Por Paulo Lima - 12.03.12
O “caso ECAD”, com os blogueiros, é o reflexo de um país que ainda tem dificuldades em entender que o compartilhar é um grande aliado ao conhecimento.
Entenda, caso não saiba sobre o assunto.
O Ecad
(Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) é o órgão que
recolhe e paga os direitos autorais de todos os músicos do país. O
problema é que este extrapola um pouco em sua função, chegando até a
cobrar música tocada em casamento (pois
é, por incrível que pareça). Precisamos questionar ainda alguns pontos
sobre o Ecad, principalmente quando falamos da arrecadação e
distribuição destes direitos, como aborda a matéria abaixo:
E a notícia que ganhou repercussão na blogosfera, foi que o Ecad cobrou um valor (a ser pago mensalmente) ao blog Caligraffiti, alegando
ser referente ao uso de vídeos sonorizados do YouTube em seu conteúdo
(vale lembrar que o YouTube já faz pagamento ao ECAD).
O pior de tudo é que o ECAD é protegida
por nossa legislação arcaica, ou seja, pela lei ele está certo, e pode
cobrar inclusive de pessoas físicas! Agora, achar brechas na lei para
arrecadar ainda mais dinheiro é um ato de boa fé? Será que tudo isso é
feito realmente a favor artistas? O também gostaria de levantar são
algumas questões que não podemos deixar passar em pleno século do compartilhar.
Por que não compartilhar?
Não entendo a insistente luta do artista
pelos direitos autorais. A internet abriu o leque para diversos
trabalhos na rede, inclusive muitos artistas surgiram ou cresceram pois
souberam utilizá-la, sem a mesquinharia de “isso é meu, pague por isso”. O que você pode compartilhar com o mundo,
a questão do compartilhar nos tempos atuais, levantando a
bandeira de que se você tem algo bom para compartilhar, deve fazer isso! Deixe o conhecimento fluir e
frutificar. A arte foi feita para emocionar, transmitir mensagens… o
dinheiro é consequência de um trabalho bem feito. Cobrar por direitos
autorais é censurar conhecimento e emoção (obviamente, tudo que for
compartilhado deve haver os devidos créditos).
Quem ganha com a divulgação dos vídeos?
Já sabemos que a venda de CDs (ou DVD)
não é mais (de longe) a maior fonte de renda dos cantores, por exemplo.
Como disse acima, quem soube adaptar-se (que inclusive é a lei do
mercado) melhor à essa nova realidade, não perdeu nada com a chegada da
internet. Ao divulgar um vídeo no YouTube, por que raios o artista
precisa receber se é ele quem ganha mais? É pelo YouTube que o artista
divulga seu trabalho, isso é inclusive estratégia de muitos. Esses dois
tópicos nos levam ao terceiro.
Blogs: o compartilhar x a divulgação
Independente se o blog tem fins
lucrativo ou não, ao escrever um post, o autor do mesmo está
compartilhando conhecimento, informação e, ao mesmo tempo, divulgando
tal artista. Fazemos isso sem cobrar nada. Não importa se o blog atinge 1
ou 1000 leitores com o post, se ele for sério, irá transmitir consigo
uma imagem boa do material que usar.
O que mais me entristece, é que sinto
uma censura “no compartilhar” vinda de diferentes formas. Isso é ruim
para o desenvolvimento e crescimento profissional das pessoas. Ainda
mais que essa censura está sempre ligada ao conhecimento. A
movimentação na Web precisa ser a favor da evolução, sempre. Mas parece
que no Brasil, principalmente os órgãos públicos, insistem em querer
emburrecer a população, visando sempre o lucro, com ganância e sem a
mínima vontade de lutar por um país melhor.
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