8 de jul. de 2009

AMA SEM ANTIBIÓTICO DEIXA OS PACIENTES NA MÃO

Gilberto Yoshinaga - do Agora - 07.07.09

Pacientes chegam com a receita médica nas mãos, não conseguem o medicamento desejado e também não são informados sobre como ou quando podem obtê-lo.

A cena se repete várias vezes por dia na AMA (Assistência Médica Ambulatorial) Vila Moraes, no Cursino (zona sul de SP). Segundo contagem feita entre anteontem e ontem pelo Agora, menos de um terço dos pacientes acha o remédio de que necessita --de 28 pessoas que procuraram remédios lá, 20 voltaram para casa de mãos abanando.

Vários medicamentos estão em falta, incluindo antibióticos, antialérgicos, xarope e até antidepressivos. O remédio mais barato que o Agora constatou estar em falta na AMA Vila Moraes é o indutor de sono Clonazepam, que nas farmácias custa R$ 8,27. O mais caro é o xarope Percof, que sai por R$ 18,73 nas farmácias.

Desorientados, os pacientes têm de procurar outros postos de saúde ou tirar dinheiro do bolso, como fez o instalador Manoel Messias dos Santos, 25 anos. "Faltei ao trabalho para procurar dois remédios para a minha mãe. Em três AMAs, não achei", lamentou ele, ontem, na unidade Vila Moraes. "Ninguém soube me dizer onde eu encontro [os medicamentos]. Vou comprar na farmácia."

Outro paciente que desistiu de contar com o serviço municipal e resolveu comprar os remédios foi Expedito Batista da Silva, 47 anos. Ele foi ontem de manhã à AMA Vila Moraes, mas não encontrou o antibiótico Azitromicina nem o xarope Percof para a mulher. "Fazer o quê? Vou ter que comprar", afirmou ele, ainda sem saber os preços dos dois produtos. Em uma farmácia, o Agora encontrou o primeiro sendo vendido a R$ 15,08. Já o xarope custava R$ 18,73.

Com problemas na perna esquerda, devido a um acidente de trabalho que sofreu, o ajudante José da Silva Durães, 34 anos, caminha com dificuldade, usando uma bengala. Em vão, ele foi à AMA Vila Moraes, anteontem, procurar remédios para a filha de nove anos. "Só me falaram que não tem, mais nada", contou ele, com dores na perna. "Vou continuar procurando em outros postos de saúde", disse.

Nota fiscal
A dona de casa Dalvani Maria de Souza, 48 anos, procurava anteontem o antialérgico Loratadina para sua filha de três anos. "As funcionárias falaram que não tinha e me recomendaram ir a outro posto de saúde", contou. Ela, então, foi à UBS (Unidade Básica de Saúde) Vila das Mercês, a um quilômetro dali, mas perdeu a viagem novamente.

Dalvani resolveu pagar R$ 10 em uma farmácia, ontem. "Não teve jeito. Se não comprasse, ficaria sem remédio", afirmou ela, que guardou a nota fiscal, na esperança de ser reembolsada pela prefeitura. "Mas eu não acredito que eles vão devolver esse dinheiro."

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