20 de mai. de 2012

No Chile, 200 mil estudantes vão às ruas pedir US$ 5 bi para educação pública

“É responsabilidade desta geração construir o verdadeiro Chile democrático”, diz líder estudantil Gabriel Boris


Efe

Victor Farinelli - Opera Mundi 

O movimento estudantil do Chile deu mais uma demonstração de força nesta quarta-feira (16/05) ao levar cerca de 200 mil estudantes às ruas do país para exigir uma reforma tributária que aumente o volume de recursos destinados à educação.

 

A nova mobilização organizada pela Confech (Confederação dos Estudantes do Chile) acontece vinte dias depois da primeira marcha (que reuniu 80 mil pessoas na capital e as mesmas 200 mil pessoas em todo o país, no dia 25 de abril). No dia seguinte daquela marcha, o presidente Sebastián Piñera anunciou um projeto de reforma tributária que previa um aumento máximo de US$ 900 milhões na arrecadação do país, que seriam integralmente investidos na educação. A Confech, que havia entregue uma proposta de reforma alternativa, considerou o projeto do governo insuficiente.


“A nossa constituição ainda é a da ditadura, o modelo educacional ainda é o da ditadura, a repressão às marchas e contra os povos originários também é igual. É responsabilidade desta geração terminar com tudo isso e construir o verdadeiro Chile democrático”, disse o presidente da Confech, Gabriel Boric, em um discurso em Santiago.

Segundo Camila Vallejo, líder estudantil que virou símbolo do movimento no ano passado, disse que o aumento do número de manifestantes “demonstra que o movimento estudantil é capaz de apresentar propostas para o país melhores que as apresentadas pelo governo”.

Ela anunciou que uma nova marcha será realizada no dia 21 de maio, em frente ao Congresso Nacional, na cidade de Valparaíso, durante a prestação de contas do presidente chileno ao Parlamento. Na ocasião, Piñera deverá apresentar um balanço oficial do que foi realizado no último ano e também uma agenda do que o governo pretende fazer em 2012 e nos primeiros meses de 2013.

Na manifestação, os estudantes homenagearam nove alunas do Liceu Feminino Carmelia Carvajal que foram expulsas por terem participado das marchas do ano passado. A decisão do prefeito da cidade de Providência, Cristián Labbé, já havia sido considerada inconstitucional pela Corte de Apelações da Santiago, no mês passado, mas não foi suficiente para provocar a reincorporação das jovens, já que o prefeito afirmou que esperaria a decisão da última instância judiciária. Na manhã desta quarta-feira (15/5), horas antes da marcha, a Suprema Corte chilena aceitou o recurso apresentado pelos advogados das estudantes.

Até o final do protesto, por volta das 14h (16h em Brasília), não foram registrados mais que pequenos incidentes isolados. A partir de então, quando a maioria dos estudantes já haviam deixado as imediações do Mercado Municipal, foram percebidos os primeiros confrontos entre um batalhão dos Carabineros (polícia militarizada chilena) e um grupo de pouco mais de cem estudantes encapuzados.

O confronto durou mais de meia hora. O primeiro saldo entregue pelas autoridades policiais registrou sete estudantes detidos e quatro policiais feridos, mas nenhum caso de maior gravidade.

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