Segundo a Coordenadora do Centro Nacional de Defesas dos Direitos Humanos (CNDDH), Karina Vieira Alves, em 113 destes
casos as investigações policiais não avançaram e ninguém foi
identificado ou punido.
O Centro Nacional de Defesa dos Direitos
Humanos da População em Situação de Rua e Catadores (CNDDH) divulgou
nesta quinta-feira (15) números chocantes sobre a barbárie que impera no
país, alimentada pelo preconceito e pelo ódio elitista. De abril de
2011 até a semana passada, 165 moradores de rua foram friamente
assassinados – o que representa uma morte a cada dois dias.
Segundo a coordenadora do CNDDH, Karina Vieira Alves, em 113 destes
casos as investigações policiais não avançaram e ninguém foi
identificado ou punido pelos homicídios. O órgão também registrou outras
35 tentativas de assassinatos, além de vários casos de lesão corporal.
Karina alerta que estes números não traduzem a real violência, já que
muitos crimes sequer são notificados.
Já o “Disque 100”, serviço mantido pela Secretaria de Direitos
Humanos da Presidência da República, registrou 453 denúncias de
violência contra a população de rua em 2011. Elas incluem tortura, abuso
sexual e discriminação. “Sabemos que há problemas muito graves que não
são denunciados”, afirma a coordenadora-geral da Ouvidoria Nacional de
Direitos Humanos, Ivanilda Figueiredo.
Na semana passada, em reunião extraordinária do Comitê Intersetorial
de Monitoramento da População em Situação de Rua, em Brasília, entidades
representativas dos moradores de rua garantiram que está em curso uma
escalada da violência, que a mídia sensacionalista omite. As recentes
mortes e agressões no Distrito Federal e em Mato Grosso do Sul não foram
casos isolados.
“Estamos lutando para não morrer”
“Eu todo dia recebo e-mails sobre mortes de moradores de rua. Elas
estão acontecendo e vão continuar ocorrendo. Por isso, queremos uma ação
enérgica do governo federal”, declarou Anderson Lopes, representante
paulista do Movimento Nacional de População de Rua.
Já o representante mineiro do movimento, Samuel Rodrigues, alertou:
“Vivemos um momento bastante triste. Em 2004, o movimento nacional
surgiu em função de uma morte. Naquele momento, discutíamos os direitos
da população de rua. Hoje, estamos aqui discutindo o seu extermínio.
Estamos lutando para não morrer”.
Ação dos grupos de extermínio
Durante a reunião, a ministra Maria do Rosário, da Secretaria de
Direitos Humanos, mostrou-se bastante indignada com a grave situação,
segundo relato da Rede Brasil Atual. “Temos a responsabilidade de
responder diretamente a esta escalada de violência e de mortes que estão
ocorrendo nas ruas. Não se trata mais de fatos isolados”, afirmou a
ministra.
Ela também criticou a ação de grupos de extermínio que agem em vários
estados. “São grupos que banalizam a violência e que não reconhecem em
quem está nas ruas a condição humana”. Segundo o Disque 100, as unidades
da Federação com o maior número de denúncias em termos absolutos foram
São Paulo (120), Paraná (55), Minas Gerais e o Distrito Federal, ambos
com 33 casos.
Do blog do Miro - 21.03.12
Do blog do Miro - 21.03.12
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