O telespectador ou ouvinte de uma TV ou rádio, começa seu dia sabendo tudo sobre o que ocorre nos grandes centros urbanos do país, como trânsito, tempo, comércio e entretenimento. Informação nunca é demais, não fosse o fato de que a maioria desses telespectadores ou ouvintes, muitas vezes, vive a centenas de quilômetros destes centros urbanos...
A programação e o conteúdo dos grandes veículos de comunicação privilegia a informação produzida nos grandes centros, esquece a periferia, ignora as manifestações culturais locais, mas quando o fazem, as reproduzem a partir de seus recursos, humanos e técnicos próprios e não daqueles que produzem, genuinamente, tais produtos culturais in loco.
A democratização da informação passa pelo local, pelas manifestações culturais, das mais diversas regiões e micro-regiões país adentro. Pausterizar a informação do centro para os subúrbios, de cima para baixo, não atende a todos, descaracteriza o local, perde-se componentes históricos daquilo que comunidades historicamente representam ou são identificadas.
Da forma como é hoje, a maneira como os grandes veículos de comunicação tratam a informação, apenas contribui para a concentração do negócio nas mãos de poucos grupos, estendendo o alcance de marcas pelo interior do país, com programação central, destruindo ou absorvendo milhares agentes de comunicação no Brasil, tornando-os meros repetidores da "informação do centro", ocupando pouco espaço com o que é produzido no local.
A disseminação da informação é um negócio cada vez mais orientado pelo retorno fácil, em que a produção massificada contribui para o controle desses resultados, em detrimento de qualquer iniciativa local. A informação aqui descrita não se trata apenas de noticiário, mas de toda sorte de informação cultural, política, econômica, histórica. A concentração que hoje existe apenas serve aos interesses comerciais deste mercado, não há qualquer proteção ao que pode ser produzido nos rincões do país, o Estado brasileiro precisa entrar nessa arena e estabelecer nortes, protegendo o interesse social do interesse meramente comercial.
Uma legislação que obrigue este setor a produzir informação local e não apenas repetir o que já está pronto, pode significar um alento aos agentes locais que resistem ao ataque dos gigantes e suas representações externas daquilo que é feito "lá dentro", em sua originalidade cultural, perdendo essência em cada intervenção dessa espécie. Uma "Ley de medios", como a que o governo de Cristina Kirchner implementou na Argentina seria uma resposta aos produtos manufaturados para faturar, as criações culturais sem origem e moldadas apenas para efetuar ganhos financeiros e dominar o pensamento uniformemente.
Desconcentrar é o caminho para o setor, mas a reação dos donos dos grandes veículos de comunicação brasileiros, tachando qualquer iniciativa de regulação da área como tentativa de censura ou controle, demonstra claramente a preocupação destes empresários em defender seus rentáveis empreendimentos. Afirmam que a própria audiência pode exercer tal controle... Mas como o espectador pode exercer "tal controle" sem conhecimento da diversidade cultural que o país detém em sua plenitude, desconcentrado e plural? Conhecendo somente aquilo que, em sua esmagadora proporção, lhe é oferecida, controlar a programação central nos locais distantes parece pouco promissora...
Em novembro passado, durante um seminário internacional sobre comunicação em Brasília, Gustavo Bulla, diretor Nacional de Supervisão da AFSCA (Autoridade Federal de Serviços de Comunicação Audiovisual), órgão regulador argentino, declarou: “A Sociedade Interamericana de Imprensa é um grupo de empresários, donos de jornais, preocupados em defender seu negócio. A liberdade de expressão pertence aos cidadãos, não é propriedade deles”.
O modelo argentino parece assustar as grandes empresas de comunicação brasileiras, com o selo de legislação "chavista" conferido por elas, com o real objetivo de assustar as pessoas e torná-las inimigas de qualquer iniciativa governamental sobre a regulação da mídia. Lá, tanto como cá, o principal órgão de imprensa, o Clarín, declarou guerra ao governo e age como agourento partido de oposição, sistematicamente...Não é mera coincidência com o que ocorre aqui. É uma reprodução de um comportamento central, disseminado em quase toda América do Sul.
Transmissão do futebol para todos, exemplo argentino
A criação de um marco regulatório gera polêmica no Brasil, mas a Argentina, por exemplo, foi mais além, resolveu intervir no mercado televisivo e comprou os direitos de transmissão do campeonato argentino, que antes apenas passava em TV a cabo, sobre valorizando seu preço e alcançando apenas aqueles que podiam pagar a detentora dos direitos de transmissão, não concidentemente, o concentrador grupo Clarín. A TV pública pagou o dobro do valor que pagavam a Associação de Futebol Argentino (AFA) e liberaram a transmissão em canal aberto, inclusive vendendo para outros canais que se interessassem em pagar pela transmissão dos jogos. Este exemplo representa a desconcentração e a democratização da TV argentina, contrariando interesses financeiros e políticos históricos.
Bulla citando uma frase do popular locutor esportivo Victor Hugo Morales: “Os direitos exclusivos do futebol foram o cavalo de Tróia da concentração dos meios de comunicação na Argentina”. Além de democratizar o acesso ao futebol, a lei de medyos significou não só desconcentração econômica como cultural.
Com informações da Carta Capital
A programação e o conteúdo dos grandes veículos de comunicação privilegia a informação produzida nos grandes centros, esquece a periferia, ignora as manifestações culturais locais, mas quando o fazem, as reproduzem a partir de seus recursos, humanos e técnicos próprios e não daqueles que produzem, genuinamente, tais produtos culturais in loco.
A democratização da informação passa pelo local, pelas manifestações culturais, das mais diversas regiões e micro-regiões país adentro. Pausterizar a informação do centro para os subúrbios, de cima para baixo, não atende a todos, descaracteriza o local, perde-se componentes históricos daquilo que comunidades historicamente representam ou são identificadas.
Da forma como é hoje, a maneira como os grandes veículos de comunicação tratam a informação, apenas contribui para a concentração do negócio nas mãos de poucos grupos, estendendo o alcance de marcas pelo interior do país, com programação central, destruindo ou absorvendo milhares agentes de comunicação no Brasil, tornando-os meros repetidores da "informação do centro", ocupando pouco espaço com o que é produzido no local.
A disseminação da informação é um negócio cada vez mais orientado pelo retorno fácil, em que a produção massificada contribui para o controle desses resultados, em detrimento de qualquer iniciativa local. A informação aqui descrita não se trata apenas de noticiário, mas de toda sorte de informação cultural, política, econômica, histórica. A concentração que hoje existe apenas serve aos interesses comerciais deste mercado, não há qualquer proteção ao que pode ser produzido nos rincões do país, o Estado brasileiro precisa entrar nessa arena e estabelecer nortes, protegendo o interesse social do interesse meramente comercial.
Uma legislação que obrigue este setor a produzir informação local e não apenas repetir o que já está pronto, pode significar um alento aos agentes locais que resistem ao ataque dos gigantes e suas representações externas daquilo que é feito "lá dentro", em sua originalidade cultural, perdendo essência em cada intervenção dessa espécie. Uma "Ley de medios", como a que o governo de Cristina Kirchner implementou na Argentina seria uma resposta aos produtos manufaturados para faturar, as criações culturais sem origem e moldadas apenas para efetuar ganhos financeiros e dominar o pensamento uniformemente.
Desconcentrar é o caminho para o setor, mas a reação dos donos dos grandes veículos de comunicação brasileiros, tachando qualquer iniciativa de regulação da área como tentativa de censura ou controle, demonstra claramente a preocupação destes empresários em defender seus rentáveis empreendimentos. Afirmam que a própria audiência pode exercer tal controle... Mas como o espectador pode exercer "tal controle" sem conhecimento da diversidade cultural que o país detém em sua plenitude, desconcentrado e plural? Conhecendo somente aquilo que, em sua esmagadora proporção, lhe é oferecida, controlar a programação central nos locais distantes parece pouco promissora...
Em novembro passado, durante um seminário internacional sobre comunicação em Brasília, Gustavo Bulla, diretor Nacional de Supervisão da AFSCA (Autoridade Federal de Serviços de Comunicação Audiovisual), órgão regulador argentino, declarou: “A Sociedade Interamericana de Imprensa é um grupo de empresários, donos de jornais, preocupados em defender seu negócio. A liberdade de expressão pertence aos cidadãos, não é propriedade deles”.
O modelo argentino parece assustar as grandes empresas de comunicação brasileiras, com o selo de legislação "chavista" conferido por elas, com o real objetivo de assustar as pessoas e torná-las inimigas de qualquer iniciativa governamental sobre a regulação da mídia. Lá, tanto como cá, o principal órgão de imprensa, o Clarín, declarou guerra ao governo e age como agourento partido de oposição, sistematicamente...Não é mera coincidência com o que ocorre aqui. É uma reprodução de um comportamento central, disseminado em quase toda América do Sul.
Transmissão do futebol para todos, exemplo argentino
A criação de um marco regulatório gera polêmica no Brasil, mas a Argentina, por exemplo, foi mais além, resolveu intervir no mercado televisivo e comprou os direitos de transmissão do campeonato argentino, que antes apenas passava em TV a cabo, sobre valorizando seu preço e alcançando apenas aqueles que podiam pagar a detentora dos direitos de transmissão, não concidentemente, o concentrador grupo Clarín. A TV pública pagou o dobro do valor que pagavam a Associação de Futebol Argentino (AFA) e liberaram a transmissão em canal aberto, inclusive vendendo para outros canais que se interessassem em pagar pela transmissão dos jogos. Este exemplo representa a desconcentração e a democratização da TV argentina, contrariando interesses financeiros e políticos históricos.
Bulla citando uma frase do popular locutor esportivo Victor Hugo Morales: “Os direitos exclusivos do futebol foram o cavalo de Tróia da concentração dos meios de comunicação na Argentina”. Além de democratizar o acesso ao futebol, a lei de medyos significou não só desconcentração econômica como cultural.
Com informações da Carta Capital
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