9 de nov. de 2011

Crianças do mundo inteiro, uni-vos!


As crianças têm toda a infância a perder se não soltarem a imaginação e abrirem as caixas de brinquedos para libertar a Esperança como uma pandorga livre no ar. Têm um mundo a sonhar e realizar como seus.

Crianças, coloquem em primeiro lugar, como ponto fundamental, a questão de se apropriarem de todas as terras para plantar flores e grãos com suas pás, baldes e regadores. Finalmente, unam-se para que todos as entendam em todos os países.

Em resumo, sejam a favor de tudo aquilo que as coloque a caminho dos jardins que esperam a revolução das estações com suas alegrias, com o sol, a lua, as estrelas, a chuva, o vento, o tempo.

Borboletas, abelhas, minhocas, passarinhos, todos se aliam a favor de seus sonhos. Em lugar dos antigos blocos de cimento duro ou asfalto seco,associem-se a cada um para que todos possam correr livres pelos jardins ecampos à espera de sua vida.

O seu poder, crianças, está para converter a secura das paisagens em florestas e bosques perfumados de doçura e sorrisos. Desapareçam, como que por encanto, todos os seus medos quando vocês se derem as mãos para isso.

Sim, isso poderá se realizar em 10 passos como no jogo de amarelinha, pé-ante-pé, indo das tristezas das paisagens que lhes foram dadas até além,onde o céu se põe em espetáculo de cores. Vamos, se abracem. Pulem! As crianças arrancarão de seus corações, pouco a pouco, todas as ervas daninhas que lhes foram plantadas pela tradição das escolas, como tem acontecido através dos séculos. Isso não acontecerá novamente neste maravilhoso jardim-de-infância.

Do mundo antigo há árvores que lhes foram mostradas lindas, como a da liberdade, a da justiça e tantas outras que jamais lhes foram dadas para brincar. Mas, em seu jardim, todas as novas árvores estarão verdes na primavera para vocês balançarem em seus galhos, e se deitarem às suas sombras nos dias de calor. Venham, tragam suas sementes para plantar de novo aquela Esperança.

Uma nova história começa a partir de sua semeadura. Que nos canteiros de flores sejam desmarcadas todas as fronteiras de sua meninice, para que seja conquistada a amizade entre todos, numa só pátria de solidariedade como flor desabrochada por seus anseios.

Meninas e meninos, tragam seus gracejos e sua vida! Venham com todos os seus brinquedos fazer casinhas nas árvores, reencontrar uma família de irmãs e irmãos que compartilhem a vontade de recriar os laços de ternura e afeto.

Brinquem, que as árvores e o jardim são de todos.

Inventem suas novas formas de brincar, esqueçam-se das pilhas e dos manuais de instruções de cada jogo que lhes foi ensinado. No amor e companheirismo dedicados uns aos outros poderão ser descobertas outras maneiras de contar e fazer histórias. Sejam livres para fazer a sua linda história de amor e solidariedade.

Crianças, que seus corações estejam abertos para compartilhar a riqueza de idéias e ideais de cada um. Que o futuro seja construído a partir de seus sonhos de ventura. Repartam, de mãos cheias de alegria, os abraços e cuidados para com tudo e todos. Construam, assim, seu mundo novo.

As flores e os frutos deste jardim são abundantes. Juntem suas mãos para colher mil buquês, façam suas cestas para depois irem repartir estas alegrias plantadas e descobertas. Repartam este jardim aos outros, chamem mais crianças para brincar, que estes campos são para todos. Unam-se.

Deixem os bancos enfadonhos das escolas que transformam as crianças em peças de máquinas, e dispersem-se pelos canteiros em busca do que aprender com seus novos amigos. Ah, crianças, abram suas asas da imaginação para tocarem-se e repartirem o que têm aprendido. Subam às árvores, iniciem hoje este processo de compartilhamento destes sonhos.

Continentes inteiros esperam sua chegada, crianças, para que da terra brotem as esperanças adormecidas. As cidades mortas, as casas vazias de ternuras, as estradas poeirentas, os campos aguardam sua vinda. Espalhem-se, recriem a natureza à imagem e semelhança de seus sonhos. Que a solidez das flores se desmanche no ar em bem-te-queros através dos seus perfumes.

Ah, crianças, que as manhãs de seus sonhos façam cair os véus das antigas e tristes noites de quando seus sonhos lhes foram retirados. Sejam corajosas, vivam seus ideais, despertem da sonolência que lhes foi imposta pelos contadores de uma história que lhes tirou a dignidade e os finais felizes. Em cinco pétalas e palavras: acordem, brinquem, vivam, realizem, sonhem.

Sorriam ao compartilharem suas flores, sentem-se à grama e recriem seus brinquedos. Inspirem as outras crianças adormecidas a brincarem também. Quando elas ouvirem suas gargalhadas saberão que podem se juntar à brincadeira e realizarem as vontades de sua imaginação.

Crianças, um mundo despedaçado em ruínas espera sua chegada para que novas formas de viver em alegria recrie a beleza para as futuras estações.

Um tempo de pás, de baldes, de regadores, enxadas, foices e martelos para que sejam derrubadas todas as cercas, muros e portões que as separavam de seus sonhos.

Crianças do mundo inteiro, uni-vos!

Leo Nogueira

Escrito em 1986, inspirado no Manifesto Comunista de Karl Marx e Friedrich Engels, de 1948, de trás pra frente... Legos de: Descartes, Nietzsche, Marx, Engels, Lenin, Che Guevara, Gorky, Carles Chaplin, Francisco de Assis, Van Gogh, Einsten, Gandhi e Pelé. Veja mais clicando aqui.

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