29 de jul. de 2009

Sobre estratégias

Por Eduardo Guimarães - 29.07.09

"está na hora de as forças políticas ... partirem para uma luta política dura e corajosa contra a coalizão tucano-pefelista-midiática"

Por mais que, às vezes, possa não parecer, sou uma pessoa altamente moderada. Minhas críticas a qualquer um podem ser veementes, mas sempre se situam acima da linha da cintura. Promovi manifestações públicas que reuniram centenas de pessoas e jamais houve qualquer tipo de queixa sobre a forma como eu e meus pares nos manifestamos.

Também sou um entusiasta da boa estratégia política, sobretudo quando é inteligente como a do presidente Lula, o único político brasileiro que conseguiu se imunizar contra os feitiços da imprensa tucana, mas só depois de ter sido acusado quase que diariamente por ela durante os últimos vinte anos (1989-2009).

Essa estratégia de Lula, porém, funciona para Lula, mas não necessariamente para todos no entorno dele, como se sabe. Na verdade, há dúvidas de que o presidente consiga transferir toda sua popularidade e sua imunidade a alguém.

Em São Paulo, por exemplo, esse poder falhou. Claro que foi em uma eleição regional, do tipo mais paroquial que há, onde a influência da política nacional mal toca a miríade de nuanças ali existentes. Mas, por outro lado, não está testado esse hipotético poder de Lula em qualquer outra esfera de poder.

Assim, apesar da minha moderação, acho que está na hora de as forças políticas que apóio partirem para uma luta política dura e corajosa contra a coalizão tucano-pefelista-midiática, na medida dos ataques que essa coalizão vem fazendo.

A estratégia de Lula para Lula

O presidente Lula é um homem de uma inteligência intuitiva e de um carisma que jamais vi em qualquer outro político. Quanto mais ele apanha da mídia e dos partidos – sempre com aquela serenidade, com aquela compostura, sem jamais perder a linha –, mais forte se torna.

Já disse aqui que acho que Lula se deixa vitimizar pelos adversários. Nem precisa se fazer de vítima, queixar-se ou sequer responder aos ataques que recebe, os quais, de tão baixos, chocam a qualquer um que tenha um mínimo de decência, como quando falam de seu defeito físico ou como quando o acusam de alcoólatra. Basta ele não reagir “à altura” ou se alterar.

É inteligente, esse homem. A sociedade brasileira passou duas décadas inteiras vendo-o ser acusado de tudo. Diziam que confiscaria a poupança em 1989 e foi seu adversário que confiscou; diziam que desvalorizaria o real se vencesse em 1998 e foi seu adversário quem fez; em 2002 diziam que faria o Brasil voltar a ter inflação e a regredir economicamente e ele fez o contrário.

Convenhamos, assim, que, além de sua inteligência política, Lula conta com grande ajuda de seus adversários. A injustiça contra ele é tanta que não dá para não nos solidarizarmos com ele.

A estratégia de Lula para não-Lulas

Porém, o presidente não pode esperar que ficar apanhando sorrindo e sendo cortês funcione também para os que o apóiam. Será preciso mostrar quem são os críticos não só de Dilma Rousseff, mas do partido de Lula e dos seus aliados. Será preciso dizer à sociedade que esses críticos são facciosos. E dizer escandindo cada letra da frase.

A estratégia da base de Lula para si mesma

Essa tem que ser diametralmente diferente da de Lula. Não dá mais para o PT, o PMDB e o resto dos partidos da base governista continuarem apanhando desse jeito. Devem representar contra aquilo que pesa à oposição no Senado, na Câmara, onde for. Devem denunciar seus adversários. E devem dizer que a mídia tem obrigação de fiscalizar os dois lados, inclusive onde a oposição federal é governo, seja estadual ou municipal.

A estratégia da sociedade

Mas não delegaremos os esforços de luta política somente aos políticos profissionais, pois somos todos, como direi?, “animais políticos” – não é assim que dizem os “entendidos”?

No parte que me toca desse latifúndio, digo a vocês que, em nome do Movimento dos Sem Mídia, no próximo mês farei nova manifestação ao Ministério Público Federal no âmbito da representação contra grupos de mídia na questão da epidemia inexistente de febre amarela que disseram que havia em janeiro do ano passado, o que provocou duas mortes e dezenas de internamentos por uso incorreto de vacina contra a moléstia.

Nessa representação, anexarei matéria da Folha de São Paulo publicada recentemente e as reações indignadas de especialistas e do próprio ombudsman do jornal qualificando tal matéria como alarmista, o que mostra que a demora da Justiça em julgar a representação do MSM está incentivando a imprensa a promover novos atos alarmistas, com os resultados que todos vimos recentemente nos hospitais públicos.

Além disso, o MSM está convencido de que o caso da ficha policial falsa da ministra Dilma Rousseff publicada pelo jornal Folha de São Paulo não pode ficar por isso mesmo. Admitir que falsifiquem documentos acusatórios contra qualquer brasileiro e, descoberta a farsa, que os que deram curso àquela difamação não respondam pelo crime que cometeram, é uma ameaça a todos, inclusive àqueles que hoje aplaudem esse tipo de crime.

Um comentário:

  1. Realmente,

    Precisa ter muita coerência no que se publica, divulga ou fala.
    A irresponsabilidade de vários profissionais nos meios de comunicação, não só aqui, como em outros países, podem agravar crises econômicas, ou outras situações, assunto muito discutido há décadas.
    Estes cidadãos deveriam ter mais atenção ao que se pensa, filtrar mais as informações, relacionar se aquele veículo ou aquela fonte está relacionada a quem? antes de lançar algo em seus escritos ou em suas falas.

    Abçs

    ResponderExcluir