19 de jun. de 2009

Ex-militante marxista, sócio correspondente da Academia Brasileira de Letras, o escritor Mia Couto...

Isto É
... ganhou o 5º Prêmio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura, com a obra O outro pé da sereia (em cartaz no Sesc Paulista - até 28.06), pelo melhor romance publicado em língua portuguesa nos últimos dois anos.

Um dos maiores autores da língua portuguesa, o moçambicano Mia Couto critica a uniformização do português e, ex-militante marxista, diz que não sabe mais o que é ser de esquerda

Sócio-correspondente da Academia Brasileira de Letras, o moçambicano Mia Couto é um dos maiores escritores contemporâneos africanos e da literatura de língua portuguesa. É o autor de seu país mais traduzido no mundo e, só em Portugal, seus livros somam quase meio milhão de exemplares vendidos. No final de agosto, ele veio ao Brasil para a 12ª Jornada Nacional de Literatura, em Passo Fundo (RS). Sua mais recente obra, O outro pé da sereia, ganhou o 5º Prêmio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura, pelo melhor romance publicado em língua portuguesa nos últimos dois anos. A vitória valeu um prêmio de R$ 100 mil. Couto também é biólogo e dirige uma empresa de estudos de impacto ambiental em Moçambique, um dos 20 países mais pobres do mundo, onde metade da população é analfabeta.

Filho de portugueses, Couto era militante da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) e lutou pela independência do país contra Portugal (1964-74). Foi um dos compositores do hino nacional de sua pátria e trabalhou para o governo durante a guerra civil (1976-92). Embora um pouco desapontado com os rumos tomados pela Frelimo, que abandonou o marxismo em 1990, ele ainda se diz simpático ao agora partido político, que continua no poder em Moçambique. Couto é um escritor acostumado aos prêmios. Neste ano, tornou-se o primeiro africano a vencer o União Latina das Literaturas Românticas, entregue em Roma, e seu primeiro romance, Terra sonâmbula, foi eleito um dos 12 melhores livros de toda a África no século XX. Fã dos escritores brasileiros, ele é, assim como Guimarães Rosa, um inventor de palavras – que, quando vêm à cabeça, anota em papéis e guarda no bolso para não esquecer.

Leia a entrevista

Isto É - Set.2007
Por Jorge Furtado

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