28 de jun. de 2010

São Paulo ganha um pedágio a cada 40 dias

Desde 1998, quando começaram as concessões, 112 praças de cobrança foram inauguradas no Estado – no resto do país, existem 113.

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Felipe Grandin – Jornal da Tarde

A cada 40 dias, uma nova praça de pedágio é inaugurada nas estradas de São Paulo. O número equivale aos 112 postos de cobrança instalados nas rodovias desde o início da privatização das estradas paulistas, em 1998. O Estado concentra mais da metade dos pedágios do Brasil. São, ao todo, 160 pontos de cobrança em vias estaduais e federais, ante 113 no resto do País, segundo a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR).

A segurança e a qualidade das rodovias melhoraram nos últimos 12 anos, mas os altos preços cobrados se tornaram alvo frequente de críticas dos motoristas. E vai subir mais a partir de quinta-feira, 01. Para se ter uma ideia, ficou mais barato viajar a outro estado do que internamente. Cruzar de carro os 404 quilômetros entre a capital paulista e Curitiba, no Paraná, custa R$ 9 em tarifas. Já para cobrir distância semelhante até Catanduva, por exemplo, é preciso desembolsar R$ 46,70.

Isso se explica, em parte, pelo modelo adotado no programa de concessões paulista. As licitações, em 1998 e 2009, levaram em conta o montante que as empresas ofereciam ao estado para ter a concessão, a chamada outorga onerosa. A vantagem é que esse dinheiro pode ser aplicado em novas estradas. Por outro lado, o valor é repassado aos motoristas.

Já o modelo adotado pelo governo federal dá a concessão àquele que oferecer a menor tarifa. O benefício é o preço mais baixo. A desvantagem, a falta de verba para investir. As rodovias Fernão Dias e Régis Bittencourt, privatizadas em 2008 por esse sistema, continuam em estado precário.

As rodovias estaduais não têm esse problema: ocupam as dez primeiras posições entre as melhores do País, segundo pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes. E são aprovadas por 93,6% dos usuários, de acordo com a Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp).

Mas isso tem um preço, que incomoda muitos paulistas. Segundo estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em 2007, o pedágio estadual é um dos mais caros do mundo, superando autoestradas da Europa e dos EUA. Hoje, a média é de R$ 0,14 por quilômetro.

A Artesp alega que as outorgas permitiram o investimento de R$ 12 bilhões na ampliação e modernização de 5,2 mil quilômetros de rodovias. Ações que contribuíram para reduzir em 40,9% as mortes nas rodovias.

Protesto. No interior, moradores descontentes criaram o Movimento Estadual Contra os Pedágios Abusivos de São Paulo, que defende, entre outros pontos, a revisão das contratos


Em Indaiatuba, cobrança divide colônia suíça

Moradores reclamam que pedágio afetou a economia da região e bloqueou direito de ir e vir

Felipe Grandin – O Estado de S.Paulo

O agricultor Pedro Wolf passou dois anos estudando paisagismo na França para plantar violetas em seu sítio em Indaiatuba. Ao voltar, gastou R$ 60 mil em uma moderna estufa, com sistema de irrigação, controle de temperatura e ventilação especial para suas flores. O negócio ia bem até 2007, quando os clientes simplesmente pararam de chegar.

Naquele ano foram instalados bloqueios de pedágio na entrada do bairro Helvetia, onde está a propriedade de Wolf e por onde se acessa a Rodovia Santos Dumont. Para comprar as tulipas, os clientes passaram a pagar para entrar e sair. “Ficou mais barato comprar em Holambra”, lamenta.

Aos 58 anos, o agricultor hoje planta verduras, que vende na região pela metade do preço. E afirma que o dinheiro da estufa foi jogado fora. “Estão acabando com a fonte de sobrevivência e expulsando o pequeno produtor”, diz.

Assim como Wolf, outros habitantes da região se sentem prejudicados pela instalação do bloqueio, que, segundo eles, afetou a economia e afastou visitantes. A barreira dividiu ao meio a comunidade (que fica dos dois lados da estrada). Com isso, é preciso pagar para ir de uma parte a outra.

Helvetia é uma colônia suíça formada por imigrantes que chegaram ao Brasil em 1854. Das 26 famílias saídas da cidade de Obwalden, restam 400 descendentes. Quem usa carro com placas de Indaiatuba não paga pedágio. Mas o restante dos cerca de 8 mil descendentes de suíços que frequentam a colônia – e se reúnem nos fins de semana em eventos folclóricos e festas -, sim.

“Atrapalha a vida religiosa e social”, diz o secretário paroquial da Igreja de Helvetia, Hélio Amstalden, de 66 anos. “Só para chegar à missa, é preciso pagar R$ 17,60 (ida e volta). Bloquearam nosso direito de ir e vir. Cobram pedágio apenas para atravessarmos a estrada.”

Rota de fuga. A Colina, concessionária da Rodovia Santos Dumont, informa que o bloqueio foi instalado para impedir que a colônia fosse usada como rota de fuga do pedágio principal. Diz ainda que os carros de Indaiatuba estão isentos e a instalação da praça foi autorizada pelo governo estadual.


Os preços serão válidos para carros a partir de quinta-feira, 1º de julho:
CASTELO BRANCO
Itapevi: R$ 5,80
Itu: R$ 7,90
Osasco (marginal): R$ 2,90
Barueri (marginal):R$ 2,90
Boituva: R$ 6,55
Boituva (bloqueio): R$ 6,55
Itatinga: R$ 8,95
Iaras: R$ 6,00
Quadra: R$ 8,95

ANCHIETA-IMIGRANTES
Cônego Domênico Rangoni: R$ 8,50
Padre Manoel da Nóbrega: R$ 5,00
Anchieta: R$ 18,50
Imigrantes (Diadema): R$ 1,25
Imigrantes (Eldorado): R$ 2,50
Imigrantes (Batistini): R$ 4,15
Imigr. (Piratininga): R$ 18,50

BANDEIRANTES
Campo Limpo: R$ 6,35
Caieiras: R$ 6,35
Itupeva: R$ 6,35
Sumaré: R$ 5,60
Limeira: R$ 4,25

AYRTON SENNA – CARVALHO PINTO
A. Senna (Itaquá): R$ 2,40
A. Senna (Guararema): R$ 2,30
C. Pinto (S.J. dos Campos): R$ 2,30
Carvalho Pinto (Caçapava): R$ 1,75

RODOANEL MÁRIO COVAS
Todas as praças: R$ 1,35

Por Luis Favre - 28.06.2010

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