10 de jan. de 2010

Educação: Ensino Técnico – Lula X FHC

Serra e FHC (são iguais), contra Lula, o progresso e desenvolvimento do país.

Blog Arnobiorocha - 10.01.10

Lula e as mudanças que não se enxergam

Devemos lembrar-nos do ano de 2002, para entendermos o Governo Lula e o exato contexto de mudanças:

Situação Política e Econômica pré Lula:

  1. Janeiro de 1999 uma desastrada maxi-desavalorização do real elevou de 1, 12 para 2,17 em apenas uma semana;
  2. O governo privatista FHC se esgotou em 15 dias após a posse;
  3. Os três anos seguintes foram de extrema letargia, baixo crescimento e todos os “ganhos” das grandes privatizações foram consumidos no imenso déficit das contas públicas;
  4. Iniciado o ano da sucessão a oposição comandada por Lula era amplamente favorita;
  5. Apesar da melhoria da economia em 2001 o governo politicamente estava derrotado;
  6. Abril de 2002 o Dólar estava no cambio flutuante no valor de R$ 2,32. O risco país em torno de 800 pontos (dados do BC);
  7. A candidatura governista e da imprensa e dos empresários o Sr José Serra não alça vôo é uma candidatura que ruma ao fracasso;
  8. Em meados de abril/2002 o Sr Luiz Fernando Figueiredo Diretor de Política Monetária do Banco Central modifica a política de prefixação de rendimentos dos fundos de investimentos. Antecipando os vencimentos dos títulos públicos fixados em dólar;
  9. A medida, aparentemente técnica, na verdade revela-se uma tentativa de golpear a oposição, pois com ela todos os índices econômicos são alterados radicalmente;
  10. Em um mês o dólar salta pra três reais, o risco país vai a 1500 pontos. A imprensa pró-FHC e seu candidato espalham boatos que a culpa deste desarranjo é a expectativa de Lula ser Presidente;
  11. Este clima de terror eleitoral foi maligno para o país entre o primeiro e o segundo turno o dólar chegará a 4,04 e o risco pais a 2500 pontos, o IGPM que remunera alugueis e tarifas publicas vai a 30%;

Lula recebe a “herança maldita”

O país acaba pedindo 25 bilhões de dólar ao FMI em Dezembro de 2002 e aumenta a taxa de juros para 23,5% ao ano. O novo governo tem de lidar com um país saqueado, política de terra arrasada.

Todos os planos de mudanças urgentes e estruturais serão adiados, pois se precisa primeiro não deixar o país falir de vez. Todo o esforço de Lula foi convencer aos empresários e investidores estrangeiros que ele não porá fogo ao país, não dará calote, não deixará de cumprir os contratos mesmo àqueles que foram draconianamente elaborados.

“herança maldita” na Educação

Óbvio que em todos os setores foram sacrificados, os ministérios sociais (Saúde, Educação) não ficaram imunes a este tempo bicudo. A educação foi entregue ao Sr. Cristovam Buarque, conhecido como grande produtor de idéias, mas se revela um gestor ineficaz, que mesmo com as restrições impostas pela política de poucos recursos foi incapaz de inovar na gestão.Sua gestão foi marcada praticamente uma continuidade da desastrosa gestão Paulo Renato, talvez o pior Ministro da Educação do Brasil.

Pouco também diferiu a gestão “tampão” de Tarso Genro, uma acomodação política às forças governamentais.

Fernando Haddad o grande salto

A grande mudança no governo Lula em relação à educação dar-se-á na gestão Haddad.

Seu grande mérito é a valorização da Educação pública de qualidade, em contraposição as políticas de diminuição da presença do estado na educação, com a imensa profusão de faculdades particulares.

O desmonte das universidades e escolas técnicas foi visível, o fechamento de concurso para contratação de novos professores, servidores, diminuição de vagas de novos alunos, a desmotivação por salários que ficaram oito anos sem reajuste, a defasagem de equipamentos quase levaram a total falência destes centros de educação.

Desde 1998, no auge das privatizações o Sr Paulo Renato intui que poderia dar o golpe fatal na educação federal proibindo a criação de novas escolas técnica e centro tecnológicos, numa visão de que a estadualização e municipalização cobririam este vácuo, mas no fundo a idéia era que a iniciativa privada, assim como nas universidades particulares que proliferavam, também cuidaria de abrir estas escolas. Provou-se infrutífera esta tentativa e as conseqüências é a falta desta mão de obra qualificada altamente necessária a economia de um país que pretende desenvolver-se.

O novo modelo de desenvolvimento experimentado iniciado em 2005 revelou a grande defasagem da formação técnica no Brasil virou uma contradição que no momento que o país passa a crescer de forma consistente tem-se a falta de profissionais, em particular os de nível médio.

A firme decisão de investir em novas escolas e centro tecnológicos está mudando um pouco esta realidade, porém ainda há muito há o que se fazer, pois a educação de base ainda é muito ruim, os novos esforços de melhorar a qualificação dos professores, bem como a conquista de um piso nacional salarial mais digno é o começo desta virada.

Sem dúvida há uma política diferenciada em relação ao governo anterior:

Governo anterior

a) Visão privatista;

b) Privilegiava a iniciativa privada;

c) Desmonte da educação federal de referência;

d) Qualidade medida sob parâmetros de Mercado;

e) Desvalorização do funcionário publico;

Governo atual

I) Visão Pública

II) Privilegiar a educação publica;

III) Novas escolas e universidades federais;

IV) Revalorização dos funcionários públicos;

V) Qualidade medida sob parâmetros sociais;

Problemas comuns

A lógica do mercado capturou muitos gestores públicos levando a uma falsa visão de que o que é público é ruim, de péssima qualidade, criando uma baixa auto-estima terrível e uma condição de debate político e ideológico extremamente desfavorável.

Agora com a queda do “muro” de Wall Streat, abre-se uma vaga para uma discussão mais justa sobre gestão pública x gestão privada.

------------------------------------------------------

Do Site Vi o Mundo - Azenha - 12.11.09

Emir Sader: Saia curta e privataria - Carta Maior - 10.11.09

Uma das maiores tragédias do neoliberalismo foi difundir amplamente o circuito de instituições de ensino privado pelo país afora. No Brasil, foi a “privataria” promovida pelo ex-ministro Paulo Renato – ex aluno, professor e reitor de universidade pública -, que depois passou a ser proprietário de entidade privada de assessoria a instituições privadas de ensino – via de regra, as mesmas que promoveu e autorizou a criação.

O que deveria ser direito, passou a ser mercadoria, bem a ser comprado no mercado, conforme o poder aquisitivo de cada um. A educação, que deveria diminuir as desigualdades originais das nossas sociedades, passou a multiplicá-las. A política de cotas – especialmente a partir do projeto de lei do governo federal, que reserva 50% da vagas de universidades públicas aos estudantes originários de escolas públicas – minora um pouco essa situação, se, resolvê-la.

A grande maioria dos estudantes universitários brasileiros está hoje em instituições privadas. Sem generalizar uma avaliação da qualidade do ensino nelas, pode-se dizer que o princípio de uma educação privada é ruim: paga-se para estudar, portanto, se se deixa de pagar, se deixa de ter o direito de seguir cursando. O princípio mercantil do custo-benefício preside essas instituições, que disputam alunos muito mais pelos preços que oferecem do que pela qualidade do ensino.

Há universidades e faculdades privadas, que mais parecem um shoping-center, em que fica difícil localizar onde está a secretaria, as salas de aula, o auditório, escondidos atrás de McDonalds e outras lojas. Sua visão mercantilista do ensino transforma definitivamente a educação numa busca de inserção no mercado. A grande maioria dos professores são superexplorados, ganham por hora-aula, sem contrato, não tem horário para pesquisa, nem carreira docente, trabalham em total precariedade.

O episódio de expulsão da moça que supostamente usava saia muito curta revela o universo desse tipo de instituição, supostamente de caráter educacional. Por si só – pelo comportamento maciço dos alunos e da diretoria da instituição – deveria servir para desqualificá-la como centro educativo. Provavelmente voltaram atrás na expulsão para tentar preservar o nome – o marketing – da Universidade e não porque consideram que foi uma decisão errada. Teve repercussões negativas “no mercado”, afetou o nome da empresa.

Um episódio como esse deveria servir para elevar em termos educativos, culturais, éticos, a todos os que participaram ou tiveram conhecimento dele. A direção da Universidade envolvida deve ser condenada e sua licença de funcionamento, questionada.

Trata-se de uma radiografia do que são esses espaços criados e formalizados pela privataria tucana. Muito mais arapucas de vender diplomas, centros comerciais, do que instituições que merecessem a classificação de educacionais.

Numa democracia a educação tem que ser gratuita, universal, pluralista, laica e de qualidade, para todos. Os que, por razões religiosas ou outras, querem matricular seus filhos em escolas religiosas, poderão fazê-lo, mas essas escolas não deveriam receber subsídios públicos, reservados para as escolas públicas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário