9 de jan. de 2013

Tempestades ambiental e econômica estão em rota de colisão, alerta Fórum de Davos

O encontro anual do Fórum Econômico Mundial será realizado em Davos, Suíça, entre os dias 23 e 27 de janeiro, com o tema "dinamismo resistente". Reprodução/Wikicommons

Relatório da organização destaca disparidades de renda, dívidas de governo e efeito estufa como os maiores riscos globais de 2013
Do Opera Mundi

O encontro anual em Davos do Fórum Econômico Mundial só começará daqui a duas semanas, mas um relatório publicado nesta terça-feira (08/01) antecipa os grandes riscos deste ano. A crise econômica mundial está tanto minando a habilidade de nações em enfrentarem a crescente ameaça de mudança climática, quanto gerando um colapso financeiro e ecológico, alerta o relatório Riscos Globais 2013, que pode ser acessado aqui.


De acordo com um grupo de mais de mil especialistas e líderes empresariais, e pelo segundo ano consecutivo, os dois maiores riscos mundiais do ano serão as severas disparidades de renda e as dívidas governamentais insustentáveis. Em terceiro lugar, aparece o aumento das emissões de gases do efeito estufa. Já os maiores impactos na comunidade mundial virão de uma falência financeira geral e a falta de água, além de falta de comida e a dispersão de armas de destruição em massa.

Decepção e urgência

O fato de os maiores riscos terem se repetido em relação ao ano passado, para Lee Howell, editor do relatório e diretor executivo do Fórum, reflete a incompetência de estrategistas em lidarem com os problemas. Apesar de elogiar a melhora na resiliência de Suíça, Cingapura, Austrália e China, afirmou que “existe uma sensação de que não estamos progredindo, não estamos vendo os líderes nacionais necessários para enfrentar os riscos”, durante no lançamento do relatório em Londres.

“As duas tempestades – a ambiental e a econômica – encontram-se em rota de colisão. Se não alocarmos os recursos necessários para mitigar o risco crescente dos eventos climáticos severos, a prosperidade global das gerações futuras pode estar ameaçada”, afirma John Drzik, CEO do Oliver Wyman Group, multinacional de consultoria administrativa.

Apesar disso, o relatório alerta para o fato de que os esforços em agir na esfera econômica desviam a atenção do meio ambiente. “Lidar com as crises econômica e de mudança climática infelizmente não é visto como uma continuidade, mas como escolhas opostas. O conceito que tem ganhado terreno é que não podemos ter soluções para as duas”, diz David Cole, diretor de Análise de Riscos do grupo Swiss Re, que defende uma visão mais abrangente do cenário.

Outros riscos

As preocupações mencionadas fazem parte de um mapa com os 50 riscos que mais ameaçarão o mundo durante os próximos dez anos. De migração descontrolada a diplomacias fracassadas em conflitos; de fanatismo religioso crescente à desinformação digital massiva: cada um dos riscos foi avaliado em termos de possibilidade de recuperação e efetividade por parte de vários países do mundo.

Além disso, segundo destaca o relatório, a internet poderia ser causa de pânico global: “Mídias sociais permitem que a informação se espalhe pelo mundo rapidamente em um sistema cujas regras estão começando a emergir, mas ainda não estão definidas. Enquanto os benefícios da comunicação ultra conectada são indiscutíveis, ela pode ativar a distribuição viral de informações enganosas e provocativas, intencionalmente ou não”. O texto traz como exemplo de consequências voláteis e imprevisíveis os tumultos por causa do filme anti-islâmico A inocência dos muçulmanos.

O relatório também mostra como os riscos mudaram desde o início da crise financeira mundial, em 2007. Naquele ano, os mais citados eram o colapso de infraestrutura de informação crítica, doenças crônicas em países desenvolvidos e crises nos preços de petróleo. Os riscos com maior impacto eram o colapso de preço de ações e do petróleo e guerras civis e internacionais. 

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