Governo interino o acusa de tentar reeleição, mas ele nega.
Foto e matéria (G1/Arte) - 22.09.09
O presidente de Honduras, Manuel Zelaya, que voltou ao país na última segunda-feira (21), havia sido derrubado por um golpe militar em 28 de junho e obrigado a deixar o país rumo à Costa Rica.
Ele governava desde 2006 e, segundo os golpistas, pretendia incluir nas clausulas das eleições presidenciais de novembro deste ano uma consulta sobre a possibilidade de mudar a Constituição do país para poder se reeleger. Isso foi usado como argumento para o golpe.
Zelaya foi prontamente substituído no poder pelo presidente do Congresso e seu inimigo político, Roberto Micheletti, que teve o apoio de setores conservadores. O governo interino tem uma ordem de prisão contra ele por "traição" e prometia prendê-lo caso ele voltasse ao país.
Os golpistas também acusam Zelaya de corrupção, o que o presidente deposto nega.
O golpe criou uma grave crise política em Honduras, com manifestações de rua e embates entre partidários pró e contra Zelaya.
A atitude dos militares foi condenada pela comunidade internacional, liderada pelo presidente norte-americano, Barack Obama, pela União Europeia e por governos latino-americanos, representados pela OEA - que suspendeu o novo governo de Honduras, negando sua legitimidade. Vários fundos de ajuda econômica ao país, que é um dos mais pobres da América Latina, foram cortados.
O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, cercado de partidários, em frente à Embaixada do Brasil, em Tegucigalpa, na segunda-feira (21). (Foto: AFP)
O Departamento de Estado dos EUA "bancou" o presidente da Costa Rica, Óscar Arias, como mediador para tentar uma saída negociada para a crise. Mas as negociações empacaram.
Leia mais notícias sobre a crise em Honduras
Apesar de Washington ter defendido a volta de Zelaya ao poder e a restituição da normalidade democrática, alguns governos esquerdistas latino-americanos, como o de Cuba, acusam Obama de não ter se mostrado suficientemente crítico ao golpe.
Zelaya, um populista de esquerda aliado ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, mantém seu tom desafiador desde sua derrubada e se refugiou a maior parte do tempo na Nicarágua.
Enquanto isso, o governo de facto que apoiou sua derrocada se fortificou no poder, desafiando pedidos e pressões internacionais para que permitisse a volta do presidente deposto.
Micheletti confirmou as eleições para o dia 29, mas não admite que Zelaya concorra.
Em 24 de julho, Zelaya já havia tentado voltar ao país para tentar retomar o poder, mas foi barrado pelo Exército na fronteira e teve de recuar.
Ele acabou conseguindo seu intento em 21 de setembro, aparecendo de surpresa em Tegucigalpa e buscando refúgio na Embaixada do Brasil, onde está abrigado desde então.
Tropas leais ao governo interino cercaram o prédio, o que abriu uma crise diplomática entre o Brasil e Honduras. Confrontos de rua provocaram pelo menos duas mortes no país.
Várias frentes diplomáticas foram abertas contra o governo interino, mas as negociações não avançaram.
No domingo (27), Micheletti baixou um decreto que institui o estado de sítio no país. Novamente pressionado pela comunidade internacional, ele disse, na noite de segunda-feira, que pode recuar, depois de consultar seu conselho de ministros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário