Foto de Karl-Josef Hildenbrand/ AFP |
Uma
delícia tentadora, o Ovo de Páscoa chegou até nós oriundo de tradições
milenares, que estavam fortemente arraigadas nas comunidades primitivas
humanas de base agrícola, visto hoje como símbolo do renascimento para os católicos.
Os chineses e os persas, assim como os
romanos e algumas tribos germânicas, consideravam o ovo um símbolo de
vida e do renascimento de cada primavera após a longa noite invernal,
razão pela qual o adotaram como objeto de culto e de veneração.
A
movimentação dos astros, principalmente o Sol, assim como o ciclo das
estações, eram de importância vital para as civilizações antigas
baseadas na agricultura, o que explica a presença deste símbolo
universal em diversas festividades anuais, especialmente nas ligadas à
primavera.
Vários povos, como os chineses, os persas e os
gauleses, pintavam ovos de diversas aves com cores vivas para evocar o
sol da primavera, que aparece nesta época do ano no hemisfério norte, e
que para os antigos representava um retorno à vida.
O ovo como
símbolo de renascimento também estava presente nas antigas cerimônias da
Pesach, a Páscoa judaica, quando se celebra o momento em que o anjo
exterminador passou por sobre as moradias dos judeus escravizados no
Egito, cujas portas haviam sido marcadas por ordem de Jeová para que
escapassem do castigo divino contra os egípcios.
Este rito
hebraico foi absorvido pelo cristianismo, religião na qual a tragédia
litúrgica da crucificação, morte e ressurreição de Jesus Cristo se
entrelaça também com rituais pagãos ligados à fertilidade e à idéia de
ressurreição.
Em muitos destes ritos arcaicos, aparecia o símbolo
milenar do ovo, arquétipo que, desde o alvorecer da humanidade, leva
consigo a magia e o mistério do ressurgir periódico da vida.
Na
Alta Idade Média, os cristãos adotaram o ovo como símbolo para festejar a
ressurreição de Jesus Cristo na Páscoa de cada primavera boreal
(hemisfério norte), depois dos sacrifícios que os fiéis se impõem
durante a Quaresma.
Ovos de Páscoa feitos de chocolate, muito
semelhantes aos que conhecemos hoje, surgiram inicialmente nos Estados
Unidos no final do século XIX, e a partir daí se espalharam pelo mundo
como um produto industrial, junto com a lenda do "Coelho da Páscoa",
segundo a qual um coelho esteve preso com Jesus no Santo Sepulcro, tendo
presenciado a sua ressurreição.
Ao sair dali, o animal teria sido
o mensageiro da boa nova e distribuiu, entre os primeiros cristãos
ovos pintados com cores vivas, que representavam a magia do
renascimento, do retorno à vida.
Embora esta história,
provavelmente medieval, não pareça estar ligada a nenhuma tradição
cristã, cabe lembrar que o coelho era para os antigos, assim como o ovo,
um símbolo de fertilidade e vida.
A partir do século XX, o Ovo de
Páscoa adotou definitivamente o chocolate como matéria-prima e
rapidamente de tornou um objeto de consumo que movimenta milhões em
qualquer moeda que seja, mas cuja origem mais remota poucas pessoas
conhecem.
AFP - 08.04.12
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