística ou cultural. Pelo contrário, são déspotas que assumiram o controle em nome de uma pretensa “limpeza” na estrutura da emissora, mas que na verdade estão demitindo somente quem verdadeiramente trabalhava lá.

Hoje, quem comanda a Cultura, são os verdadeiros cabides de emprego. Querem todo o dinheiro pra eles e que se dane o telespectador que assiste a Tv.

A Tv Cultura é um direito do público que paga impostos para ter uma Tv digna para suas famílias. Ela foi fundada sob esses auspícios e tenho convicção que qualquer alteração em sua programação, deveria ser feita em plebiscito e não por ditadores corruptos como esse e tantos outros que por lá passaram.

E tenho dito…

Do blog Onipresente - 11.02.2011

Atualizado em 13.02.2011