Kassab reduz refeição para alunos de creches
Gilberto Yoshinaga e Jorge Soufen Jr do Agora
Depois de cortar 20% da verba destinada à varrição pública, a gestão Gilberto Kassab (DEM) já coloca em prática uma nova redução de gastos, desta vez na alimentação das crianças matriculadas em creches municipais.
Com a mudança, diz o secretário municipal da Educação, Alexandre Schneider, o gasto médio mensal da prefeitura com a alimentação destinada às creches será 20% menor, caindo deR$ 2,85 milhões para R$ 2,28 milhões. A redução ocorre porque a prefeitura decidiu eliminar, a partir de segunda-feira, uma das cinco refeições que compõem o cardápio diário das crianças.
O argumento apresentado é de que o tempo de permanência das crianças nas creches diminuiu, desde janeiro, de 12 horas para 10 horas, e foi preciso readequar o cardápio. O corte na alimentação só não será feito nas creches conveniadas –mantidas por organizações sociais. Segundo a prefeitura, elas já estavam oferecendo apenas quatro refeições às crianças.
Com a medida, cerca de 60 mil crianças terão uma refeição a menos. Elas estão matriculadas nas 360 creches diretas e 301 indiretas –cujo espaço é cedido pela prefeitura, mas a administração é feita por entidades filantrópicas. A cidade possui ainda 651 creches conveniadas. Ao todo, as creches atendem 120.499 crianças em toda a cidade.
Em algumas unidades, o anúncio de que uma refeição será cortada do cardápio pegou de surpresa muitos pais de alunos. No CEI (Centro de Educação Infantil) Parque Novo Mundo, localizado na Vila Maria (zona norte de SP), os pais receberam um formulário com duas opções, para escolherem se preferem que seus filhos fiquem sem o café da manhã ou sem o jantar. Não autorizadas a levar este formulário para casa, as mães tiveram de preenchê-lo e deixá-lo na própria escola.
“A creche falou que o Kassab pediu para escolher: ou toma café da manhã e não janta na creche, ou não toma café da manhã e janta”, reclamou a recepcionista Fernanda Oliveira da Silva Lima, 24 anos, que tem uma filha de dois anos e meio matriculada lá. “Eu falei que não concordo, mas a creche informou que não pode fazer nada porque a determinação vem de cima. Não estou lutando só pela minha filha, mas porque muitas crianças precisam dessa alimentação”, prosseguiu.
A dona de casa Conceição dos Santos Umbelino, 23 anos, que tem uma filha de dois anos, também discorda do corte. “Sempre ouço dizer que o café da manhã é a principal refeição do dia. Não é possível que estejam cortando o café”, desabafa ela, que tem uma menina de três anos na creche. “Não acredito que a prefeitura quer economizar com a alimentação.”
Mães protestam e escola oferece só copo de leite no café da manhã
Gilberto Yoshinaga do Agora
Quando souberam que o cardápio de seus filhos perderia o café da manhã ou o jantar, mães de crianças matriculadas no CEI (Centro de Educação Infantil) Parque Novo Mundo, na Vila Maria (zona norte de SP), resolveram ir à subprefeitura protestar.
A ação deu certo –em parte. Ontem mesmo, souberam que, ao menos para aquela creche, a prefeitura não vai cortar totalmente o café da manhã: lá, será servido apenas um copo de leite.
No início da semana, as mães foram informadas de que deveriam optar por deixar seus filhos sem o café da manhã ou sem o jantar, e que prevaleceria a vontade da maioria. No levantamento feito pela creche, mesmo a contragosto, a maior parte das mães optou pelo corte do café da manhã. Algumas continuaram reclamando.
Uma nutricionista enviada pela prefeitura reuniu-se com as mães no final da tarde de ontem e disse que o café da manhã naquela unidade não será mais tirado do cardápio. “Em vez de eliminar o café da manhã, vão substituí-lo por um copo de leite, o que ainda não é um café da manhã ideal”, disse a dona de casa Roseane Paulino do Nascimento, 33 anos. “Tenho certeza que o pessoal da creche tinha falado que uma refeição seria cortada. Acho que a coisa mudou porque resolvemos reclamar”, afirmou.
“Por que não tiraram do cardápio os lanchinhos que são dados entre as refeições mais importantes?”, questiona a auxiliar de cozinha Maria de Jesus de Andrade de Lima, 48 anos, cuja neta de dois anos e nove meses estuda naquele CEI. “Eu até tenho como fazer comida em casa, mas muitas outras mães não têm tempo nem condições de complementar a alimentação que será cortada.”
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