Instituições temem prejuízos ao aprendizado. Criança deve se organizar antes das aulas
MÔNICA PESTANA - Estado - 26.04.2010
Às vezes são apenas cinco minutos, outras vezes o aluno perde uma aula inteira. Observando o aumento do número de alunos que chegam atrasados, algumas escolas da capital se mostram preocupadas com o desenvolvimento escolar dos que vivem brigando com o relógio.
Os pais têm sido advertidos pelas escolas, que tentam evitar que seus alunos extrapolem os atrasos tolerados e cheguem com pelo menos cinco minutos de antecedência. “Os atrasos, se forem constantes, podem causar sérias consequências na aprendizagem”, diz o diretor-geral pedagógico do Colégio Dante Alighieri, Lauro Spaggiari.
O diretor explica que sempre há a preocupação de alertar os pais para evitar os atrasos. “Se fosse um caso isolado, não haveria problema. Mas está mais relacionado aos alunos mais novos”, afirma. Além disso, diz, é ruim do ponto de vista pedagógico. “A criança pode ficar constrangida com os comentários.”
O professor de geografia Adillson Sismotto, de 50 anos, adaptou sua rotina e, para conciliar os horários de toda a família, optou por deixar seu filho, Felipe, de 5 anos, mais cedo no colégio. Sismotto sai de casa pela manhã, leva a mulher ao trabalho e espera o horário de abertura do portão da escola. “Chego ao colégio com antecedência e fico com o Felipe até a entrada.”
Como professor e pai, ele reforça que é importante que a criança chegue no horário para que ela possa se preparar e se organizar antes do início da aula. “Atrasos podem ocorrer, vivemos em uma metrópole, mas é preciso que os pais se organizem para que isso não vire rotina. A criança não tem culpa, são os pais que precisam se planejar para cumprir seus compromissos.”
Para o professor do Instituto de Psicologia Educacional da Universidade de São Paulo, Yves De La Taille, o maior problema está no prejuízo aos trabalhos em grupo na sala. “(Os atrasos) atrapalham a dinâmica do grupo e, para as crianças pequenas, é ruim porque é o momento no qual os primeiros passos da cidadania estão sendo construídos.”
Taille lembra que os princípios de convivência passados pela escola são tão importantes quanto a aula. “Quando o aluno fica doente ou falta por motivo justificável, ele tem como recuperar o conteúdo, mas estamos falando de noções de convivência em grupo, em que existem regras comuns que precisam ser respeitadas.”
Para ele, os professores têm razão em estar preocupados. “As famílias hoje se sentem proprietárias das escolas e isso tem de ser freado. A educação é um direito da criança e dever da sociedade, que tem responsabilidades”.
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