Por Martha Neiva Pereira - 17.08.09 - G1
A razão tem a ver com o modelo de prova. O Enem se propõe a aferir as habilidades e as competências necessárias para resolver questões do cotidiano. Os conteúdos cobrados são organizados segundo grandes áreas do conhecimento, o que favorece uma abordagem interdisciplinar na prova.
- Acho que o mérito do Enem é promover uma reflexão sobre o currículo escolar. As instituições de ensino não trabalham em sua rotina de forma interdisciplinar com os alunos. Sei que algumas, especialmente no terceiro ano do Ensino Médio, já elaboram provas nos moldes da Uerj, por exemplo. Mas ainda são poucas. Se a vida é interdisciplinar, a escola tem que trabalhar com os alunos as competências necessárias para eles enfrentarem este desafio de forma contextualizada - observa Elizabeth Murad, diretora do Departamento de Avaliação e Seleção da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
A razão tem a ver com o modelo de prova. O Enem se propõe a aferir as habilidades e as competências necessárias para resolver questões do cotidiano. Os conteúdos cobrados são organizados segundo grandes áreas do conhecimento, o que favorece uma abordagem interdisciplinar na prova.
- Acho que o mérito do Enem é promover uma reflexão sobre o currículo escolar. As instituições de ensino não trabalham em sua rotina de forma interdisciplinar com os alunos. Sei que algumas, especialmente no terceiro ano do Ensino Médio, já elaboram provas nos moldes da Uerj, por exemplo. Mas ainda são poucas. Se a vida é interdisciplinar, a escola tem que trabalhar com os alunos as competências necessárias para eles enfrentarem este desafio de forma contextualizada - observa Elizabeth Murad, diretora do Departamento de Avaliação e Seleção da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
Desde 2001, a instituição realiza seu processo seletivo a partir de provas com perfil interdisciplinar e contextualizadas em problemas cotidianos.
- Nosso conteúdo é cobrado a partir dos três eixos temáticos, definidos pela Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs), e a prova é elaborada conjuntamente por professores de áreas afins, informa a diretora.
Na prática, essa proposta se traduz em questões que, por mais que requeiram do aluno uma competência predominante na solução, pode, muitas vezes, ser resolvida pelo viés de uma outra.
" Acho que o mérito do Enem é promover uma reflexão sobre o currículo escolar (Elizabeth Murad) "
- Tivemos, em um ano, uma dessas questões que, em sua solução, requeria do aluno uma competência predominantemente de Matemática. Acontece que ele resolveu o problema usando um princípio da Física. Um outro caminho e acertou da mesma forma.
Pedro Flexa Ribeiro, diretor do Colégio Andrews, concorda com Elizabeth Murad e acha que o modelo de prova adotado pela Uerj e pelo Enem já é uma tendência:
- Desde a década de 1970 seguimos o mesmo programa para o vestibular, enciclopédico. Acho que isso vem mudando. Já vejo com mais frequencia provas elaboradas de forma interdisciplinar, enfatizando competências e habilidades.
Para o professor, o modelo de acesso ao ensino superior determina muito do que acontece nas escolas de Ensino Fundamental. Ele acredita que a primeira avaliação do Enem já provocou uma reflexão e, hoje, esse debate pode ultrapassar os muros da educação básica e se instalar nas licenciaturas, que privilegiam, na sua opinião, um modelo de formação calcado ainda na lógica disciplinar.
Hélcio Gomes, coordenador pedagógico do curso Miguel Coutom lembra que a primeira universidade a adotar um modelo de prova semelhante as aplicadas pelo Enem e pela Uerj, foi a Unicamp, no vestibular de 1988.
De lá para cá, o número de universidade a adotarem modelos parecidos aumentou.
" Já vejo com mais frequencia provas elaboradas de forma interdisciplinar (Pedro Flexa Ribeiro) "
- De fato acredito que essa é a tendência mesmo. As provas estão mais contextualizadas, exigindo do aluno uma análise. Mas é sempre bom lembrar que é desejável, sim, um modelo interdisciplinar e contextualizado, mas nenhum candidato consegue chegar a uma solução, fazer uma análise se não houver aquisição de conteúdo, se ele não tiver informações. O domínio do conteúdo para ser bem sucedido neste tipo de teste é fundamental. Não vamos esquecer que as escolas que vêm se destacando no Enem, por exemplo, são aquelas que têm um ensino mais tradicional.
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