27 de fev. de 2012

Proibir o uso de sacolas plásticas resolve problemas ambientais?





A recente proibição do uso de sacolas plásticas em supermercados do Estado de São Paulo gerou críticas, aplausos e controvérsias. Há quem diga que a medida faz parte de um jogo político e econômico, no qual os estabelecimentos comerciais estariam embolsando o valor referente às sacolinhas já embutido no preço das mercadorias.

Outros defendem que o plástico é parte do cotidiano de todo o ser humano. Prático e reciclável, ele pode ser usado sem peso na consciência, pois tem destino "ecológico" e será novamente utilizado em outros objetos.

Há alguns anos já se cogitava o fim do uso das sacolas plásticas. Supermercados passaram a vender sacolas feitas com outros materiais resistentes e duráveis. Mas isso não foi suficiente para o consumidor se acostumar com o novo hábito.

Inúmeras manifestações de repúdio à proibição foram vistas nas redes sociais e em toda a mídia. Consumidores reclamaram da falta de alternativa para levar as compras para casa. Dá pra ver o quanto é penoso abandonar um hábito, mesmo que ele seja prejudicial a toda a vida no planeta.

Os números não parecem chocar a população, mais preocupada com a sua comidade na hora de consumir. Em todo o mundo, são produzidos 500 bilhões de unidades de sacolas plásticas, o que equivale a 1,4 bilhão por dia ou 1 milhão por minuto. No Brasil, 1 bilhão de sacolas são distribuídas nos supermercados mensalmente. Por mês, cada brasileiro consome em média 66 unidades.

A polêmica que envolve esse tema trouxe à sociedade discussões importantes e que não podem ser abafadas.

Se as sacolas para levar os produtos para casa não podem mais ser distribuídas, por que continuar permitindo o uso de saquinhos para embalar frutas e verduras? E como ficam os demais estabelecimentos comerciais, que continuam distribuindo plásticos para os consumidores carregarem todo o tipo de produto? Não seria sensato do ponto de vista ambiental que o hábito de levar sacolas retornáveis para fazer compras não ficasse limitado ao supermercado?

Outra questão que fica evidente é que ninguém sabe ao certo o tempo de decomposição de uma sacola plástica convencional de supermercado. Vemos na mídia números diversos, como 300, 400 ou 500 anos. Há muito mais dúvidas do que certezas quanto a esse material, e todos os outros utilizados como alternativa. Isso vale para o papel, o tecido, o papelão e o oxibiodegradável.

As sacolinhas oxibiodegradáveis são vendidas como se fossem as grandes salvadoras do meio ambiente, já que seu tempo de degradação é 100 vezes menor. Mas parece que elas também precisam ser consumidas com moderação. Alguns estudos técnicos afirmam que o aditivo químico contido nesse tipo de material também contamina o ambiente.

Dois pontos ficam claros. Um deles é a falta de disposição dos consumidores brasileiros em mudar velhos hábitos de consumo. E isso vai para muito além das sacolas plásticas. Outro fato é a necessidade de estudos científicos que embasem a proibição. É preciso desenvolver pesquisas que determinem o tempo de degradação dos mais diferentes materiais, e saber com mais exatidão o quanto cada um prejudica o ambiente em que vivemos. Por enquanto, muita coisa não passa de estimativa.

Somente agora essa história começa a ser passada a limpo. Um estudo realizado pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), desde outubro de 2011, vai comparar quatro tipos de materiais em igualdade de condições pelo prazo de um ano. Polietileno comum (sacolinha plástica), papel, TNT (sacola retornável feita de tecido não-tecido) e polietileno com aditivo para a degradação (oxibiodegradável) serão objetos da pesquisa.

Com argumentos mais precisos talvez não fique tão difícil convencer o consumidor.

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