O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, em sua participação no Roda Viva, ontem (22/6), foi questionado sobre a posição do Brasil diante das eleições no Irã, em que Mahmoud Ahmadinejad conseguiu se reeleger: “não cabe ao Brasil dizer o que o Irã tem que fazer. O Irã tem o sistema deles e cabe a eles decidirem o que deve ser feito”.
Sobre a influência do Brasil em casos internacionais, o ministro afirmou: “nós temos sim é que dar satisfação à opinião pública, mas não somos portadores de uma superioridade moral sobre outros países”.
Da Newsfree - 23.06
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Os Platinados e a eleição no Irã
Por Miguel do Rosário do Oleo do Diabo - 18.06 (Debate)
Daí que o Globo (e creio que seus primos paulistas enveredam pelo mesmo caminho) mergulhou de cabeça na campanha patrocinada pelo lobby armamentista para demonizar o Irã. Obama terá trabalho pra segurar o chifre desse touro brabo. Até aí eu entendo. Desde sua fundação, o Globo é cupincha servil dos interesses americanos, que os Marinho sempre colocaram muito acima dos interesses nacionais. O engraçado, e infantil, dessa história, é a tentativa de meter o Lula no imbróglio. Na terça ou quarta-feira (dia 16 ou 17 de junho), a primeira página da seção Mundo trazia um manchetão dizendo que o presidente brasileiro apóia Ahmadinejad, o mandatário iraniano reeleito com uma vitória esmagadora nas eleições realizadas semana passada. Manchete mentirosa, como sempre. Lula apenas dissera que as manifestações de rua no país eram choro de derrotados, e que não havia provas de fraude. Ora, é a pura verdade.
Não tenho nenhuma predileção por Ahmadinejad, embora eu confesse que estou quase chegando ao ponto em que tudo que o Globo diz que é bom, eu acho o contrário. Se o Globo é contra o Ahmadinejad, eu sou a favor. Do jeito que a coisa vai, em breve será muito fácil ter uma opinião política: ler o jornal de cabeça pra baixo. Bem, isso é ironia, desculpem-me.
Os platinados voltam à carga hoje. Só por ter feito observações lógicas sobre a necessidade de se respeitar um processo eleitoral, Lula virou o maior apoiador mundial de Ahmadinejad. É sempre assim. Todos os demônios (na opinião do Globo) do mundo são aliados de Lula. Em tudo de mal que acontece no planeta, lá está o dedinho do (ex)barbudo. Daqui a pouco vão dizer que Lula é culpado pela morte daquele jornalista da Folha, assassinado esta semana por Obama durante uma entrevista para a televisão. Vocês viram que espetáculo? Obama matou a mosca! Mas o PIG nacional irá dizer que foi o sapo (ex)barbudo que esticou sua língua, lá do outro lado do mundo, para apanhar o inseto.
Ahmadinejad foi eleito democraticamente em sufrágio universal. Alguém contestou a primeira eleição? Não, né? Ora, um presidente eleito uma vez com enorme vantagem sobre o adversário pode ser eleito uma segunda sobre outro concorrente. Se houve fraude, as instituições iranianas irão dizer. Não é grupinho de Twitter com alguns milhares de seguidores que decide eleição num país com 70 milhões de pessoas.
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Veja, também, artigo sobre o Irã e a eleição, 16.06.09, pelo diplomata indiano M. K. Bhadrakumar traduzido (abaixo).
Diplomata de carreira do MRE indiano, Bhadrakumar, serviu na União
Soviética, na Coreia do Sul, no Sri Lanka, na Alemanha, no Paquistão,
Uzbequistão, Kuwait e Turquia.
A política iraniana nunca é fácil de decifrar. A agitação criada em
torno do resultado das eleições presidenciais da 6ª-feira passada
intrigou muitos dos sempre presentes jornalistas e analistas
autoproclamados decifradores bem informados dos códigos políticos
iranianos. Tanto se escreveu sobre tantas pistas falsas que, hoje, já
ninguém parece saber quem é quem na disputa política no Iran, e o que
mais interessa a cada um.
O grande vitorioso foi o Líder Supremo, o Aiatolá Ali Khamenei; esse,
sim, alcançou vitória retumbante. A 'eminência parda' da política
iraniana, Akbar Hashemi Rafsanjani, é o perdedor, obrigado agora a
lidar com os efeitos de uma acachapante derrota.
Resta saber se, afinal, estará caindo a cortina, depois de encerrado o
último ato da tumultuada carreira do "Tubarão" -, apelido que 'colou'
em Rafsanjani, desde o tempo em que nadava no poço sem fundo de
intrigas que é o Parlamento (Majlis) iraniano. Naquele poço,
Rafasanjani acostumou-se a nadar sem qualquer restrição, como predador
político e como deputado porta-voz da Revolução Iraniana, desde os
primeiros dias.
Com a enormíssima porcentagem de 64% dos votos, o presidente Mahmud
Ahmedinejad venceu as eleições em 2009. E é difícil resistir à
tentação de escrever que, como a grande baleia de Herman Melville em
Moby Dick - a força, a fúria, a premeditação e a maldade -, Rafsanjani
foi profundamente ferido pelo arpão eleitoral; e resta-lhe agora
afundar, o mais silenciosamente possível, rumo ao esquecimento, no
oceano da política iraniana. Isso, é claro, se a política iraniana
fosse facilmente previsível; mas não é.
O governo do presidente Barack Obama nos EUA parece ter conseguido
adivinhar o que viria, ou interpretou corretamente o significado
alegórico da eleição iraniana; seja como for, antecipou-se ao
terremoto que viria, desencadeado pelo vingancismo de
Rafsanjani-Mousavi; e fez o melhor que havia a ser feito: manteve-se à
distância, cuidadosamente afastado das eleições iranianas, resultados,
protestos. Começa agora a parte mais difícil, para Obama: seduzir o
Conselho dos Anciãos que Khamenei preside como monarca quase absoluto.
Primeiro, um 'abecedário' das eleições.
Quem é Mir Hossein Mousavi, principal adversário que Ahmedinejad
derrotou nas eleições? É um enigma, travestido em mistérios.
Impressionou a juventude e as classes médias urbanas como reformador e
progressista. Jamais foi nem uma coisa nem outra.
Como primeiro-ministro iraniano, de 1981 a 1989, Mousavi jamais passou
de político linha-dura, sem qualquer refinamento político.
Estranhamente, a campanha eleitoral caríssima e over high-tech pôs em
circulação outro Mousavi, que ninguém jamais vira antes, no Iran: como
se o personagem tivesse sido desmontado peça a peça e, depois, se
tivesse remontado, ele mesmo, para outras finalidades operacionais.
Para avaliar a mudança, basta ler as declarações de Mousavi, em 1981,
depois da 'crise dos reféns' (como ficou conhecido o cerco de 444 dias
à embaixada norte-americanan em Teeran, quando estudantes, da jovem
guarda revolucionária iraniana mantiveram presos, no prédio da
embaixada, os diplomatas norte-americanos): "Foi o começo do segundo
estágio da revolução islâmica. Depois da tomada da embaixada dos EUA
descobrimos nossa verdadeira identidade islâmica. Depois daquela ação,
sentimos que podíamos enfrentar cara à cara a política ocidental e
analisá-la com a frieza com que o ocidente sempre nos analisou e
avaliou ao longo de muitos anos."
Há quem diga que Mousavi também participou da organização e criação do
Hizbóllah no Líbano. Ali Akbar Mohtashami, mártir reverenciado pelo
Hizbóllah, foi ministro do Interior no governo de Mousavi nos anos 80.
Mousavi também teve participação no 'affair' conhecido como "Irangate"
em 1985. O caso conhecido como "Irangate" foi negócio costurado pelo
governo Ronald Reagan, no qual os EUA forneceriam armas ao Iran; em
troca, Teeran trabalharia para obter que o Hizbóllah liberasse os
reféns presos em Beirute.
Ironia é que, naqueles idos dos anos 80s, Mousavi aparecia como
perfeita antítese de Rafsanjani; aliás, o primeiro ato de Rafsanjani,
quando afinal assumiu a presidência em 1989, foi demitir Mousavi.
Rafsanjani não perderia nem um segundo de tempo, com os delírios
"anti-ocidentais" de Mousavi, ou com suas manifestações de rejeição
visceral ao 'mercado'. A plataforma eleitoral de Mousavi foi uma
estranhíssima mistura de políticas contraditórias e interesses
ocultados mas muito claramente dirigidos para uma única meta, como uma
espécie de obscessão maníaca: retirar poderes da presidência da
República, no Iran.
Por isso conseguiu reunir autoproclamados 'reformistas' que apoiavam o
ex-presidente Mohammad Khatami, e, também as alas mais
ultraconservadoras do regime. Rafsanjani é o único político iraniano
capaz de reunir grupos tão completamente diferentes; e sempre
trabalhou ao lado de Khatami para fazer diminuir os poderes da
presidência da República.
Se se deixa de lado a 'oposição' cenográfica feita pelos habitantes
dos bairros ricos de Teeran ("multidão Gucci", como se disse em
Teeran), que cumpriu o papel de acrescentar cor, maquiagem, óculos 'de
griffe' e hinos pró-mercado à campanha de Mousavi, o núcleo duro de
sua plataforma política foram poderosos interesses que, nessa eleição,
fizeram sua derradeira tentativa para derrubar o regime liderado pelo
Aiatolá Khamenei. Por outro lado, esses grupos de interesse sempre se
opuseram furiosamente às políticas econômicas implantadas durante a
presidência de Ahmadinejad, políticas que ameaçaram o controle que
aqueles grupos sempre tiveram sobre setores-chave da economia, como
comércio internacional, educação privada, propriedade da terra e
produção agrícola.
Para quem conheça melhor o Iran, basta dizer que a família (clânica)
Rafsanjani é proprietária de vários impérios financeiros no Iran,
empresas de exportação-importação, latifúndios e da maior rede de
universidades privadas do país. O grupo, conhecido como "Azad" tem
mais de 300 universidades espalhadas pelo Iran; não são unidades
produtoras apenas de pensamento 'privatista', tb chamado 'neoliberal';
também serviram como importante instrumento de propaganda da
candidatura Mousavi: no total, foram cerca de 3 milhões de estudantes
ativistas anti-Ahmadinejad, organizados nas universidades da família
Rafsanjani.
As universidades do grupo "Azad" e grupos associados foram a espinha
dorsal da campanha de Mousavi nas províncias. A ideia geral foi
mobilizar os estudantes das universidades do grupo "Azad" para levar a
campanha até os mais pobres nas provínciais e 'desmontar' as bases
consideradas chave para a reeleição do presidente Ahmadinejad.
Rafsanjani é político cujo estilo sempre o levou a construir redes
extensas em praticamente todos os escalões da estrutura do poder, com
especial atenção a corpos político-administrativos como o Conselho de
Guardiães, o "Expediency Council", os clérigos Qom, o Parlamento, os
tribunais, a burocracia, o bazaar e, até, com elementos infiltrados
nos grupos mais próximos de Khamenei. Construídas suas redes,
Rafsanjani põe-se a jogar com esses bolsões de influência.
O eixo Rafsanjani e Khatami foi a base da plataforma política de
Mousavi, que reuniu reformistas e conservadores. Tudo estava preparado
para levar a eleição para um segundo turno, dia 19/6, com o Iran, sim,
já completamente dividido ao meio. A candidatura do ex-comandante do
Corpo de Guardas Revolucionários Iranianos [ing. Iranian Revolutionary
Guards Corps, IRGC] foi incluída na disputa para arrancar uma fatia de
votos dos mais conservadores.
Esperava-se também que o programa "reformista" do quarto candidato,
Mehdi Karrubi, contribuísse para arrancar votos de Ahmedinejad,
mediante a propaganda de políticas econômicas de justiça social, como
o programa imensamente popular de distribuição da renda do petróleo
entre os cidadãos, em vez de esses lucros serem acrescentados
diretamente no orçamento do governo.
O plano de Rafsanjani visava, de certo modo, a levar a eleição para
fora da disputa eleitoral; esperava-se que Mousavi capitalizasse todos
os votos 'anti- Ahmedinejad' - estimando-se que Ahmedinejad teria, no
primeiro turno, 10-12 milhões dos 28-30 milhões de votos (de um total
de 46,2 milhões de eleitores). Por esses cálculos - mas só se houvesse
2º turno - Mousavi seria o grande beneficiário, se os votos para Rezai
e Karrubi fossem essencialmente votos 'anti-Ahmadinejad'.
O regime já estava bastante envolvido na campanha eleitoral, quando
afinal percebeu que, por trás do clamor por 'mudanças', Rafsanjani
trabalhava, de fato, contra, sobretudo, a liderança de Khamenei; a
batalha eleitoral não passava de simulacro e pretexto.
De fato, a luta entre Rafsanjani e Khamenei tem longa história, desde
o final dos anos 80s; e foi, então, vencida por Khamenei, que assumiu
a liderança em 1989.
Rafsanjani foi um dos indicados pelo Imam Khomeini para o primeiro
Conselho da Revolução Islâmica; Khamenei chegou bem depois, quando o
Conselho aumentou o número de membros. Por isso, Rafsanjani sempre
cultivou um ressentimento; sempre entendeu que Khamenei usurpou o
lugar que seria seu, como Líder Supremo. O establishment clerical mais
próximo de Rafsanjani difundiu a ideia de que Khamenei não teria as
credenciais religiosas necessárias; que seria indeciso; e que o
processo eleitoral seria questionável, o que gerou dúvidas sobre a
legalidade do poder de Khamenei.
Clérigos de prestígio, estimulados por Rafsanjani, insistiram na ideia
de que o Líder Supremo não seria apenas autoridade religiosa
(mujtahid), mas deveria ser também fonte de emulação e proselitismo
(marja ou um mujtahid com 'adeptos', seguidores religiosos) e que
Khamenei não satisfaria esse requisito; mas Rafsanjani, sim.
Os ataques contra Khamenei passaram a ser construídos a partir do
argumento, vil sob vários aspectos, de que sua educação religiosa não
seria satisfatória. O trabalho de desconstrução, pelos clérigos
ligados a Rafsanjani, continuaram até os primeiros anos da década dos
90s. Então, Khamenei escolheu recolher-se e permaneceu recolhido,
consciente de que estava sob cerco, durante os anos em que Rafsanjani
ocupou a presidência (1989-1997).
Resultado disso, Rafsanjani foi o presidente que mais poder teve, em
todos os tempos, em Tehran. Mas enquanto isso, Khamenei, recolhido,
também construía novos poderes. Se não tinha prestígio entre a elite
do establishment clerical iraniano, cuidou de atrair para seu lado o
establishment da segurança, sobretudo o ministro da Inteligência, os
Guardas Islâmicos Revolucionários e as milícias Basij.
Enquanto Rafsanjani mais e mais se envolvia com os clérigos e com o
'mercado', Khamenei procurou apoio num grupo de jovens políticos
brilhantes, com experiência de organização e de luta, e que estavam
voltando ao Iran depois da guerra Iran-Iraque; por exemplo, Ali
Larijani, atual líder do governo no Parlamento; Said Jalili, atual
secretário do Conselho de Segurança Nacional; Ezzatollah Zarghami,
presidente da Rádio e Televisão Estatais; e, sim, também o próprio
Ahmadinejad.
O poder político real começou a tender na direção de Khamenei, depois
de ele ter atraído para seu campo os Guardas Revolucionários e as
milícias Basij.
Quando o mandato presidencial de Rafsanjani chegou ao fim, Khamenei já
comandava os três principais braços do poder governamental e toda a
mídia estatal; já era comandante-em-chefe das Forças Armadas e,
também, de várias instituições estatais, como a "Imam Reza Shrine" ou
a "Fundação pelos Oprimidos", máquinas praticamente ilimitadas para
gerar apoios políticos.
Hoje, toda a estrutura de poder assumiu a forma de um complexo
aparelho de liderança patriarcal. Analistas bem informados e sensíveis
anotaram, com precisão, que Ahmadinejad não teria qualquer interesse
pessoal ou eleitoral que justificasse atacar diretamente Rafsanjani,
durante o debate do dia 4/6, em Teeran, com Mousavi. O ataque a
Rafsanjani não foi ataque eleitoral: foi ataque em disputa política
mais profunda.
Ahmadinejad disse, naquele debate: "Hoje, nesse debate, não enfrento
apenas o Dr. Mousavi, nem ele está sozinho, aqui à minha frente. Aí
estão três governos passados: do Dr. Mousavi, do Dr. Khatami e do Dr.
Rafsanjani, todos reunidos contra a minha presidência e o desejo dos
eleitores iranianos." Mirou e atirou diretamente contra Rafsanjani,
acusando-o de organizar golpe contra as eleições. Disse que Rafsanjani
prometera à Arábia Saudita que não haveria segundo governo de
Ahmadinejad.
Rafsanjani respondeu fogo com fogo, dias depois, em carta a Khamenei,
em que exigia que Ahmadinejad se retratasse, "para evitar que
[Rafsanjani] fosse forçado a tomar medidas judiciais cabíveis".
"Espero que o senhor resolva esse impasse, e apague o fogo, cuja
fumaça já se vê de longe; e que evite desdobramentos perigosos. Mesmo
que eu estivesse disposto a relevar esse tipo de agressão, não duvide
de que há gente, partidos, grupos, facções, que não a relevariam" -
Rafsanjani ameaçou Khamenei sem meias-palavras.
Simultaneamente, Rafsanjani convocou toda a sua base clerical: uma
claque de 14 altos clérigos reuniram-se em Qom, à volta dele.
Já foi ato de desespero, acionado por interesses ocultos que já sabiam
do crescimento muito significativo dos movimentos dos Guardas
Revolucionários, nos últimos anos. Mas, se Rafsanjani supusera que
seria fácil criar um 'motim' entre os clérigos, e que isso
'desequilibraria' Khamenei... errou muito gravemente no cálculo do
poder político em Teeran.
Khamenei fez o que de melhor poderia ter feito para esvaziar o
'movimento' golpista de Rafsanjani: Khamenei simplesmente ignorou o
"Tubarão". Dezenas de milhões de voluntários da Guarda Revolucionária
e das milícias Basij foram rapidamente mobilizados para votar;
somaram-se aos milhões de pobres das áreas rurais que se veem
manifestos em Ahmadinejad. Daí em diante, foi só esperar que se
repetisse o que já acontecera nas eleições de 2005. O comparecimento
às urnas - 85% dos eleitores votaram - foi o maior da história do
Iran. Esse comparecimento às urnas, não qualquer tipo de 'fraude'
eleitoral, determinou a vitória de Ahmadinejad, sem 2º turno; horas
depois de anunciados os resultados, Khamenei aplaudiu o comparecimento
dos eleitores às urnas, que, segundo suas palavras, mereceria
"verdadeira celebração".
Disse Khamenei: "Congratulo-me (...) com o povo iraniano por esse
sucesso de todos. Todos temos muito o que agradecer, por tantas
bênçãos recebidas". Preveniu os jovens e "os que apoiam o candidato
eleito e demais candidatos e apoiadores", para que todos se
mantivessem bem alertas, "para evitar os discursos e as ações de
provocação."
A mensagem de Khamenei a Rafsanjani foi bem clara: aceite a derrota e
não voltei a me envolver em movimentos golpistas. Os resultados da
eleição de 6ª-feira asseguram que a casa do Aiatolá Khamenei, Líder
Supremo, continuará a ser o ponto focal do poder político no Iran. É o
quartel-general do Presidente, das forças armadas iranianas e,
sobretudo, dos Guardas Revolucionários. É fonte legítima do poder dos
três braços do governo e é ponto nodal de todas as políticas
econômicas, de segurança e de relações internacionais no Iran.
O presidente Barack Obama já deveria já estar pensando em construir
caminho para aproximar-se (amistosamente, não beligerantemente, nem
mediante sanções econômicas) e buscar vias de entendimento com o
Aiatolá Khamenei. Difícil imaginar desafio maior e mais complexo.
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