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Alexandra Kollontai |
Por Glauco Pereira dos Santos - Blog Manifesto-me - 09.03.2012
É curioso que um dia após o Dia Internacional da Mulher tenha morrido a
mulher que primeiramente reivindicou o 8 de março como o Dia
Internacional da Mulher. Há exatos 60 anos falecia Alexandra Kollontai,
no dia 09 de março de 1952. Mas quem hoje se lembraria de uma pessoa
falecida há tanto tempo, “jogada na lata de lixo da história”, já que
foi uma comunista soviética de primeira hora? Poucos. Eu mesmo só me
apercebi da efeméride porque queria postar uma frase sua no Facebook,
por ocasião da proximidade com a data de ontem. Daí então, pesquisando
sobre a sua vida é que descobri que hoje faz 60 anos de sua morte, então
como não li nada sobre ela na data de hoje em lugar nenhum (seria
demais imaginar que o Google fizesse uma logomarca personalizada),
resolvi eu fazer a minha homenagem. A quem interessar possa.
Alexandra Kollontai foi uma das mais importantes ativistas da
reivindicação e promoção dos direitos das mulheres de fins do século XIX
e do século XX. Ela participou ativamente da revolução russa, apesar de
sua origem aristocrática. Seu pai era general do Czar.
Casada,
insatisfeita com a vida de dona de casa, dedicou-se à literatura, tendo
escrito um romance que retrata as infelicidades de uma jovem mulher de
sua época.
Cansada da “tirania do amor”, deixou o marido e o
filho para ingressar na vida política e poder estudar Economia na
universidade. Também trabalhou como voluntária, conhecendo de perto a
situação de pessoas extremamente pobres.
Ainda no século XIX, ingressou no Partido Social Democrata Operário Russo, de viés marxista.
No início do século XX esteve em Paris no mesmo período em que Rosa Luxemburgo lá esteve.
Em 1905, de volta à Rússia, presenciou “in loco” o “Domingo Sangrento”
em frente ao Palácio de Inverno, no qual operários em passeata pacífica
foram massacrados pelas forças do Czar.
No ano de 1906
participou do Congresso da Internacional Socialista como única delegada
da Rússia e iniciou um trabalho para reivindicar o 8 de março como dia
internacional de lutas das mulheres operárias, em homenagem às mulheres
estadunidenses queimadas em um incêndio criminoso numa fábrica de New
York.
Alexandra foi uma das primeiras mulheres a batalhar pela
organização setorial das mulheres no seio do movimento operário,
promovendo comícios específicos de mulheres.
Foi presa política na Alemanha e na Suécia antes da revolução de 1917.
Em 1917, foi a primeira mulher eleita para o Soviete de Petrogrado e
editou o jornal A Operária, além de organizar o primeiro congresso das
mulheres operárias de Petrogrado.
Com a revolução vitoriosa e a
tomada do poder pelos bolcheviques, Alexandra foi eleita para a
Assembleia Constituinte e logo depois é nomeada como Comissária do Povo
do Bem-Estar Social, o equivalente ao cargo de Ministra. Aliás, a única
mulher no ministério do primeiro governo revolucionário. Nessa condiçãoe
daí por diante, ela responsabilizou-se pela aprovação de um conjunto de
leis que determinavam a igualdade salarial entre homens e mulheres, a
criação de direitos de assistência, a aprovação de creches, o direito
ao voto para as mulheres, a direito ao divórcio e ao aborto. Foi também
Comissária do Povo para a Segurança (ou Assistência) Social, tendo
promovido também medidas para a proteção da infância e da maternidade,
Assim como Che Guevara, não tinha apego a cargos políticos, e, ao
divergir de Trotsky na condução da Iª Guerra Mundial (o comandante do
Exercito Vermelho defendia a assinatura de um tratado de paz bilateral
com a Alemanha), renunciou ao cargo de Ministra. Contudo, não abandonou a
militância política e organizou o Primeiro Congresso das Mulheres
Trabalhadoras de Toda a Rússia, no qual foi criado o Departamento de
Mulheres do Partido Comunista. Não foi a primeira a dirigir o
Departamento, mas foi a Segunda.
Em 1922, Alexandra Kollontai
aderiu à Oposição Operária, defendendo uma desburocratização do partido e
maior liberdade de discussão política para todos. Como prêmio, foi
destituída do cargo no Departamento de Mulheres, mas logo em seguida foi
designada para a carreira diplomática, tendo sido pioneira, mais uma
vez nessa área.
Ela tem uma vasta obra, não apenas novelística,
mas também na área da economia política, da psicologia social e da
política, com títulos como A situação da classe operária na Finlândia,
Base social da questão feminina, Sociedade e maternidade, Quem
precisa da guerra?, A classe operária e a nova moral, A nova mulher, O
comunismo e a família e A moral sexual.
Sobre o Dia da
Mulher, Alexandra tem um texto, com o mesmo nome, escrito em 1913, no
qual escreveu: “O Dia da Mulher é um elo na longa e sólida cadeia da
mulher no movimento operário. O exército organizado de mulheres
trabalhadoras cresce a cada dia (...) Uma força poderosa! Uma força com a
qual os poderes do mundo devem contar quando se põe sobre a mesa o tema
do custo de vida, da segurança da maternidade, do trabalho infantil ou
da legislação para proteger os trabalhadores”.
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