24 de abr. de 2010

Bala de prata


  Por Luiz Edgard Cartaxo de Arruda Junior – Editor.*
Bala de prata é, de verdade, a única coisa que extermina seres malignos: lobisomens, bruxas, vampiros... Já na política, bala de prata é a mentira usada pela direita para derrotar líderes políticos quando os recursos normais e éticos não resolvem. Será empregada exaustivamente pelo PIG e a Casa millenium no programa eleitoral gratuito.
Acontece que a munição é tão abundante e eles usam-na de forma tão despudorada e extravagante, que, às vezes, cega e as bala de prata atingem seus próprios pés. A Rede Globo é campeã nisso, um exemplo foi a tentativa de evitar a correta contagem dos votos do Brizola – a Globo simplesmente recusava-se a noticiar a vitória, nas urnas, do governador eleito do Rio de Janeiro. Terminou dando direito de resposta a Leonel Brizola. Acertou os próprios pés, está manca até hoje e continuará assim para o resto da vida.
Depois, a Globo solenemente desconheceu a campanha das Diretas Já! – só parou quando seus veículos começaram a ser depredados nas ruas das capitais brasileiras. Mais tiro no pé. Agora é a propaganda da campanha eleitoral embutida pelos profissionais da imprensa golpista, os pig do millenium, ao aproveitarem-se do aniversário da Rede Globo e fazerem propaganda política, antecipadamente, do candidato tucano na televisão, incluindo o slogan da candidatura a presidente de José Serra “Pó demais”, já plagiado da campanha do presidente americano Barak Obama “We Can”, como palavras de ordem criadas pela emissora para comemorar seu aniversário.
A coisa foi tão descarada, que o alerta imediato da Blogosfera tirou do ar, em menos de 24 horas, a propaganda política dos tucanos à presidência da República embutida, dissimulada e subliminarmente vinculada domingo, no aniversário da Rede Globo de televisão. O tiro saiu pela culatra! E, desde então, têm sido suspensas as falas dos maiores artistas da Rede Globo dizendo que o Serra é pó demais. Diga aí se pode? No aniversário da rede?
A chamada Direção da Casa, que só aparece nessas horas e por meio de marionetes, informa e defende-se dizendo que o filme do aniversario foi feito há seis meses. O certo é que eles mesmos noticiaram as gravações feitas somente quatro dias depois do lançamento da campanha a presidente da República de Jose Serra, e dizendo o slogan da campanha no aniversário da rede. A Globo dá mais um tiro no pé. Eles agora vão ter que colocar uma prótese no pé, vão ficar como o pirata da perna de pau... Pior é bala de fragmentação. Tem muito artista que não quer ficar coxo de jeito nenhum. E aí, como é que fica? E pode mais, pode caber direito de resposta de vários partidos.
Porém, às vezes os tiros são certeiros e fatais. Lula já foi atingido assim duas vezes nas campanhas eleitorais para presidente, como no episódio, armado e muito bem planejado, da prisão dos sequestradores do dono do Pão de Açúcar, Abílio Diniz, na véspera da eleição. A ida da Mirian Cordeiro, mãe de uma filha do Lula, à televisão para dizer que ele queria fazer o aborto, quando fora ele quem criara e educara a menina é um outro exemplo de bala de prata fluminante no mais fundo do coração. Além disso, temos a farsa montada no debate entre Lula e Collor. Abordei isso no artigo anterior.
Nesses casos, as balas de prata cumpriram seu papel direitinho, e Lula foi derrotado nas duas vezes. E podem ficar certos, “como 2 e 2 são 4”, de que vai ter bastante bala de prata para nossa Dilminha. Vejamos algumas.
O inacabado caso Lina Vieira é uma espoleta contra a Dilma, um exemplo atual ensaiado de bala de prata, que começou com a resposta da então ministra da Casa Civil à pergunta do senador Agripino Maia, falando em Comissão do Congresso Nacional sobre ser ou não verdade que ela tinha mentido em depoimentos na policia. Dilma disse que sim. O porquê contou a verdade? Mentiu sob tortura. Naquela hora, para bom entendedor, ficou claro também que ela não era, neste aspecto, exatamente, a continuação do Lulinha Paz e Amor.
E tem mais: se o ministro Nelson Jobim tivesse (um tiquim de) vergonha na cara para ser cidadão brasileiro, como propõe Capistrano de Abreu, o ministro da Defesa tucana já teria feito a trouxa e se mandando “de fininho”. Mas ele não tem. E é tão cara de pau que vai ficar esperando o pé na bunda da Dilma, “podes crer”. Enquanto isso, continua arquitetando novas balas de prata, junto à canalha de sempre, a exemplo do que fez no caso dos aviões da aeronáutica, ou do golpe contra o Programa Nacional dos Direitos Humanos, ou mesmo quando queria que o Brasil apoiasse o golpe contra o presidente eleito de Honduras, Zelaia.
E o ministro, faz tempo, fraudou a constituinte, é réu confesso, para depois dizer que tinha sido o Ulisses Guimarães, estando o presidente da Constituição cidadã morto e desaparecido. Nelsom Jobim na Defesa é o que tem mais munição e outras armas de ataque abaixo da linha da cintura. E nisso, o maior fornecedor do seu arsenal é o parceiro Serra. É ele, por dentro, que você pode encontrar em toda nova republica, o que mais conspira para macular a democracia brasileira e o governo Lula.
Voltando a Lina Vieira, ela mentiu, dizendo que ouviu de Dilma, no Palácio do Planalto, que “maneirasse com a família Sarney”, não sabe o dia nem a hora. Dilma nega não só a conversa como, até mesmo, o encontro. Na verdade, Lina estava com duas balas de prata, uma para desmoralizar a Dilma, chamando-a de mentirosa contumaz, e, de quebra, tentar lavar a alma desmoralizada do patrão, o senador Agripino Maia. Essa bala ainda está em curso, vide a ficha de terrorista da Dilma que é só um rastilho de pólvora...
Algumas outras balas de prata vão ressurgir como terremotos, vulcões e tsunamis, na grande maioria, armadilhas e farsas requentadas dissimuladas, porém, por serem mais falsas que da primeira vez, com adornos e pirotecnias camufladas, por isso mesmo, mais explosivas. Lamentavelmente, poucas vão “bater catolé”. Breve chega a altura em que até fogo fátuo é nitroglicerina.
A outra bala é para realmente encobrir mutretas da família Sarney, que eles já tinham atingido com uma verdadeira bomba de prata amiga, “leal concorrente” à candidatura de Roseane Sarney ao Palácio do Planalto, com a foto-bomba da enorme pilha de dinheiro colorido vinculada em toda mídia, o que aniquilou definitivamente a candidatura à presidência do Brasil da filha do ex-presidente da República e atual mandatário do Senado, Jose Sarney. Mui amigo, si.
Hoje, nem Deus sabe o explosivo que nutre os artigos censurados no jornal Estado de São Paulo pelo filho do Sarney, isso há quase seis meses. Se é granada, bazuca, mina ou lança-chamas, e a quem mesmo se destina. Perdeu a validade, ou ainda fermenta? É relógio?
As balas de prata foram munição predileta da Operação Condor e da OBAN e vêm desde o Plano Cohen. Foram balas de pratas que deram o fim em J. K. e João Goulart, Marcos Freire, Zuzu Angel, Werzog, Rubem Paiva... são centenas... Bomba em banca de revista, na OAB, no Rio Centro... Bombardearam o palácio do governo chileno com o presidente eleito Salvador Alende dentro. Explodiram ministros de governo latino-americano em avenida de Washington, D.C. Foram balas de prata que deceparam as mãos de Victor Jará e ainda enlouquecem Geraldo Vandré.
Balas de prata podem, com certeza, ser autofágicas, fazem queima de arquivo, como o que aconteceu com Lacerda, Fleury, Von Baugarthenn, e outros mais. Há bem pouco tempo a linha dura, inesperadamente, mostra sua cara: o célebre General Newton Cruz reafirmou que o Maluf o procurou para dar uma bala de prata para o Tancredo Neves...
Podemos ficar certos tem muita bala de prata na próxima esquina.
* Memorialista, co-fundador do Partido dos Trabalhadores e editor do Blog da Dilma em Fortaleza/CE.

Fonte - Desabafo Brasil

Do Blog do Saraiva - 23.04.2010

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