25 de jun. de 2009

Universidade Virtual de São Paulo é projeto irresponsável. A contragosto da professora Lizete, Universidade Virtual de SP deve sair do papel

Por Azenha - Vi o mundo - 25.06

Origem Rede Brasil Atual

Para professora da Faculdade de Educação da USP, Lizete Arelaro, projeto é irresponsável ao não ouvir ninguém contra a Univesp e ao prever formação a distância de educadores

Por: João Peres

Publicado em 24/06/2009

A Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp) está ficando mais real do que gostariam alguns setores da academia. Ainda que esta semana o Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp) tenha decidido adiar o início do curso a distância de Licenciatura em Ciências da USP, previsto inicialmente para o segundo semestre, trata-se apenas de postergar os fatos.

Em nota, a Universidade informou que o começo dos trabalhos depende de estabelecimento de convênio específico com a Secretaria de Ensino Superior “que garanta o financiamento das atividades e da infraestrutura necessária para seu desenvolvimento com vistas à qualidade que permeia os cursos de graduação”.

Em momento algum o comunicado fala que a USP abriu mão do projeto da Univesp, reivindicação apresentada por professores, funcionários e alunos em greve. Mais do que isso, a Secretaria de Educação Superior confirmou à Rede Brasil Atual que o edital com o processo de seleção para o curso de Pedagogia da Unesp será lançado em agosto e as aulas podem começam em setembro – o Núcleo de Educação a Distância da Unesp, no entanto, pondera que não há pressa e que as aulas só terão início quando estiverem contempladas todas as necessidades. Haverá ainda uma especialização em Ética, Valores e Saúde na USP Leste.

Para a professora Lisete Arelaro, da Faculdade de Educação da USP, a Univesp corresponde a uma lógica de ensino do PSDB que tem muita força desde o governo Fernando Henrique Cardoso. Ela ressalta uma tentativa evidente de privilegiar oligopólios privados no setor e a Universidade Virtual encaixa-se nesse caminho como uma espécie de aval para que as faculdades particulares formulem seus cursos a distância.

A maioria dos críticos do projeto destaca que o correto seria que o ensino não-presencial fosse meramente um complemento dos debates em sala de aula. “É uma irresponsabilidade que efetivamente a gente comece por aquilo que uma maioria da área de educação tem uma clareza, qualquer professor sabe que a formação inicial é fundamental na atuação de um jovem”, afirma Lisete Arelaro.

O professor Klaus Schlünzen Junior, coordenador do Núcleo de Educação a Distância da Unesp, destaca que o curso foi pensado para quem já atua dentro de sala de aula e que “o uso da modalidade a distância visa suprir a falta de conhecimento teórico e oportunizar uma formação teórico-prática para este professor ‘prático’”.

Como muitas das leis da gestão José Serra, a Univesp foi criada por decreto, o que gera novas críticas devido à falta de diálogo, problema que seguiu existindo nas discussões sobre a condução do projeto. O Comitê Diretivo da Univesp é constituído por 25 pessoas, todas elas integrantes das secretarias de Educação ou de Ensino Superior, reitores e pró-reitores das universidades estaduais e presidentes de fundações.

Para a professora da USP, “essa discussão é precipitada, sem estudos que fundamentem uma posição. Não temos nenhuma situação no estado de são Paulo, estado que tem o maior número de professores titulados, que justifique você abrir um curso com milhares de vagas a distância”. A docente critica também a existência de tutores que serão responsáveis pela condução de diversas disciplinas: “estamos instalando a polivalência no ensino superior sem discutirmos o que isso significa. Como se de repente tivéssemos adquirido competência para falar de Sociologia, Psicologia, História da Educação, Financiamento, tudo isso num mesmo nível. É um equívoco. É importante dizer que os países avançados nunca adotaram formação inicial a distância”.

Para o governo estadual, a Universidade Virtual é uma possibilidade única de ampliação de vagas no ensino superior e de formação de professores. Um dos argumentos é justamente a debilidade do estado em formar docentes para a educação básica. No anteprojeto da Univesp está pontuado que, como São Paulo tem 60 mil professores do ensino básico apenas com ensino médio completo, “fica clara a queda de rendimento da aprendizagem dos alunos da Educação Básica do estado de São Paulo quando comparados a dados gerais brasileiros e mesmo em comparação a outros estados”.

Dentro deste argumento há outro que é a necessidade de formar profissionais para áreas em que exista um déficit. Para Lisete Arelaro, é impossível entender o critério pelo qual as universidades estaduais paulistas aceitam formar profissionais a distância. “Nos estudos estatísticos e em todos os concursos realizados no estado de são Paulo, nunca faltou pessoal qualificado para dar aula. Tem um problema que o governo do estado faz questão de desconhecer que é o baixo salário. Não é estimulante para o jovem ir para a rede pública porque ele ganha extremamente mal e ele tem opções muito mais interessantes”, afirma.

3 comentários:

  1. Thaís Maria Sperandio25/06/2009, 14:01

    muito bom o texto. Vou colocar em meu blog também.

    ResponderExcluir
  2. A irresponsabilidade chega a ser criminosa, quando o Zé Serrágio serra toda a estrutura da universidade. Estrutura baseada no tripé ENSINO - PESQUISA - EXTENSÃO.
    Como aliar a extensão à distância???
    Como pesquisar sem ler livros em bibliotecas, sem entrevistar, sem assistir defesas de teses e dissertações???? Como explicar, então, o ensino sem ser dialógico (pedagogia do brasileiro Paulo Freire, reconhecida internacionalmente, baseada em discussões em grupo, onde há trocas de idéias, experiências, opiniões, que uma máquina não é capaz de expressar, ao menos na qualidade do ser humano) ????
    Serra quer por fim à Universidade!!! Não deixemos, vamos às mobilizações e, principalmente, boicotemos a mídia gorda, FORA PIG!!
    naotecalaseducador.blogspot.com

    ResponderExcluir
  3. Thais e Educador que não cala.
    Acompanhe a minha página, algumas
    matérias de jornais tem que ser muito bem filtrada, da Folha, Estadão, o Globo, das revistas da Editora Abril.
    Apesar de possuírem as informações, que acompanham pelo diário oficial e tudo mais,
    algumas linhas ou parágrafos, de vários jornais, são maquiadas e distorcidas.
    Muitas informações não são divulgadas pelos próprios por fazer parte do PIG.
    Veja no meu blog e acompanhe os jornalistas que estão muito antenados com os fatos reais, sem distorções ou omissões, principalmente vocês que tem blog, temos que ter cuidado com o que divulgamos, por que sem saber acabamos divulgando o que eles querem, e não a verdade.
    O real interesse, dos governos do Estado ou do município de São Paulo, desmobilizar, desmoralizar ou desqualificar as lutas de qualquer classe profissional, para dar continuidade as terceirizações (primeira atuação em todos os serviços - merenda, limpeza) e sem licitação, para depois privatizar.
    Como os blogs, internautas e jornalistas ficam em cima, buscando todas as falhas, ai eles lançam uma notícia de que haverá concurso, ou que terá licitação. O problema disso é que fazem da forma (tecnocrata)e não adequada ao que é necessário, não atende a demanda e a qualidade cai abruptamente.
    Se não tomarmos cuidado a escola ou a universidade pública será privatizada.
    É por isso que estão demorando para contratar, lançar concurso público.
    Vá na minha página, busque por assunto, pig, educação, São Paulo etc, para obter as informações reais.
    Nosso grupo está crescendo cada vez mais, são vários blogueiros, professores, coordenadores etc.
    Um assina matéria do outro e divulga em suas cidades, até em outros estados.
    Vá na minha página e
    informe aos seus colegas, envie links para que tenham a informação.
    Precisamos nos unir e garantir a educação, de qualidade, para os nossos filhos e para a sociedade, todos temos direito.
    Gde Abç

    ResponderExcluir