28 de jan. de 2011

O ESTADO DE SÃO PAULO DEVE ABANDONAR A PROGRESSÃO CONTINUADA?

Imagem: Vi o Mundo
SIM 
 
"Exclusão postergada" dos alunos 


*MARIA IZABEL AZEVEDO NORONHA (foto)

A Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) e outras entidades vêm há muito denunciando que a chamada progressão continuada na rede estadual de ensino de São Paulo se configura como uma "aprovação automática" dos estudantes, sucessivamente remetidos às series seguintes no ensino fundamental ainda que não tenham adquirido os conteúdos previstos em cada uma de suas etapas.
Por que, afinal, é tão importante que se discuta a questão da progressão continuada? A função primordial da escola é formar cidadãos, não apenas pela transmissão do conhecimento acumulado mas também pela produção coletiva de novos conhecimentos.
É tarefa central dos educadores articular coletivamente um projeto educacional de concepção humanista, comprometido com a escolarização de todos com qualidade.
A defesa de uma escola sem exclusão social, que garanta o acesso e a permanência de todos os alunos, é premissa necessária para os que lutam pela educação inclusiva -sob todos os aspectos- e de qualidade em nosso país.
A Constituição brasileira assegura a educação como um direito de todos. Ela é requisito fundamental para a construção de uma nação independente e desenvolvida, não só do ponto de vista econômico, mas social, político e cultural.
Se o objetivo é a inclusão social e a aprendizagem dos alunos, e não apenas atribuir-lhes uma nota, muitas vezes levando-os à reprovações e ao abandono da escola, a simples abolição de qualquer avaliação tampouco contribui para a formação dos estudantes.
Da forma como foi implementada, a progressão continuada em São Paulo concretizou, na verdade, a "exclusão postergada" dos alunos, que terão menos chance na vida e no mundo do trabalho.
A vida real não aboliu as avaliações; a "aprovação automática" cria, assim, uma realidade não verdadeira para o aluno. Na acepção correta da progressão continuada, a avaliação deve ser contínua, diagnóstica e cumulativa, propiciando sempre a percepção, pelo educador e pelo próprio educando, do estágio da aprendizagem, suas dificuldades, suas deficiências, subsidiando o replanejamento do trabalho do professor e a organização dos estudos do aluno.
A progressão continuada não pode ser imposta. Para que seja de fato implantada há que se pensar em um processo de envolvimento de pais, alunos e educadores.
Exige professores motivados, bem remunerados, integrantes de carreira justa e atraente. Além disso, precisa de correta relação professor/aluno, não de salas superlotadas como nas escolas estaduais.
Necessita ainda de um programa de formação continuada dos professores no próprio local de trabalho, com jornada e salários que lhes permitam se dedicar a uma única unidade escolar. Não acontecerá sem gestão democrática em que todos os segmentos da comunidade sejam formuladores e gestores do projeto político-pedagógico.
A escola, para a criança e para o jovem, é uma passagem, mas essa passagem não pode terminar em branco; tem que resultar na aquisição de conhecimentos.
É imperativo que a Secretaria da Educação apresente à sociedade uma proposta de como assegurar aos alunos das escolas estaduais o direito que todos têm à aquisição do conhecimento historicamente acumulado e à participação na produção de novos conhecimentos. E um projeto que inclua aquelas crianças e jovens prejudicados pela "aprovação automática".
*Maria Izabel Azevedo Noronha - Presidente do Sindicato Associação dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo - APEOESP

Por Enéas - 28.01.2011

PROUNI RECEBE MAIS DE 1 MILHÃO DE INSCRIÇÕES E BATE RECORDE


O MEC (Ministério da Educação) informou nesta quarta-feira que foram registradas 1.048.631 inscrições para o ProUni (Programa Universidade para Todos) até a noite de ontem, quando foi encerrado o prazo para concorrer a uma das bolsas oferecidas.
 
Com isso, o processo deste ano é o com maior número de candidatos da história. Criado em 2004, pelo governo Lula a maior marca registrada pelo programa tinha ocorrido em 2010, quando foram recebidas 822 mil inscrições. O resultado em primeira chamada será divulgado na sexta-feira (28) no site do programa.
 
No dia 11 de fevereiro, será divulgada a lista dos pré-selecionados em segunda chamada, com prazo de comprovação de documentos até 17 de fevereiro.
 
Nesta edição estão sendo oferecidas 123.170 bolsas de estudo em 1.500 instituições privadas de ensino superior. Do total, 80.520 são integrais e 42.650 parciais, que custeiam 50% da mensalidade.
 
As bolsas integrais são destinadas aos alunos com renda familiar mensal per capita de até um salário mínimo e meio. Já as bolsas parciais são para os candidatos cuja renda familiar mensal per capita é de até três salários mínimos.
 
Caso ainda haja bolsas disponíveis, o Ministério da Educação abrirá um novo período de inscrições entre os dias 21 e 24 de fevereiro, com divulgação da primeira lista de pré-selecionados em 27 de fevereiro. Quem já tiver conseguido uma bolsa na primeira etapa de inscrições não poderá participar da disputa.

Por Helena - Os amigos do Lula - 28.01.2011

Sergio Amadeu: Os “nacionalistas” que a Microsoft ama

por Luiz Carlos Azenha

A entrevista que fiz com o sociólogo Sergio Amadeu, um conhecido defensor do software livre e da inclusão digital no Brasil, ficou muito mais longa que o desejável. Mas, como o tema é complexo, achei que valeria a pena colocar no contexto mais amplo possível o significado da decisão da ministra Ana de Hollanda de retirar do site do Ministério da Cultura a licença CC, do Creative Commons. Amadeu acredita que a decisão foi simbólica de uma ruptura com os ministros que a antecederam, Gilberto Gil e Juca Ferreira. Seria, portanto, uma ruptura com a política do governo Lula, como argumentou Sergio em artigo publicado originalmente na Carta Maior e reproduzido aqui.

Porém, na entrevista, falhei miseravelmente no quesito “didatismo”. É um tema complexo, cheio de siglas e informações incompreensíveis para muita gente. O bicho assusta, mas é manso. No entanto, tem gente que está chegando agora e se afasta da discussão por falta de paciência para entendê-la. É justamente aí que mora o perigo. O que está em jogo é importante demais para ser decidido apenas em gabinetes governamentais ou nos arreglos entre as grandes empresas e os políticos que elas ajudam a eleger ou “deseleger”.

Por isso, fiz um guia básico para iniciantes dos temas sobre os quais falamos na entrevista. Se você já é do ramo, é só saltar e ir direto para os vários trechos da gravação.
Caso contrário, não se envergonhe:

Copyright ou Direito Autoral, garante os direitos do autor sobre a obra.

Copyleft, popularizado pelo estadunidense Richard Stallman, é um trocadilho com o “direito de cópia – todos os direitos reservados” do copyright.

Stallman é um dos papas do software livre. O software livre, em contraposição ao proprietário (aquele, da Microsoft, pelo qual você paga) pode ser compartilhado dentro de algumas regras. Um dos princípios básicos é que seja transparente, ou seja, o código-fonte (o código que determina como o programa funciona, o DNA dele) é público. Pode ser manipulado por qualquer pessoa que tenha conhecimento para tanto. Você pode acrescentar, inventar, mexer à vontade, desde que tenha o compromisso de dividir com os outros da mesma forma que recebeu.

Stallman definiu os princípios pelos quais o software livre seria compartilhado ao criar a Licença Pública Geral, GPL em inglês.

O que a GPL foi para o software livre o Creative Commons é para uma gama mais ampla de criações culturais — textos, fotos, música, etc.

Creative Commons é uma ONG sem fins lucrativos, fundada por Lawrence Lessig na Califórnia, cujo objetivo é promover o compartilhamento. O autor, de livre e espontânea vontade, abre mão de seus direitos com o objetivo de compartilhar sua obra e determina as normas pelas quais isso será feito.Foi uma forma de permitir aos autores, nos Estados Unidos — não se esqueçam,  é a terra dos advogados — que abrissem mão do direito sobre suas obras para que elas se tornassem de domínio público de forma juridicamente clara e segura para todos. Ou seja, que pudessem ser copiadas, reproduzidas e mesmo modificadas pelos usuários livremente (existem licenças distintas e a escolha é sempre do autor da obra).

É essa ideia, de compartilhamento, que deu origem, por exemplo, ao Wikimedia Commons e à própria Wikipédia. Notem quantas vezes o verbo compartilhar aparece, acima. Gente, esses caras querem compartilhar tanto que até parecem… comunistas. Chamem o DEOPS!

Acordo TRIPs (trade-related aspects of intellectual property rights, ou aspectos relacionados ao comércio dos direitos de propriedade intelectual), fechado na rodada do Uruguai da Organização Mundial do Comércio, impôs ao mundo regras de proteção do direito intelectual defendidas pelos Estados Unidos, União Europeia e Japão.

International Intellectual Property Alliance (IIPA) é o lobby dos conglomerados em defesa da propriedade intelectual.

Firefox, um navegador da internet muito popular, em software livre, criação da Mozilla Foundation, dos Estados Unidos. É gratuito.  Compete com o Internet Explorer, da Microsoft, que vem no pacote quando você compra o Windows.

ECAD, Escritório Central de Arrecadação e Distribuição, cuida de receber e repassar os direitos autorais aos músicos brasileiros.

P2P, peer-to-peer, par-a-par, conceito de interconexão entre computadores que permite o compartilhamento de conteúdos em rede (você baixa as músicas contidas nos arquivos de seus pares e permite que eles baixem as suas, por exemplo), que rendeu batalhas jurídicas homéricas nos Estados Unidos, movidas pela indústria fonográfica.
Malgaxe, nascido em Madagascar.

Wordpress, um sistema de gerenciamento de conteúdo na rede, gratuito, que é escrito em software livre. É usado, com adaptações, pelo Viomundo, pelo Ministério da Cultura e por uma infinidade de sites e blogs em todo o mundo. O Wordpress é produto de uma ONG gringa.

Trezentos é o nome de um dos blogs dos quais o Sergio Amadeu participa.

Fiquem, pois, com a primeira parte da entrevista com o Sergio Amadeu:

Na segunda parte, Amadeu fala sobre os desenvolvedores brasileiros do Linux, do Apache, do BR Office, da necessidade de criar uma esfera pública internacional para defender o livre fluxo de informações e que apoiaria a ideia de criar uma licença brasileira equivalente ao Creative Commons. Menciona a Rede Mocambos. Fala sobre o clone do blog do Planalto. Responde à leitora Luciana. E diz acreditar que a ação da ministra Ana de Hollanda foi apenas o primeiro passo.

No trecho final da entrevista, Amadeu responde a internautas e explica os motivos pelos quais acredita que estamos a caminho de um grande retrocesso no MinC.

Do Vi o Mundo - 27.01.2011

27 de jan. de 2011

Ministro das Comunicações desmente Estadão pelo Twitter


Por Eduardo Guimarães - Blog da Cidadania - 27.01.2011

Logo cedo tive uma aparente má notícia, nesta quinta-feira. Matéria do jornal O Estado de São Paulo, assinada pelo chefão Ricardo Gandour, afirmava a seguinte barbaridade: “Convergência de mídias leva governo a desistir de veto à propriedade cruzada”.
Dizia a matéria:
O governo vai abandonar o debate sobre a proibição da propriedade cruzada nos meios de comunicação por estar convencido de que o desenvolvimento tecnológico tornou a discussão obsoleta. O conceito de convergência das mídias, que consolidou o tráfego simultâneo de dados e noticiários em todas as plataformas – da impressa à digital -, pôs na mesa do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, um projeto de concessão única. Propriedade cruzada é o domínio, pelo mesmo grupo de comunicação, de concessões para operar diferentes plataformas ( TV, jornal e portais) (…)”
Trata-se de um absurdo. Nem os Estados Unidos permitem a propriedade cruzada. Equiparar televisão, rádio e imprensa escrita por conta da internet em um país em que a inclusão digital é tão baixa – e sem perspectiva de reversão plena da situação no curto e médio prazos – seria a virtual rendição do governo Dilma à direita midiática.
Inconformado, fui ao Twitter e fiz uma cobrança ao ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, que me respondeu. Vejam, abaixo, o que ele disse.

Fundações elaboram ações pela Reforma Política em 2011


Por Evelize Pacheco -  da FPA - 27.01.2011

As Fundações Perseu Abramo do PT, Mauricio Grabois do PCdoB, João Mangabeira do PSB, Lauro de Campos do PSOL e representantes da Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma Política e da Frente Parlamentar pela Reforma Política estiveram reunidas nesta quarta-feira (26/1) em São Paulo, na sede da FPA para debater ações para mobilizar a sociedade e os parlamentares da nova legislatura no Congresso Nacional sobre a necessidade premente de se iniciar concretamente a reforma política ainda este ano. Na avaliação dos/as presentes a reforma é fundamental para fortalecer a democracia brasileira e as fundações tem papel central para promover esta pauta junto aos partidos, aos parlamentares e à sociedade.
Algumas ações já foram estabelecidas pelas Fundações para este ano como a realização de seminários em todo o país, publicações, debates públicos para mobilizar a população e colóquio com os parlamentares da nova legislatura sobre a importância da reforma política. O grupo voltará a ser reunir no dia 18 de fevereiro.
A deputada federal pelo PSB Luiza Erundina representando a Fundação João Mangabeira e a Frente Parlamentar pela Reforma Política resume a situação da reforma política neste momento político. "O tema da reforma política tem estado na pauta de algumas forças políticas, ou pelo menos de alguns movimentos da sociedade civil. Há uma unanimidade sobre a importância, a necessidade e a prioridade de se definir este tema, mas lamentavelmente não se concretiza na prática. Então agora existe um novo governo, nós temos um novo governo, uma nova legislatura e essas fundações tem a competência, a responsabilidade da formação política, da educação política, assumindo para si essa agenda com certeza vai nos respaldar para lutar por esta bandeira lá no Congresso. Quem sabe isso torne viável o debate e até mesmo a aprovação dos temas no Congresso a partir deste ano."
Para Luciano Santos, da Plataforma dos movimentos sociais pela reforma política, existe uma expectativa muito grande em relação a reforma politica, mas que apesar de haver uma convergência para que ela aconteça, ainda está difícil avançar na sua concretização. Com a nova legislatura, ele acredita que há condições para trabalhar a questão da reforma política.  Segundo Santos, no momento a Plataforma juntamente com o Movimento contra corrupção eleitoral (ficha limpa) está trabalhando no sentido de apresentação de uma proposta de Lei de Iniciativa Popular, independente do que vai acontecer no Congresso, focado em financiamento público e lista fechada.
O presidente da Fundação Maurício Grabois, Adalberto Monteiro, acredita que há uma expectativa no país no sentido de ampliar, aperfeiçoar a democracia brasileira, e de avançar na sua construção. E a reforma política faz parte desse processo. Monteiro disse que os meios de comunicação inculcaram na sociedade uma visão muito negativa dos partidos e da política em geral, e que não existe  no senso comum esse sentimento de que o sistema político precisa ser aperfeiçoado.
A reunião das fundações, segundo Monteiro, está buscando as convergências sobre o conteúdo de uma reforma política. Em princípio, ele acredita que essa reforma passa pela ampliação da democracia. A reforma também passa, segundo ele, pela definição de  mecanismos de participação para o povo não seja um mero espectador.
O presidente da FPA, Nilmário Miranda, afirma que as fundações partidárias devem participar ativamente "dentro de seu espaço" pela reforma política, subsidiando  os partidos e fomentando a participação social pela reforma política e pela reforma da política, acrescenta. "Essa iniciativa agora está enriquecida com a participação da Plataforma", destacou.

Pedro Ayres: Romper com Creative Commons é autonomia

por Pedro Ayres, do Crônicas e Críticas da América Latina, em comentário neste blog

Antes de mais nada uma coisa tem que ficar clara. Romper com o CC foi um ato soberano e de profunda autonomia ante o servilismo do colonizado de alguns, principalmente porque em nada afeta a liberdade de criação dos autores brasileiros. É bem sintomático que gente como o Renato Lemos e o Carlos Afonso da FGV, por exemplo,em todos os textos publicados e divulgados na mídia nacional quanto a essa questão, tenham como base aquilo que o CC publicou em seu site. Por sinal no último parágrafo deste CC documento, há a confissão dos motivos da gritaria:

“E as políticas relacionadas a software livre continuam fortes, no governo federal. No mesmo dia em que o CC foi retirado do site do MinC, o Ministério do Planejamento publicou no Diário Oficial sua política para fortalecer o Software Público Brasileiro, promovendo software livre e licenças flexíveis.”

Há muito aprendi, profissional e politicamente, que quando há certa unidade entre a mídia e empresas estadounidenses, desinteresse e desejo de apoiar o Brasil é o que não existe. Além do fato que desde o assalto dos microeconometristas à FGV, que esta fundação está a serviço daquilo que pode ser chamado de interesses antinacionalistas. É evidente que haverá sempre quem se diga apenas preocupado com a possibilidade de que essa decisão ministerial possa vir a afetar a “democratização” do acesso cultural, o que é, como diz o povão, “menas verdade”.

Como a legislação brasileira permite, caberá ao autor da obra cultural — musical, plástica, dramática, acadêmica ou jornalística — decidir como liberar o acesso ao que produz. O que não é possível é se negar o direito do autor, simplesmente porque tais ou quais empresas ou “agentes culturais” desejam liberar o seu uso e conteúdo, sem que ao autor lhe seja garantido qualquer tipo de compensação por isso. E para não haver nenhuma dúvida sugiro a leitura do que está exposto no sítio http://www.creativecommons.org.br/

Só mesmo um ridículo pequeno-burguês pode ver ameaça onde apenas existe o resguardo dos legítimos direitos dos autores nacionais. Com mais um pouco de esforço, logo falarão em “forte ameaça à liberdade de expressão”, que é o bordão atualmente mais usado pelo império para destruir quem essencialmente o combate.

Do Vi o Mundo - 26.01.2011

Sergio Amadeu: Um ataque à política de Lula

Sergio Amadeu: “Ana de Holanda e ECAD atacam política de Lula”

O movimento de software livre, de recursos educacionais abertos e os defensores da liberdade e diversidade cultural votaram em Dilma pelos compromissos que ela afirmou em defesa do bem comum. No mesmo dia que a Ministra Ana de Holanda atacou o Creative Commons retirando a licença do site, a Ministra do Planejamento Miriam Belquior publicou a normativa que consolida o software livre como a essência do software público que deve ser usada pelo governo. É indiscutível o descompasso que a Ministra da Cultura tem em relação à política de compartilhamento do governo Dilma. O artigo é de Sergio Amadeu da Silveira.

Sergio Amadeu da Silveira (*), na Carta Maior

Os defensores da indústria de intermediação e advogados do ECAD lançam um ataque a política de compartilhamento de conhecimento e bens culturais lançada pelo presidente Lula. Na sua jornada contra a criatividade e em defesa dos velhos esquemas de controle da cultura, chegam aos absurdos da desinformação ou da mentira.

Primeiro é preciso esclarecer que as licenças Creative Commons surgiram a partir do exemplo bem sucedido do movimento do software livre e das licenças GPL (General Public Licence). O software livre também inspirou uma das maiores obras intelectuais do século XXI, a enciclopédia livre chamada Wikipedia. Lamentavelmente, os lobistas do ECAD chegam a dizer que a Microsoft apóia o software livre e o movimento de compartilhamento do conhecimento.

Segundo, o argumento do ECAD de que defender o Cretaive Commons é defender grandes corporações internacionais é completamente falso. As grandes corporações de intermediação da cultura se organizam e apóiam a INTERNATIONAL INTELLECTUAL PROPERTY ALLIANCE® (IIPA, Associação internacional de Propriedade Internacional) e que é um grande combatente do software livre e do Creative Commons. O Relatório da IIPA de fevereiro de 2010 ataca o Brasil, a Malásia e outros países que usam licenças mais flexíveis e propõem que o governo norte-americano promova retaliações a estes países.
 
Terceiro, a turma do ECAD desconsidera a política histórica da diplomacia brasileira de luta pela flexibilização dos acordos de propriedade intelectual que visam simplesmente bloquear o caminho do desenvolvimento de países como o Brasil. Os argumentos contra as licenças Creative Commons são tão rídiculos como afirmar que a Internet e a Wikipedia é uma conspiração contra as enciclopédias proprietárias, como a Encarta da Microsoft ou a Enciclopédia Britânica.

Quarto, o texto do maestro Marco Venicio Andrade é falso até quando parabeniza a presidente Dilma por ter “restabelecido a soberania de nossa gestão cultural, anulando as medidas subservientes tomadas pelos que, embora parecendo modernos e libertários, só queriam mesmo é dobrar a espinha aos interesses das grandes corporações que buscam monopolizar a cultura”. O blog do Planalto lançado pelo presidente Lula e mantido pela presidente Dilma continua com as licenças Creative Commons. Desse modo, os ataques que o defensor do ECAD fez a política dos commons lançada por Gilberto Gil, no MINC, também valem para a Presidência da República.

Quinto, o movimento de software livre, de recursos educacionais abertos e os defensores da liberdade e diversidade cultural votaram em Dilma pelos compromissos que ela afirmou em defesa do bem comum. No mesmo dia que a Ministra Ana de Holanda atacou o Creative Commons retirando a licença do site, a Ministra do Planejamento Miriam Belquior publicou a normativa que consolida o software livre como a essência do software público que deve ser usada pelo governo. É indiscutível o descompasso que a Ministra da Cultura tem em relação à política de compartilhamento do governo Dilma.

(*) Sergio Amadeu da Silveira é professor da UFABC. Sociólogo e doutor em Ciência Política. Foi presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação e primeiro coordenador do Comitê Técnico de Implementação do Software Livre na gestão do presidente Lula.



Do Vi o Mundo - 26.01.2011

26 de jan. de 2011

Renato Rovai: “MinC rasga compromisso de campanha da candidata Dilma Rousseff”

21 de janeiro de 2011 às 13:23

por Renato Rovai, em seu blog

A ministra da Cultura Ana de Holanda lançou uma ofensiva contra a liberdade do conhecimento. Na quarta-feira pediu a retirada da licença Creative Commons do site do Ministério da Cultura (MinC), que na gestão de Gilberto Gil foi pioneiro em sua adoção no Brasil.

O exemplo do MinC foi àquela época fundamental para que outros sites governamentais seguissem a mesma diretriz e também publicassem seus conteúdos sob essa licença, como o da Agência Brasil e o Blog do Planalto.

A decisão da ministra é pavorosa porque, entre outras coisas, rasga um compromisso de campanha da candidata Dilma Rousseff. O site de sua campanha foi publicado em Creative Commons o que denotava compromisso com esse formato.

Além desse ato simbólico, que demonstra falta de compromisso com o livre conhecimento, a ministra pediu o retorno ao Ministério da Cultura do Projeto de Lei de Revisão dos Direitos Autorais, que depois de passar por um debate de sete anos e uma consulta pública democrática no governo Lula, estava na Casa Civil para apreciação final e encaminhamento ao Congresso Nacional.

O que se comenta é que a intenção da ministra é revisar o projeto a partir das observações do ECAD, um órgão cartorial e que cumpre um papel danoso para a difusão da cultura no Brasil.

Para quem não conhece, o ECAD é aquele órgão que entre outras coisas contrata gente para fiscalizar bares e impedir, por exemplo, que um músico toque a música do outro. É uma excrescência da nossa sociedade cartorial.

Este blog também apurou que Ana de Holanda pretende nomear para a Diretoria de Direitos Intelectuais da Secretaria de Políticas Culturais o advogado Hildebrando Pontes, que mantém um escritório de Propriedade Intelectual em Belo Horizonte e que é aliado das entidades arrecadadoras.

Como símbolo de todo esse movimento foi publicado ontem no site do Ministério da Cultura, na página de Direitos Autorais, um texto intitulado “Direitos Autorais e Direitos Intelectuais”, que esclarece a “nova visão” do ministério sobre o tema. Vale a leitura do texto na íntegra , mas segue um trecho que já esclarece o novo ponto de vista:

“Os Direitos Autorais estão sempre presentes no cotidiano de cada um de nós, pois eles regem as relações de criação, produção, distribuição, consumo e fruição dos bens culturais. Entramos em contato com obras protegidas pelos Direitos Autorais quando lemos jornais, revistas ou um livro, quando assistimos a filmes, ou simplesmente quando acessamos a internet.”

Essa ofensiva de Ana de Holanda tem várias inconsistências e enseja algumas perguntas:

A principal, o governo como um todo está a par desse movimento e concorda com ele?

Afinal a presidenta Dilma Rousseff se comprometeu, como Ministra da Casa Civil e candidata à presidente da República, a manter o processo de revisão dos direitos autorais e promover a liberdade do conhecimento. E um desses compromissos foi firmado na Campus Party do ano passado, em encontro com o criador das licenças Creative Commons, Lawrence Lessig.

O atual ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, quando candidato ao governo de São Paulo, também se comprometeu com esta luta, inclusive numa reunião que contou com a presença deste blogueiro, na Vila Madalena, em São Paulo.

O que a atual presidenta e o ministro Mercadante pensam desta inflexão?

E o pessoal do PT ligado à Cultura, o que pensa disso?

Muitos dos militantes petistas da área comemoraram a indicação de Ana de Holanda.
Alguns entraram em contato com este blog para dizer que os compromissos anteriores não seriam rasgados.

E agora, o que eles pensam dessas decisões da ministra?

Dilma Rousseff foi eleita também para dar continuidade ao governo Lula. Se havia interesse em revisar certas diretrizes  na área da Cultura e que vinham sendo implementadas com enorme sucesso e repercussão nacional e internacional, isso deveria ter ficado claro. Isso deveria ter sido dito nos diversos encontros que a candidata e gente do seu partido tiveram com esses setores.

Essas primeiras ações do MinC não são nada alentadoras. Demonstram um sinal trocado na política do ministério exatamente no que de melhor ele construiu nos anos de governo Lula.

Não há como definir de outra forma essa mudança rota: é traição com o movimento pela democratização da cultura e da comunicação.

A ministra precisa refletir antes de declarar guerra a esse movimento social.

E o PT precisa assumir uma posição antes que seja tarde.

Porque na hora H, não é  com o povo do ECAD e com o da indústria cultural que ele conta.

PS: Conversei com um amigo que entende de conteúdos licenciados em Creative Commons e ele me disse que a decisão da ministra de mudar o licenciamento do site vale exatamente nada no que diz respeito ao que foi produzido na gestão anterior.

Aquele conteúdo foi ofertado em Creative Commons e o Ministério não pode simplesmente revogar a licença de uso.

Se isso for feito, o Ministério infringe a licença Creative Commons e se torna um infrator de direitos.

Do Vi o Mundo - 25.01.2011

23 de jan. de 2011

O local e diverso como pontos de partida para uma informação democrática

 
O telespectador ou ouvinte de uma TV ou rádio, começa seu dia sabendo tudo sobre o que ocorre nos grandes centros urbanos do país, como trânsito, tempo, comércio e entretenimento.  Informação nunca é demais, não fosse o fato de que a maioria desses telespectadores ou ouvintes, muitas vezes, vive a centenas de quilômetros destes centros urbanos...

A programação e o conteúdo dos grandes veículos de comunicação privilegia a informação produzida nos grandes centros, esquece a periferia, ignora as manifestações culturais locais, mas quando o fazem, as reproduzem a partir de seus recursos, humanos e técnicos próprios e não daqueles que produzem, genuinamente, tais produtos culturais in loco.

A democratização da informação passa pelo local, pelas manifestações culturais, das mais diversas regiões e micro-regiões país adentro.  Pausterizar a informação do centro para os subúrbios, de cima para baixo, não atende a todos, descaracteriza o local, perde-se componentes históricos daquilo que comunidades historicamente representam ou são identificadas.

Da forma como é hoje, a maneira como os grandes veículos de comunicação tratam a informação, apenas contribui para a concentração do negócio nas mãos de poucos grupos, estendendo o alcance de marcas pelo interior do país, com programação central, destruindo ou absorvendo milhares agentes de comunicação no Brasil, tornando-os meros repetidores da "informação do centro", ocupando pouco espaço com o que é produzido no local.

A disseminação da informação é um negócio cada vez mais orientado pelo retorno fácil, em que a produção massificada contribui para o controle desses resultados, em detrimento de qualquer iniciativa local.  A informação aqui descrita não se trata apenas de noticiário, mas de toda sorte de informação cultural, política, econômica, histórica.  A concentração que hoje existe apenas serve aos interesses comerciais deste mercado, não há qualquer proteção ao que pode ser produzido nos rincões do país, o Estado brasileiro precisa entrar nessa arena e estabelecer nortes, protegendo o interesse social do interesse meramente comercial.

Uma legislação que obrigue este setor a produzir informação local e não apenas repetir o que já está pronto, pode significar um alento aos agentes locais que resistem ao ataque dos gigantes e suas representações externas daquilo que é feito "lá dentro", em sua originalidade cultural, perdendo essência em cada intervenção dessa espécie.  Uma "Ley de medios", como a que o governo de Cristina Kirchner implementou na Argentina seria uma resposta aos produtos manufaturados para faturar, as criações culturais sem origem e moldadas apenas para efetuar ganhos financeiros e dominar o pensamento uniformemente.

Desconcentrar é o caminho para o setor, mas a reação dos donos dos grandes veículos de comunicação brasileiros, tachando qualquer iniciativa de regulação da área como tentativa de censura ou controle, demonstra claramente a preocupação destes empresários em defender seus rentáveis empreendimentos.  Afirmam que a própria audiência pode exercer tal controle... Mas como o espectador pode exercer "tal controle" sem conhecimento da diversidade cultural que o país detém em sua plenitude, desconcentrado e plural? Conhecendo somente aquilo que, em sua esmagadora proporção, lhe é oferecida, controlar a programação central nos locais distantes parece pouco promissora...


Em novembro passado, durante um seminário internacional sobre comunicação em Brasília, Gustavo Bulla, diretor Nacional de Supervisão da AFSCA (Autoridade Federal de Serviços de Comunicação Audiovisual), órgão regulador argentino, declarou: “A Sociedade Interamericana de Imprensa é um grupo de empresários, donos de jornais, preocupados em defender seu negócio. A liberdade de expressão pertence aos cidadãos, não é propriedade deles”.

O modelo argentino parece assustar as grandes empresas de comunicação brasileiras, com o selo de legislação "chavista" conferido por elas, com o real objetivo de assustar as pessoas e torná-las inimigas de qualquer iniciativa governamental sobre a regulação da mídia. Lá, tanto como cá, o principal órgão de imprensa, o Clarín, declarou guerra ao governo e age como agourento partido de oposição, sistematicamente...Não é mera coincidência com o que ocorre aqui.  É uma reprodução de um comportamento central, disseminado em quase toda América do Sul.

Transmissão do futebol para todos, exemplo argentino
A criação de um  marco regulatório gera polêmica no Brasil, mas a Argentina, por exemplo, foi mais além, resolveu intervir no mercado televisivo e comprou os direitos de transmissão do campeonato argentino, que antes apenas passava em TV a cabo, sobre valorizando seu preço e alcançando apenas aqueles que podiam pagar a detentora dos direitos de transmissão, não concidentemente, o concentrador grupo Clarín.  A TV pública pagou o dobro do valor que pagavam a Associação de Futebol Argentino (AFA) e liberaram a transmissão em canal aberto, inclusive vendendo para outros canais que se interessassem em pagar pela transmissão dos jogos.  Este exemplo representa a desconcentração e a democratização da TV argentina, contrariando interesses financeiros e políticos históricos.

Bulla citando uma frase do popular locutor esportivo Victor Hugo Morales: “Os direitos exclusivos do futebol foram o cavalo de Tróia da concentração dos meios de comunicação na Argentina”. Além de democratizar o acesso ao futebol, a lei de medyos significou não só desconcentração econômica como cultural.

Com informações da Carta Capital
 
Do Blog Palavras Diversas -  23.01.2011

21 de jan. de 2011

Campus Party: banda larga pode ter imposto zero, diz ministro

Antonio Valente (dir.), Paulo Bernardo, Mario Teza e Demi Getschko debatem acesso digital no Brasil


Foto: Ana Brambilla/Terra


Ana Brambilla (Texto e imagem) - Terra/SP - 20.01.2011
Participante da mesa Campus Debate, sobre os desafios do crescimento em tecnologia e comunicações para o Brasil, o ministro das comunicações, Paulo Bernardo, afirmou que o Plano Nacional de Banda Larga estima um custo de mensalidade de R$ 35 reais em Estados onde houver cobrança de ICMS. O valor pode ser mais baixo em unidades federativas que não cobrarem o imposto. "Já consultei vários secretários de fazenda que têm dificuldade para diminuir imposto de maneira geral, mas que, na questão de banda larga disseram que é possível fazer redução ou até zerar o ICMS", disse nesta quinta-feira, no palco da Campus Party Brasil.
No debate, Bernardo dividiu a atenção com o Twitter. Em seu perfil pessoal, postou: "Na Campus Party, em debate. Na mesa, com Antonio Valente, @getschko e @mlteza". Os parceiros de discussão citados pelo ministro são o presidente da Telebrasil, Antonio Carlos Valente, o diretor-presidente do Núcleo de Informação e Coordenação do Comitê Gestor da Internet, Demi Getschko e o diretor geral da Futura Networks, Mario Teza.
Entre as questões debatidas, a conectividade do brasileiro apareceu como um desafio para a nova gestão do ministério. Bernardo citou que, em 2010, 14 milhões de computadores foram vendidos no Brasil e que, para 2011, a projeção é de que este número chegue à casa dos 16 milhões. Ter computador, apenas, não basta. O ministro destacou que o brasileiro é um dos povos mais comunicativos: "A pessoa não quer computador para escrever, ela quer para se comunicar".
Demi Getschko reforçou a visão do ministro ao lembrar que 5 milhões de domicílios possuem computador sem conexão. Uma possível resposta para diminuir este índice seria o Plano Nacional de Banda Larga. Embora a administração federal esteja projetando a tecnologia no Brasil para 2025, tomando como base países como Coreia do Sul e Estados Unidos, Demi Getschko rebate ao dizer que comparar conexão do Brasil à da Coreia é inadequado e que a largura da banda não é o mais importante.
"O que importa é que o brasileiro esteja conectado de forma perene e que tenha acesso à cesta básica de serviços, que são: visitas a sites, correio eletrônico, VoIP e vídeos para assistir". Para chegar a este pacote, a disseminação plena do IPv6 é apontada como ponto fundamental pelo representante do CGI.
Para a popularização desta tecnologia que permite ampliar o acesso, o presidente da Telebrasil vê a carga tributária de 40% em serviços de telecomunicações como um dos maiores obstáculos. Reduzir impostos, aumentar a competitividade e investir na educação são elementos-chave para a ampliação da conectividade do brasileiro: "Não adianta conectar todas as escolas se não houver capacitação dos professores", pondera. Quanto ao IPv6, Valente acredita que a própria dinâmica do mercado acelerará os investimentos e, por consequência, a difusão do novo protocolo.
Visivelmente animado com o evento, Paulo Bernardo disse que tentou ser campuseiro: "Até tentei fazer reserva de uma barraca pra ficar até amanhã, mas disseram que não tem mais vaga", lamentou.

17 de jan. de 2011

O drama da região serrana do Rio é de todos nós


É inadiável a definição e a implementação de políticas públicas que garantam o ordenamento urbano, com respeito às pessoas, ao meio ambiente, à coletividade, à vida. Claro que é trabalho para resultados a longo prazo. Mas é questão de sobrevivência humana.

Difícil manter a racionalidade diante da tragédia que atingiu a região serrana do Rio de Janeiro. As imagens são dilacerantes. A extensão do drama humano supera nossa capacidade de raciocínio. Impossível não se emocionar. Em particular ante a grandeza da gente brasileira, traduzida em solidariedade com as vítimas. E ao poder de resignação daqueles que escapam. Perderam tudo, mas estão vivos.

Muitos tiveram a família inteira levada pelas águas ou soterradas nos escombros do que um dia foi um lar. Ainda assim, mantêm aceso o espírito que dá sentido à vida: é preciso recomeçar.

De onde vem tamanha força? Talvez da fé. E quem somos nós, pretensos observadores, paladinos da consciência política, para duvidar? Sim, eles serão capazes e, talvez, seja extamente isso, a fé – que seja em si próprio – que alimente a mística do “brasileiro, profissão esperança”.

No tempo presente, resta-lhes contar e enterrar os mortos. E eles já passam dos 500 nas setes cidades devastadas, em três dias de resgate. Só em Nova Friburgo são 246, na contagem da tarde desta sexta-feira, segundo a Defesa Civil. Em Teresópolis, 229. Petrópolis, 41. Sumidouro, 20. São José do Rio Preto, dois. Areal também foi devastada, mas não há vítimas fatais conhecidas, por enquanto.

Mas, infelizmente, tudo pode ficar pior: as buscas certamente trarão mais corpos, e a meteorologia indica que os céus não darão trégua.

Outros estados do Sudeste vêm sendo castigados pelas chuvas: em Minas, 74 municípios estão sob as águas e decretaram estado de emergência; São Paulo não para de contabilizar prejuízos materiais e humanos; Espírito Santo e Goiás também sofrem com a força desvastadora das águas. Nada e em lugar nenhum, porém, se compara ao desastre no Estado do Rio. A diferença é que, desta vez, a catástrofe atinge pobres e ricos, indistintamente.

Ano após ano, verão após verão, a tragédia se repete neste pedaço do Brasil – em menor ou maior grau. Há dois anos, Santa Catarina, no Sul, sofreu devastação semelhante. O próprio estado fluminense é pródigo em exemplos: no reveillon do ano passado, Angra dos Reiscontabilizou 53 mortos nos deslizamentos de terra no Morro da Carioca e na Ilha do Bananal. As chuvas que fecham o verão levaram quase duas centenas de vidas nos deslizamentos no Morrodo Bumba, em Niterói, no início de abril de 2010; um lixão desativado há 50 anos torna-se abrigo de 200 famílias. O mesmo acontece com o Nordeste, no período de inverno.

Em junho do ano passado, as enchentes devastaram a Zona da Mata de Pernambuco e Alagoas, sobretudo. Os rastros da destruição permanecem ainda hoje. Cidades inteiras transformadas em lama e lixo. Dezenas de mortos, milhares de desabrigados. Prejuízos incalculáveis não se recuperam, assim, da noite para o dia. Para a morte, não tem retorno.

É fácil culpar as chuvas. Mas fato é que nenhuma cidade está preparada para a fúria da natureza, quando ela resolve cobrar a degradação cotidiana a que é submetida. E o agente de seu próprio infortúnio é o homem.
Tenha ele o nome que se lhe atribuir: especulação imobiliária; excesso de detritos gerado pelo consumo exarcerbado, irresponsabilidade ambiental; falta de habitação e de saneamento adequados, ausência de política urbana, leniência e descaso do poder público – tudo isso junto. Anos e anos, séculos a fio…

Choremos os nossos mortos. Lamentemos nossos prejuízos. Apontemos o dedo, também, para nós mesmos. Mas é leite derramado.

Catástrofe se previne. Por mais que existam problemas estruturais crônicos, e os há de grande monta. Por mais que as manifestações naturais possam vir a ser imponderáveis.

É inadiável a definição e a implementação de políticas públicas que garantam o ordenamento urbano, com respeito às pessoas, ao meio ambiente, à coletividade, à vida. Claro que é trabalho para resultados a longo prazo. Mas é questão de sobrevivência humana. Sim, porque o Planeta se fez, e se refez, em milhões e milhões de anos. Está em mutação permanente, e sobreviverá – com ou sem os humanos.

(*) A propósito, leia entrevista da arquiteta Ermínia Maricato à Caros Amigos a propósito do futuro das nossas cidades.

* Sulamita Esteliam é jornalista e escritoraa. Autora dos livros Estação Ferrugem, romance-reportagem que resgata a história da região operária de Belo Horizonte-Contagem, Vozes, 1998; Em Nome da Filha – A História de Mônica e Gercina, sobre violência contra mulher em Pernambuco; e o infantil Para que Serve Um Irmão, os dois últimos ainda inéditos. 
 
http://www.atalmineira.wordpress.com //sulamitaesteliam@hotmail.com
 
Por Sulamita - Carta Maior - 15.01.2011 

O PODER DO WORDPRESS

The Power of WordPress, por Tech King

Por @Heliopaz  - 06.12.2010

É importante salientar que o WordPress é o sistema de gerenciamento de conteúdo mais robusto e utilizado no planeta. Sua base de usuários é composta por muitos desenvolvedores que vivem a filosofia e a política do Software Livre. Isso gera um círculo virtuoso, que oferece a uma base de usuários global uma infinidade de recursos, de inovações e de correções de bugs em uma escala outrora inimaginável.
Apesar de ser uma plataforma bem mais complexa do que o Blogger, o WordPress une amadores a profissionais, voluntários a profissionais de gabarito, cultura de nicho e cultura de massa.
Os impressionantes números acima representam uma adoção bastante ampla não de um mero aplicativo eficiente e bem divulgado a partir de um buzz geral: diferentemente do modismo ou da publicidade voltada ao consumismo, o WordPress significa uma necessidade constante de aprender e de colaborar em rede.

Modding: a arte de modificar computadores invade a Campus Party 2011

Por Leonardo Carvalho, Atualizado: 17/1/2011 15:36

Na Campus Party é possível conhecer vários exemplos de modificação estética e funcional
Acredite: isso é um computador!
Acredite: isso é um computador!
Lembra-se de quando os os gabinetes de PCs se resumiam a caixas de metal cinza e sem-graça e como, de repente, começaram a surgir no mercado opções com outras cores, formatos e tamanhos? Pois sem saber você foi afetado pelo trabalho dos modders: pessoas que dedicam boa parte do seu tempo a modificar computadores (daí o termo modding), seja esteticamente, seja funcionalmente. A Campus Party 2011, claro, reserva um lugar especial para esses artistas.
No Brasil, essa história começa há cerca de 15 anos e tem entre seus primeiros adeptos o Daniel Augusto, consultor de informática e especialista em manutenção aeronáutica de Araraquara. Daniel se tornou um modder quase sem querer: “Comecei pintando o gabinete do meu computador. Depois coloquei uns pés mais altos para que ele ficasse mais longe do chão e instalei dois fans (ventiladores) por baixo do computador para criar um fluxo de ar mais eficiente”, conta.
Daniel passou a consultar fóruns de modificação e acabou se tornando administrador do fórum Case Mod Br, onde modders de todo o país trocam suas experiências na modificação das máquinas.
modPc
“Existem dois tipos fundamentais de modificação”, segundo Daniel, “as estéticas e as funcionais. A primeira é basicamente para deixar a máquina com a ‘sua cara’. Já a modificação funcional lida com o próprio funcionamento da máquina. Serve para deixá-la mais rápida, mudar seu desempenho”.
modPC2
No fórum, Daniel começou a organizar encontros anuais para que os modders tivessem a oportunidade de apresentar seu trabalho e trocar experiências. Quando surgiu a Campus Party, porém, os membros do fórum entenderam que era mais interessante participar da Feira e passaram a fazer seus encontros anuais na CP.
Entre as máquinas que a equipe trouxe este ano está a de Omar Youssef, comerciante de 22 anos, modder desde 2008. O computador já era uma máquina de respeito (com processador Core i7 da Intel, um dos mais rápidos do mercado), mas ficou ainda mais rápido depois do trabalho de Omar que, aliás, não foi pouco: foram seis meses de trabalho e cerca de R$ 2 mil de investimento para chegar no resultado.
modPc3
Outro trabalho interessante é o do estudante de direito de Campo Grande, Miguel Povh, 19. Miguel chegou a perder noites de sono por causa do equipamento deste ano. Miguel chegou ao segundo lugar em um campeonato mundial de modding patrocinado pela Cooler Master, fabricante de peças de PC.
Mas o modding hoje não está restrito aos computadores. Com a invasão de outros equipamentos como telefones celulares, notebooks e tablets a turma modder encontrou uma infinidade de possibilidades para exercer sua arte.
Saiba mais sobre o modding no fórum Casemodbr clicando no link. 

A dor carioca encobre os crimes paulistas


Atenção, esta matéria do Blog O que será que me dá foi postada aqui com a intenção de criticar paulistas e cariocas  que votam sempre nos mesmos  (des)governos das cidades e estados.

Do Blog O que será que me dá - 16.01.2011

As tragédias das enchentes que assistimos todos os anos e que se tornam cada vez mais dramáticas, são, antes de mais nada, as respostas que a natureza nos dá pela devastação que praticamos há mais de um século. Estamos cansados de saber disso. Mas São Paulo e Rio são afetados pela fúria das chuvas de formas bem diferentes.

O que acontece no Rio são deslisamentos de terra – fenômenos naturais causados pela chuva e pela erosão do solo em áreas de topografia irregular. A moradia imprópria no pé destes morros é a tragédia desse povo. O maior problema do Rio de Janeiro é habitacional. E este déficit, que só começou a ser enfrentado de verdade no fim do governo Lula com o “Minha Casa, Minha Vida” (e continuará com Dilma), só vai amenizar a situação a médio e longo prazos.

Já em São Paulo, são os alagamentos – causados pela mão e omissão de seus governos. O orçamento anual do estado é de R$ 140 bilhões, mas as dezenas de piscinões prometidos há 4 campanhas eleitorais jamais foram construídos (e nem serão pelo banana atual). A Sabesp é uma Torre de Babel boiando sobre o esgoto paulista. As calhas dos rios Tietê e Pinheiros não são limpas há décadas e qualquer chuvinha faz com que transbordem, lançando esgoto e resíduos tóxicos para todo lado. Principalmente para a Zona Leste. O prefeito (reeleito!) diminui as verbas do recolhimento do lixo e varreção das ruas todo ano. As empresas contratadas, por sua vez, diminuem os serviços proporcionalmente. E tudo isso resulta na porcaria de uma cidade imunda. Repare: faça um passeio a pé. Em qualquer bairro, Sampa é uma cidade coberta de lixo. Os serviços de limpeza urbana já funcionam a meio vapor há dois mandatos de prefeito. A maior cidade da América Latina e a sexta maior do mundo, que tem um orçamento anual de R$ 34,6 bilhões – não tem dinheiro para sua própria limpeza! Somando-se a tudo isso, ainda tem o fato de amanhecer cada vez mais impermeabilizada pelo cimento e asfalto – que prevalecem sobre soluções de transporte coletivo. Ano após ano, as inundações, que antes atingiam somente os bairros mais pobres e abandonados, começam a alcançar “outras alturas”. Físicas e sociais.

E o paulista sonha que é europeu, enquanto respira o perfume das marginais!

Segundo o PiG e os governantes de SP, a culpa dos alagamentos paulistas é de Deus, de São Pedro etc. Kassab reprisa o mesmo discurso – “podia ser bem pior, blá blá blá…” -, Alckmin promete verbas que serão engolidas por um esquema viciado em superfaturamento de obras licitadas na base da fraude de carta marcada. Esquema ao qual o PiG fecha os olhos, e pelo qual os sucessivos governos do PSDB entopem gavetas de CPIs. E o paulista queimador de gasolina em recordes de congestionamentos e que perde em média 3 horas diárias ao volante, não tem tempo para refletir sobre as administrações que elege e reelege. Engole o blefe ano após ano do mesmo modo em que engole os postos de assalto fantasiados de pedágio. E nas enchentes, é sempre a mesma coisa: o PiG livrando a cara dos fracassados governos do PSDB e DEM que, a meu ver, são os criminosos que já faziam o serviço na periferia habitada por nordestinos, muito antes de Mayara Petruso convocá-los pelo Twitter.

E o paulista sonha que é esperto, ao marcar o xis da questão na cabine eleitoral de dois em dois anos!

O Jornal Nacional, abarrotado de imagens impactantes e com textos repletos de fatalismos novelescos, deita e rola no drama carioca. Mesmo não sendo o padrão idiotizante habitual de suas novelas “brancas”, catalisa a emoção do telespectador pela dor alheia e empurra-lhe a idéia de que por trás de todos os males está o Lula – ops, a Dilma.

O que o PiG mais AMA é transmitir as tragédias brasileiras. Porque filmar e editar o sofrimento das perdas de entes queridos, abre a defesa racional do cidadão que assiste. E é através dessa fresta que incute o ódio e o equívoco. Fizeram o mesmo em diversas oportunidades. Como no caso do acidente da TAM. Na época, tentaram construir argumentos culpando Lula pela morte dos passageiros daquele avião. Mas só conseguiram o ódio da classe média alta que, ao contrário de hoje, era dona exclusiva dos aeroportos e dos horários dos vôos.

Depois de uma edição inteira mostrando o drama destas famílias – intercalando com os insuportáveis comerciais das Casas Bahia – a próxima atração é a droga da novela. Aquela mesma novela que regravam há 40 anos. Mas relaxa, que agora é tudo de mentirinha, todos são bonitos e perfumados. Depois do Jornal Nacional sempre tem outro “faz de conta”…

3 de jan. de 2011

Valeu Lula; Dilma, estamos juntos.




Trecho da cerimônia de posse da presidente Dilma Rousseff em que ela recebe a faixa presidencial do agora ex-presidente Lula e, em seguida, faz discurso no Parlatório.


Transcrição do discurso da Presidenta Dilma.

Queridas brasileiras, queridos brasileiros,
Eu e o nosso vice-presidente, Michel Temer, e sua senhora, Marcela, estamos aqui assumindo a Presidência e a Vice-Presidência do Brasil.
Eu estou feliz, como raras vezes estive na minha vida, pela oportunidade que a história me deu de ser a primeira mulher a governar o Brasil. Mas eu estou muito emocionada pelo encerramento do mandato do maior líder popular que este país já teve. Ter a honra do seu apoio, ter o privilégio de sua convivência, ter aprendido com sua imensa sabedoria, são coisas que se guardam para a vida toda.
Conviver todos estes anos com o presidente Lula me deu a dimensão do governante justo e do líder apaixonado por seu país e por sua gente. A alegria que sinto pela minha posse como presidenta se mistura com a emoção da sua despedida. Mas Lula estará conosco. Sei que a distância de um cargo nada significa para um homem de tamanha grandeza e generosidade.
A tarefa de suceder o presidente Lula é desafiadora. Eu saberei honrar este legado e saberei consolidar e avançar nesta obra de transformação do Brasil. A vontade de mudança do nosso povo levou um operário à Presidência do Brasil. Seu esforço, sua dedicação e seu nome já estão gravados no coração do povo, o lugar mais sagrado da nossa nação.
Hoje o presidente Lula deixa o governo depois de oito anos, período em que liderou as mais importantes transformações na vida do país. A força dessas transformações permitiu que vocês, o povo brasileiro, tivessem uma nova ousadia: colocar, pela primeira vez, uma mulher na Presidência do Brasil.
Para além da minha pessoa, a valorização da mulher melhora nossa sociedade e valoriza a nossa democracia.
Quero, neste momento, prestar minha homenagem a outro grande brasileiro, incansável lutador, companheiro que esteve ao nosso lado, ao lado do presidente Lula nesses oito anos. Eu me refiro ao nosso querido vice-presidente José Alencar. Que exemplo de coragem e de amor à vida nos dá este grande homem! E que parceria Zé Alencar e Lula, Lula e Zé Alencar fizeram, pelo Brasil e pelo nosso povo!
Eu e Michel Temer nos sentimos responsáveis por seguir no caminho iniciado por eles. Aprendemos com eles que quando se governa pensando no interesse público e nos mais necessitados, uma imensa força brota do nosso país. Aprendemos que quando se governa amando o Brasil, preservando a sua soberania e desenvolvendo o nosso país para torná-lo do tamanho do sonho de cada brasileira e cada brasileiro, uma força imensa é mobilizada e todos nós avançamos juntos.
Reafirmo aqui outro compromisso: cuidarei com muito carinho dos mais frágeis e mais necessitados. Governarei para todos e todas as brasileiras.
Uma mulher, uma importante líder indiana disse um dia que não se pode trocar um aperto de mão com os punhos fechados. Pois eu digo: minhas mãos vão estar abertas e estendidas para todos, desde os nossos aliados de primeira hora até aqueles que não nos acompanharam neste processo eleitoral.
É com este espírito de união que eu assumo hoje o governo do meu país. Acredito e trabalharei para que estejamos todos unidos pelas mudanças necessárias na educação, na saúde, na segurança e, sobretudo, na luta para acabar com a pobreza, com a miséria.
Não peço a ninguém que abdique de suas convicções. Buscarei o apoio, respeitarei a crítica. É o embate civilizado entre as ideias que move as grandes democracias como a nossa
Não carrego, hoje, nenhum ressentimento nem nenhuma espécie de rancor. A minha geração veio para a política em busca da liberdade, num tempo de escuridão e medo. Pagamos o preço da nossa ousadia ajudando, entre outros, o país a chegar até aqui. Aos companheiros meus que tombaram nessa caminhada, minha comovida homenagem e minha eterna lembrança.
Queridas brasileiras e queridos brasileiros,
Já fizemos muito nos últimos oito anos, mas ainda há muito por fazer. E foi por acreditar que nós podemos fazer mais e melhor que o povo brasileiro nos trouxe até este momento.
Agora é hora de trabalho. Agora é hora de união. União de todos nós pela educação das crianças e dos jovens. União pela saúde de qualidade para todos. União pela segurança de nossas comunidades. União para o Brasil continuar crescendo, gerando empregos. União para o Brasil continuar crescendo, gerando empregos para as atuais e para as futuras gerações. União, enfim, para criar mais e melhores oportunidades para todos nós.
O meu sonho é o mesmo sonho de qualquer cidadão ou cidadã: o sonho de que uma mãe e um pai possam oferecer aos seus filhos oportunidades melhores do que a que eles tiveram em suas vidas.
Esse é o sonho que constrói um país, uma família, uma nação. Esse é o desafio que ergue um país.
Apresentei há pouco uma mensagem, com meus princípios e compromissos, no Congresso. Ali existem metas e objetivos, mas também existem sonhos.
Acho bom que seja assim. Para governar um país, um país continental do tamanho do Brasil, é também preciso ter sonhos. É preciso ter grandes sonhos e persegui-los.
Foi por não acreditar que havia o impossível que o presidente Lula fez tanto pelo país nesses últimos anos. Sonhar e perseguir os sonhos é exatamente romper o limite do possível.
Para consolidar e avançar as grandes conquistas recentes precisarei muito do apoio de todos vocês.
Quero pedir o apoio de todos, de Leste a Oeste, do Norte ao Sul do nosso país.
Vou estar ao lado dos que trabalham pelo bem do Brasil na solidão do Amazonas, nos rincões do Nordeste, na imensidão do cerrado, na vastidão dos pampas.
Se todos trabalharmos pelo Brasil, o Brasil nos devolverá em dobro o nosso esforço. O Brasil é uma terra generosa. Tudo que for plantado com mãos carinhosas e olhar para o futuro será colhido com abundância e alegria.
Que Deus abençoe o Brasil e o povo brasileiro.
Que todos nós juntos possamos construir um mundo de paz.
Eu quero, neste momento, dizer a vocês que eu darei todo o meu empenho, toda a minha dedicação para fazer com que as transformações que nós começamos nesses últimos oito anos continuem, prossigam e se expandam porque o povo brasileiro e o nosso país têm condições, hoje, de se transformar no maior e no melhor país para se viver.
Um abraço a todos, homens e mulheres do meu Brasil.

Fonte: Blog do Planalto - 01.01.2011