27 de jul. de 2009

H1N1 - Gripe suína: mãe da menina de 11 anos, de Osasco, acusa governo de São Paulo

Em abril, o secretário disse que São Paulo estava preparada para enfrentar a doença, mas o que quiseram fazer assim que houve a primeira vítima foi se eximir das responsabilidades, minimizar, e dar a entender que se tratava de uma fatalidade. Para eles, os pacientes que estão morrendo tinham outros problemas de saúde. A minha filha, eu posso afirmar que não.

Do Estadão

”Governo quis justificar negligência”

Nilce Paula Laguna: mãe da menina de 11 anos, primeira a morrer de gripe suína no Estado; Dona de casa diz que filha não tinha problemas de saúde e acusa secretário de Estado de mentir sobre o caso para encobrir erros

Luísa Alcalde, JORNAL DA TARDE

Nilce Paula Laguna, mãe da menina de 11 anos - a primeira a morrer em decorrência da gripe suína no Estado -, diz que a filha era saudável, nunca teve qualquer deficiência imunológica e nem contraiu hantavírus, como o governo estadual informou na ocasião. No início do mês, em menos de cinco horas, a garota morreu por septicemia (infecção generalizada), causada pela bactéria pneumococo, em Osasco.

A dona de casa também contesta declarações do Secretário Estadual da Saúde, Luiz Roberto Barradas, de que a criança não tinha apresentado inicialmente sintomas da nova gripe quando foi internada.

A assessoria de imprensa da Secretaria da Saúde informou que Barradas não havia relacionado a morte ao hantavírus e sim havia dito que “estava havendo uma investigação sobre essa hipótese e que se acreditava que ela poderia ter tido essa doença na infância”. Ainda segundo o governo, o secretário deu as informações com base no prontuário médico da menina.

A sua filha tinha a saúde debilitada por ter contraído o hantavírus quatro anos antes?

Ela era sadia. Nunca teve hantavírus. Tenho o exame do (instituto) Adolfo Lutz para comprovar. Não sei de onde o governo tirou isso. O secretário disse que essa deficiência no sistema imunológico justificaria a morte da minha filha, o que é um absurdo. Fiquei profundamente irritada quando ouvi isso porque sabia que era mentira. Mas naquele momento não podia reagir porque a minha família estava hospitalizada. O governo quis criar um problema para justificar a falta de preparo dos médicos em diagnosticar a doença e do próprio Estado. Em abril, o secretário disse que São Paulo estava preparada para enfrentar a doença, mas o que quiseram fazer assim que houve a primeira vítima foi se eximir das responsabilidades, minimizar, e dar a entender que se tratava de uma fatalidade. Para eles, os pacientes que estão morrendo tinham outros problemas de saúde. A minha filha, eu posso afirmar que não.

A senhora pretende tomar providências legais?

Eu ainda estou estudando essas possibilidades. Mas o secretário me ofendeu e falou mentiras sobre o estado de saúde dela. Atropelou a ética médica. Agora, o que quero é esclarecer que ela era sadia. Amiguinhas dela ainda me procuram perguntando que doença ela tinha que fez com que morresse.

Que sintomas ela tinha ao chegar ao hospital?

Também não é verdade o que o secretário disse sobre ela chegar ao hospital sem sintomas de gripe. No prontuário está escrito que ela apresentava dores no corpo, vômito. Eu, que sou leiga, não tinha obrigação de suspeitar dessa gripe, embora já tivesse ouvido falar. Mas os médicos, sim. E em nenhum momento eles cogitaram essa possibilidade. Sequer nos perguntaram se tínhamos viajado para fora do País ou se tínhamos tido contato com estrangeiros. É um direito meu desconfiar de negligência.

Por Nassif - 27.06.09

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