19 de fev. de 2012

Mais uma reintegração de posse na USP

 Em meio ao carnaval Polícia Militar de SP age contra a moradia autônoma da USP 
Imagem: CMI Brasil/ 19.02.12
Durante a madrugada de hoje, dia 19 de fevereiro, a Polícia Militar de São Paulo aproveitou o momento de esvaziamento devido ao carnaval para agir contra o espaço de moradia autônomo dos estudantes, conhecido como Moradia Retomada da Universidade de São Paulo.


Bombas foram utilizadas e nenhum estudante dos outros blocos de moradia puderam se aproximar para ao menos filmar as ações. 12 estudantes foram presos e há ao menos uma menor de idade. Os estudantes estão neste momento no 14º DP da Polícia Militar localizado na R. Deputado Lacerda Franco, 369.

Os estudantes detidos estão sendo acusados de desobediência civil e danos ao patrimônio público e só sairão sob fiança. Poucos estudantes que estão acompanhando os detidos pedem para que todxs que estejam em São Paulo para comparecerem à delegacia para apoiar o movimento e pensar próximas ações

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Na manhã da segunda-feira, dia 6, o aviso sobre movimentação de policiais perto da portaria principal da Cidade Universitária mobilizou Movimento Estudantil e apoiadores. Era o prazo final para a execução da reintegração de posse da Moradia Retomada, localizada no térreo do bloco G do Conjunto Residencial da USP (CRUSP).

Depois de uma série de violações de Direitos Humanos durante a reintegração de posse da Reitoria Ocupada no final do ano passado, perseguição ao Sindicato dos Trabalhadores, demissões em massa, e ataque ao espaço do Núcleo de Consciência Negra, o reitor segue sua gestão coordenando a USP como se fosse uma empresa. Desta vez decidiu fazer a "limpeza" da Cidade Universitária poucos dias antes da matrícula dos calouros que se dará nos dias 8 e 9 deste mês.


O prédio onde hoje é a Moradia Retomada é um espaço auto-gestionado desde 17 de março de 2010. O local era antes a administração da COSEAS, Coordenadoria de Assistência Social. Os estudantes exigem políticas de permanência estudantil e o fim da vigilância que a COSEAS exerce sobre os moradores do Conjunto Residencial dos Estudantes da USP, CRUSP, mantendo relatórios sobre suas atividades políticas e pessoais.


O espaço é legítimo e provou ao longo de quase 2 anos dar mais assistência aos calouros do que o sistema burocrático destinado a isto. Contando com organização interna os integrantes da Moradia Retomada planejam atividades para recepção dos novos alunos. O espaço deve ser preservado como pólo importante para a luta dos estudantes. 


Do CMI Brasil - 19.02.12

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Grávida está entre 12 estudantes presos na USP 
por ALCEU LUÍS CASTILHO
 
Uma estudante grávida está entre as seis mulheres e seis homens presos na manhã deste domingo, na Cidade Universitária, durante reintegração de posse de parte do bloco G, no Conjunto Residencial da USP (Crusp). O prédio estava ocupado pelos alunos desde maio de 2010.
 
A informação de colegas é a de que a estudante está no quinto mês de gravidez. Ela já tinha sido retirada durante o despejo de ocupantes do antigo espaço do DCE-Livre, em janeiro. Na época os estudantes divulgaram uma foto de um portão sobre seus ombros. Há relatos, não confirmados, de que ela teria sido levada desacordada para o camburão.
 
O major Marcel Lacerda Soffner, porta-voz da Polícia Militar, disse inicialmente que “provavelmente” ela não era estudante da USP. Depois foi mais categórico: afirmou que ela não estuda na universidade. Mas moradores do Crusp dizem que, além de estudante de um cursinho popular na Cidade Universitária, ela é, sim, aluna da Matemática.
 
Segundo Soffner, 3 entre os 12 estudantes detidos não são estudantes da USP. O blog apurou que pelo menos uma das pessoas presas, do Sul, estava de passagem exatamente nestes dias, durante o carnaval, hospedada no apartamento do amigo – também preso.
 
Os estudantes foram levados ao 14º Distrito Policial, em Pinheiros. O porta-voz da PM definiu a desocupação, iniciada por volta das 6 horas, como “pacífica”. Desde as 4h50, pelo menos, os policiais estavam no local, bloqueando as entradas para o bloco. Soffner informou que 100 policiais militares participaram da operação.
 
A polícia cumpriu um mandado expedido na sexta-feira pela juíza Ana Paula Sampaio de Queiroz Bandeira Lins, da 4ª Vara de Fazenda Pública. O autor do pedido de reintegração de posse é a USP. Os reús, a Associação dos Moradores do Crusp “e outros”. Leia aqui o motivo de Ana Paula ter tomado a decisão logo antes do feriado.
 
Moradores do terceiro andar do bloco F mostraram balas de borracha que, contam, foram atiradas pelos policiais. Vídeos registram os estilhaços. Os estudantes protestavam contra a reintegração – mas estavam impedidos de acessar o bloco G. O porta-voz da PM não quis entrar em detalhes sobre o conflito. Disse que tudo foi registrado em vídeo e será apurado.
 
Os seis estudantes expulsos da USP, em dezembro, estão entre as pessoas que ocuparam o bloco G, em maio de 2010. O local era conhecido como Moradia Retomada. Uma das primeiras providências da USP, durante a manhã de hoje, enquanto as entradas para o local eram lacradas, foi a de apagar as inscrições feitas pelos estudantes, com o nome “Moradia Retomada”.
 
O porta-voz da PM disse, em rápida entrevista coletiva às 9 horas, que o prédio já foi entregue juridicamente à USP. E que os estudantes foram fazer exame de corpo de delito, “para comprovar que não houve violência”. “Houve resistência normal, legítima, resistência passiva”, afirmou.
 
Pouco depois ele informou ao repórter da Globo que os estudantes responderão por resistência e por dano ao patrimônio público. “A polícia vai se manter aqui para monitorar a reintegração”, afirmou. Leia mais aqui sobre a entrevista com o porta-voz.
 
O estudante William Santana Santos, morador do Crusp, falou em nome dos estudantes. Disse que os estudantes pediram diálogo com a Coseas (a coordenadoria de Assistência Social da USP) para que não houvesse a desocupação.
 
O delegado Noel Rodrigues, do 14º DP, não quis falar sobre o caso. Disse que só falaria depois do almoço.

ESTUDANTES X PM

A Cidade Universitária vive desde outubro conflitos diretos entre estudantes e Polícia Militar. Em outubro, alunos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) reagiram à detenção de três estudantes que portavam uma pequena quantidade de maconha no estacionamento da história.
 
Em seguida estudantes ocuparam um prédio da administração da FFLCH. Uma semana depois, a reitoria da USP. No início de novembro houve reintegração de posse da reitoria, com centenas de policiais e a prisão de 73 pessoas – a maior parte alunos da USP. Uma estudante conta ter sido torturada.
 
Diante da desocupação da reitoria, os estudantes decidiram entrar em greve, progressivamente esvaziada durante os dois últimos meses - mas oficialmente prevista até a próxima assembleia geral, no início de março. Entre as reivindicações dos alunos estão a saída do reitor João Grandino Rodas e o fim do convênio entre a USP e a própria PM.
 
Em janeiro, um vídeo mostrou o estudante Nicolas Menezes Barreto sendo agredido por um sargento da PM, durante a desocupação do antigo DCE-Livre. Ele acusou a polícia de racismo. “PM me escolheu porque eu era o único negro”, disse ele ao blog Outro Brasil.

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Postado por Márcia Brasil - 19.02.12

Um comentário:

  1. Que tanto uso de violencia para resolver as coisas aqui no Brasil, ultimamente. Estamos caminhando para que? Para uma guerra civil? Moradores de favelas, estudantes... nesse país democratico, não são tratados como cidadãos dignos de serem ouvidos e negociados através do dialogo o atendimento as suas necessidades. Triste isso.Por sorte há os que lutam contra isso. bjs

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