Divulgação * |
Alguns diretores de cinema são muito felizes em captar as tendências e
transformações da sociedade e, algumas vezes, estimular episódios na vida real,
como o triste dia de 11 de setembro, quando ocorreu a queda das torres gêmeas.
É a vida imitando a arte ou a arte imitando a vida, eis uma questão de difícil
dissociação. O filme Avatar encontra-se neste mix de fantasia e realidade. Ele
nos proporciona mais uma oportunidade de pensarmos sobre opções e atitudes que
podemos tomar em relação à sobrevivência da cultura, dos seres humanos, da
ancestralidade e de um viver com respeito à natureza.
Ivana M. O. Maciel*, da Plurale
O diretor James Comeron utilizou uma rica linguagem simbólica, que
propicia elementos para trilharmos diversos caminhos sobre como podemos
respeitar o meio ambiente de forma responsável. Didaticamente, o primeiro é o
nome do filme. O significado da palavra em sânscrito (avatara) “descida do céu
para a terra, para que ocorra a transformação”.
Poderíamos convidar o significado
religioso, que a palavra empresta, porém, não será um caminho de consenso, e
assim, trilhemos o sentimento de respeito às leis universais da natureza e a
consciência de que a energia transformada ao longo dos tempos é uma cadeia que
a tudo e a todos liga, seja entre os seres elementais, humanos ou
extra-sensoriais.
Essa transformação ocorre na lua de
Pandora, local em que a missão especial deseja explorar um recurso energético.
Pandora (panta dôr), nome este, que tem fortes raízes na mitologia grega,
significa “a que possui todos os dons, ou a que é o dom de todos ou a que tudo
dá e a que possui tudo”. É a expressão da potencialidade divina que todos nós
seres humanos temos com as nossas habilidades congênitas.
Pandora foi a primeira mulher que
existiu, criada por Hefesto e Atena. Ela recebeu dos deuses a graça, a beleza,
a persuasão, a inteligência, a paciência, a meiguice, a esperança, a habilidade
na dança e do artesanato. Hermes, porém pôs no seu coração a traição e a
mentira. Qualidades antagônicas guardadas numa caixa, assim, como existem em
nós, e que não deveria ser aberta.
Assim como Eva, Pandora não resistiu a
curiosidade e abriu a caixa deixando escaparem os bens, conservando um único: a
esperança. Nesse contexto de luta entre o bem e o mal que o diretor do filme
desenvolve a trama, evideciando a transformação interna dos agentes escolhidos
e revelando de forma contudente, a necessidade de união de todos em prol do bem
comum.
A esperança e o espírito de preservação
levou a união e ao enfrentamento do “sistema” aparentemtente mais forte, mais
preparado em termos belicos. E é essa esperança que move os trabalhadores da
preservação da natureza, a formar correntes de conscientização e proteção à
natureza e que poderá nos levar a viver numa sociedade mais digna.
Outro aspecto que o filme mostra é a
tradição ritualesca dos indígenas, quem sabe remontando a descoberta da América
do Sul. Diversos rituais xamânicos são realizados na busca da autenticidade do
ser e da realização do propósito e do despertar do amor.
E falando em amor, poderíamos fazer um
paralelo da missão do Caramuru, o Diogo Álvares Correia, e o apaixonamento por
Paraguaçu com a relação de Jack e Naitiry. A missão de Jack e Caramaru é a
mesma, conhecer os costumes nativos, para facilitar a exploração e negociação,
e nesse ínterim, se apaixonam por mulheres filhas dos pajés, construindo pontes
para que as trocas e as transformações ocorram de forma mais harmoniosa.
O filme me lembrou um convite feito
por Einstein de que possamos ter compaixão por todos os seres vivos, quando
expressou que “o ser humano é parte de um todo chamado Universo, uma parte
limitada no tempo e no espaço. Experimenta a si mesmo, seus pensamentos e
sentimentos como algo separado do resto, uma espécie de ilusão de ótica da
consciência.
Essa ilusão restringe-nos aos nossos
desejos pessoais e à afeição por umas poucas pessoas próximas a nós. Nosso
trabalho deve ser libertar-nos dessa prisão, ampliando nosso círculo de
compaixão para abarcar todas as criaturas vivas e a natureza inteira em sua
beleza”.
E o convite de liberdade dos padrões
egóicos fica a cada um de nós, para que em nosso dia a dia, possamos respeitar
a nossa ancestralidade, nossos corpos, nossas almas e a de todos que estejam a
nosso entorno, e assim, podermos transformar fome em abundância, violência em
respeito, ignorância em saber, divisão em unidade, ódio em amor, destruição em
preservação da vida do nosso planeta.
(*) Ivana M. O. Maciel é colunista de
Plurale, colaborando com artigos sobre Sustentabilidade. Economista,
pós-graduada em administração financeira e marketing, mestra na área de energia
com ênfase em serviços e participa do Instituto Integra, que objetiva a
educação para a mulher e integração dos princípios femininos e masculinos
através de desenvolvimento de projetos de geração de renda.
(Plurale)
* Sinopse do Filme Avatar
Jake Sully (Sam Worthington) ficou
paraplégico após um combate na Terra. Ele é selecionado para participar do
programa Avatar em substituição ao seu irmão gêmeo, falecido. Jake viaja a
Pandora, uma lua extraterrestre, onde encontra diversas e estranhas formas de
vida. O local é também o lar dos Na'Vi, seres humanóides que, apesar de
primitivos, possuem maior capacidade física que os humanos. Os Na'Vi têm três
metros de altura, pele azulada e vivem em paz com a natureza de Pandora. Os
humanos desejam explorar a lua, de forma a encontrar metais valiosos, o que faz
com que os Na'Vi aperfeiçoem suas habilidades guerreiras. Como são incapazes de
respirar o ar de Pandora, os humanos criam seres híbridos chamados de Avatar.
Eles são controlados por seres humanos, através de uma tecnologia que permite
que seus pensamentos sejam aplicados no corpo do Avatar. Desta forma Jake pode
novamente voltar à ativa, com seu Avatar percorrendo as florestas de Pandora e
liderando soldados. Até conhecer Neytiri (Zoe Saldana), uma feroz Na'Vi que
conhece acidentalmente e que serve de tutora para sua ambientação na
civilização alienígena.
Nenhum comentário:
Postar um comentário