24 de dez. de 2014

O plano de carreira da área de saúde no governo Haddad

'É o melhor plano de carreira em 20 anos', diz secretário de Saúde

Por Sarah Fernandes, na Rede Brasil Atual

Para o secretário municipal de Saúde de São Paulo, José de Filippi Júnior [à direita na foto], os profissionais da área contarão com o melhor plano de carreira dos últimos 20 anos na cidade. Todas as bonificações serão incorporadas ao salário, que irá mais que dobrar para algumas categorias profissionais. Auxiliares de enfermagem, por exemplo, saíram da faixa dos R$ 800 que recebem atualmente para R$ 2 mil até maio de 2016.


O novo plano de carreira para os profissionais da saúde (PL 507 de 2014) foi aprovado na última quarta-feira (17), após intensa pressão do movimento sindical e três dias de acampamento em frente à Câmara Municipal de São Paulo. Além dele, também foi aprovado o novo plano de carreira para os servidores de nível superior (PL 312 de 2014), de diferentes áreas. Bibliotecários, sociólogos, contadores e os demais funcionários com formação universitária, que ganham um salário inicial de R$ 3.196 para uma jornada de 40 horas semanais, passarão a receber R$ 4.762,52.

“Para você ter uma ideia, um médico que trabalha 40 horas semanais recebe R$ 7 a hora na prefeitura, mas nas organizações sociais que atendem a saúde pública do município, ganham pelo menos R$ 14. Agora o salário médico da administração direta chegará a R$ 12. Na aposentaria isso contará muito. Ele chegará ao final da careira ganhando cerca de R$ 20 mil, o que dificilmente ganharia na iniciativa privada”, diz o secretário. “A Secretaria Municipal de Saúde aprovou o melhor plano de carreira e salários para os profissionais da saúde nos últimos vinte anos.”

Em 2013, foi realizado um concurso na área da saúde pela prefeitura de São Paulo, que selecionava profissionais como psicólogos, médicos e dentistas, categoria que há 10 anos não ingressa no serviço público municipal por concurso. “Não adianta ter só o concurso, porque o salário aqui estava muito defasado”, diz Filippi.

O secretário reconhece a importância da valorização dos profissionais como forma de repercutir em melhor atendimento da população. “Nós reconhecemos a importância da mobilização sindical, do avanço do sindicalismo cidadão. Há o reconhecimento de que não basta ter conquistas dentro do local de trabalho, é preciso ter conquistas enquanto cidadão”, afirma, admitindo também que as ações que vêm sendo empreendidas ainda são tiveram muito impacto no atendimento, mas calcula que já nos dois anos restantes de gestão as mudanças já serão mais sensíveis.

Longo processo

As negociações começaram em março do ano passado e sucederam uma série de manifestações, atos e paralisações, que continuaram inclusive quando o projeto já estava em tramitação na Câmara Municipal. “O projeto reestrutura a carreira de pelo menos 35 mil servidores municipais. Ele permite que as carreiras sejam melhores para quem está iniciando, que já começará com salários maiores”, diz o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias do Município de São Paulo (Sindsep), Sérgio Antiqueira. “Nós não conseguíamos segurar ninguém nos cargos públicos, por causa dos baixos salários e isso é fundamental para reorganizar a saúde e outras políticas públicas que dependem desses profissionais.”

No ano que vem, o sindicato vê como desafio aprovar alterações na Lei Salarial do município, um compromisso assumido pela administração pública durante uma paralisação da categoria, em junho deste ano. A proposta é garantir reajustes condizentes com a inflação e com o aumento de arrecadação da prefeitura.

“Nós tivemos uma grande demonstração de maturidade. Foi um ano de mesa de negociação, com nove sindicatos e momentos difíceis, desgastantes, mas a persistência no diálogo valeu a pena. Estou muito esperançoso e com motivos para a gente festejar, apostando muito que vai melhorar a gestão da saúde pública na cidade de São Paulo”, diz o secretário de Saúde. “O conjunto dos cidadãos que utilizam nossos serviços ainda não sentiram esse benefício, mas vão começar a sentir. Terão profissionais mais bem remunerados e mais valorizados, as organizações sociais com mais instrumentos de controle, nós com mais preparo para poder dar conta dessa tarefa enorme que é prover a saúde da cidade de São Paulo com qualidade.”

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